2011-12-26 09:48:46

Terra Santa: "Derrubar muros dos corações e abater muros de concreto"


Jerusalém (RV) – Os católicos palestinos e dezenas de milhares de peregrinos de todo o mundo comemoraram o dia de Natal em Belém, Jerusalém e Nazaré debaixo de chuvas intensas, que não impediram a celebração dos atos religiosos mais importantes.

Orações, missas e peregrinações foram constantes durante toda a jornada, particularmente em Belém, onde se encontra a Basílica da Natividade, repleta de fiéis munidos de guarda-chuvas e capas.

Ao lado da Basílica, a Igreja de Santa Catarina recebeu centenas de fiéis para a Missa do Galo, presidida pelo Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Fuad Twal.

Na cerimônia no templo, completamente lotado por cristãos locais e peregrinos, e transmitida para todo o mundo pela TV palestina, Dom Twal convidou os líderes religiosos do Oriente Médio a envolver-se nas “mudanças radicais” que a região está sofrendo e a “proteger seu povo, ajudando suas aspirações”.

“Nossa região está atravessando um momento de transformações que têm um impacto em nosso presente e futuro. Não podemos ficar parados como meros espectadores” – disse a máxima autoridade católica na Terra Santa.

“Nós, líderes espirituais, e aqueles que têm em mãos o destino de seus povos, devemos fazer todo o possível para proteger nossos povos, trabalhar por sua sobrevivência e cumprir suas aspirações. Estamos com nosso povo com toda a nossa força porque seus sofrimentos e esperanças são os nossos” – acrescentou.

À frente dos fiéis que presenciaram o culto, como tradição, estavam o presidente palestino, Mahmud Abás; o ministro jordaniano do exterior, Naser Judeh, e os representantes dos países europeus custódios da Terra Santa: Espanha, Itália, Bélgica e França.

Do altar sobre a gruta em que, segundo a tradição, nasceu Jesus, Dom Twal, 71 anos, nascido na Jordânia, também abordou a questão palestina, elogiando o Presidente Mahmud Abas por seus “incansáveis esforços” em favor de uma paz justa no Oriente Médio e de um Estado palestino, cuja criação é uma das principais aspirações.

“Os palestinos recorrem à ONU com a esperança de uma solução justa para o conflito, com a intenção de viver em paz e em segurança com seus vizinhos, mas este processo lhes deixa um gosto amargo de promessas não cumpridas e um sentimento de desconfiança pelo fracasso das negociações com Israel” - destacou.

Em clara referência à barreira levantada por Israel na Cisjordânia, o Patriarca pediu aos fiéis que “derrubem os muros em seus corações para colocar abaixo os muros de concreto”. "Queremos que o caminho tomado por nossos antepassados - os Reis magos e os pastores - para ir a Belém fique aberto, sem barreiras, sem controles, aberto aos peregrinos do mundo inteiro, incluindo o mundo árabe”.

Em referência à onda de revoltas nos países árabes, pediu “paz, estabilidade e segurança para todo o Oriente Médio. Oremos pelo retorno da calma e da reconciliação na Síria, Egito, Iraque e norte da África”.

“Oh, menino de Belém, neste novo ano deixamos em tuas mãos nosso Oriente Médio convulso, especialmente seus jovens cheios de aspirações legítimas, estes jovens frustrados pela situação econômica e política e em busca de um futuro melhor...”.

“Devemos estar orgulhosos de que, entre todos os continentes e países do mundo, Deus elegeu a Palestina, nossa querida terra, como lugar de nascimento do Salvador, o aguardado Messias” – disse na homilia.

Ainda no dia de Natal, o Patriarca Fuad fez uma visita às enfermeiras franciscanas na Igreja de São Salvador, no bairro cristão da cidade velha de Jerusalém.

Este é o período auge das peregrinações à Terra Santa, principalmente à Belém, onde passaram por estes dias de 90 a 100 mil pessoas. (CM)









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