Cinquenta anos atrás João XXIII assinava a Humanae salutis, com a qual convocava
o Concílio Vaticano II
Cidade do Vaticano (RV) - No dia 25 de dezembro de 50 anos atrás, João XXIII
assinava a Constituição apostólica Humanae salutis, com a qual oficialmente
convocava o Concílio Vaticano II. No próximo ano, em outubro, a Igreja celebrará os
50 anos da abertura dos trabalhos, mas este primeiro aniversário já acende uma nova
luz sobre a importância do encontro que meio século atrás mudou para sempre o rosto
da Igreja presente no mundo inteiro. A esse propósito, a Rádio Vaticano ouviu o especialista
em Vaticano II, o teólogo Marco Vergottini. Eis o que disse:
Marco Vergottini:-
"Relendo a Humamae salutis nos deparamos num texto que não pode ser esquecido:
nela se lê que o Concílio buscaria contribuir para a solução dos problemas da idade
moderna, da fé, portanto, em relação à história de hoje, enfrentando também as crises
que a cultura, a modernidade vivia e vive. Todavia, é um texto sereno, é um texto
permeado de otimismo. Certamente, o Concílio mudou a linguagem e João XXIII contribuiu
para essa mudança. Primeiro, a Humanae salutis é o primeiro texto no qual é
retomada a categoria evangélica dos "sinais dos tempos", ou seja, aqueles sinais que
o Senhor coloca como estímulo para a Igreja a repensar a sua relação com a história.
Segundo, há uma referência aos homens de boa vontade, como a dizer que a mensagem
do Concílio é também dirigida àqueles irmãos e irmãs que ainda não partilham essa
pertença ao Senhor."
RV: O aniversário da abertura do Concílio, que celebraremos
em outubro de 2012, nos convida a refletir sobre a atualidade dos textos conciliares,
sobre a importância de não se transformar esse aniversário numa simples revisitação
histórica...
Marco Vergottini:- "João XXIII na Humamae salutis
fala da semente: "Esta é uma pequena semente". Creio que depois tenha crescido uma
árvore e se trata hoje de se fazer uma reflexão sobre os frutos que o Vaticano II
deixou. O Concílio foi uma grande ocasião para a Igreja renovar a si mesma e para
repensar o seu papel de anúncio da fé hoje. Creio que esse seja um convite a retomar
aquela nova evangelização que foi tão central na mensagem de João Paulo II e que é
fortemente relançada por Bento XVI." (RL)