Santa Sé deplora graves atentados a cristãos na Nigéria, denunciando "ódio cego e
absurdo",
(26/12/2004) Natal de sangue na Nigéria: ataques a bomba contra igrejas durante as
celebrações natalícias mataram 40 pessoas neste domingo em vários pontos do país.
Padre Frederico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, deplorou este “ódio
cego e absurdo, que não respeita a vida humana” e só deseja semear o ódio e a confusão. A
seita islâmica Boko Haram assumiu a autoria do atentado contra a igreja católica de
Santa Teresa em Madalla, nos arredores da capital, Abuja, que matou 35 pessoas. Houve
mais três outras explosões, uma delas na igreja evangélica da cidade de Jos, no centro
da Nigéria, em que morreu um guarda que vigiava o templo, e em Damaturu, onde quatro
pessoas perderam a vida. “Somos responsáveis por todos os ataques dos últimos dias,
inclusive a bomba na igreja de Madalla” – foi a reivindicação feita por telefone à
agência France Press por um porta-voz da Boko Haram. “Continuaremos lançando ataques
como estes no norte do país nos próximos dias” - advertiu este movimento que revindica
a criação de um Estado islâmico na Nigéria. O presidente nigeriano, Goodluck
Jonathan, condenou os atos de violência contra cidadãos inocentes como uma injustificada
afronta (disse) à nossa segurança e à nossa liberdade. E prometeu que “o governo não
vacilará na sua determinação em processar todos os que perpetraram estes atos de violência”.
“O atentado contra a igreja na Nigéria, precisamente no dia de Natal, manifesta
infelizmente mais uma vez um ódio cego e absurdo que não tem nenhum respeito pela
vida humana" – declarou o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico
Lombardi, considerando que o atentado contra a igreja católica em Madalla “busca suscitar
e alimentar ainda mais o ódio e a confusão”. O aumento das tensões inter-religiosas
na Nigéria, sexto país do mundo em número de cristãos, preocupa o Vaticano. Em novembro
passado, durante sua visita a Benin, o Papa Bento XVI insistiu na tradição tolerante
do Islamismo na África e na coexistência pacífica entre muçulmanos e cristãos. “Estamos
próximos do sofrimento da Igreja nigeriana e de todo o povo tão afetado pela violência
terrorista, nestes dias que deveriam ser de alegria e de paz” - concluiu Padre Lombardi,
na sua declaração.
Também o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon,
condenou com veemência os ataques deste domingo a igrejas na Nigéria, que deixaram
pelo menos 40 mortos e numerosas vítimas, entre os quais civis que prestavam serviços
no dia de Natal. Através do seu porta-voz, Ki-moon expressou os “seus sentimentos
e condolências ao povo da Nigéria e às famílias das vítimas”. No mês passado, ao menos
65 pessoas morreram no nordeste da Nigéria depois que insurgentes islâmicos bombardearam
igrejas, mesquitas e estações policiais. O Secretário-Geral da ONU pediu ainda
o fim dos atos de violência sectária no país e reiterou que nada justifica tal tipo
de violência. A Nigéria, palco de conflitos étnicos e inter-religiosos, divide-se
entre o norte de maioria muçulmana e o sul de maioria cristã.