Cidade do Vaticano (RV) - Certamente
este ano será para muitos de nossos brasileiros um Natal com a mesa farta, ao redor
dos familiares e amigos; um momento para ser vivido na alegria e na expectativa da
vinda do Menino Jesus. Será também para muitos brasileiros um Natal diferente, pois
se comemora também um ano que talvez pela primeira vez poderá ver nos lábios dos filhos
um sorriso de alegria pelo presente que recebeu, de poder reunir parentes e amigos
dizer, este ano o Natal é na minha casa, pois consegui trabalho e posso festejar a
vinda do Menino Deus com quem sempre nos ajudou.
Mas ao mesmo tempo a Celebração
do Natal deste ano será marcada em muitos lugares do nosso planeta pela ausência de
liberdade. Liberdade tolhida de vários modos: por razões de ordem política, econômica
e por conseqüência de desastres naturais.
Enquanto na maioria dos países cristãos
Jesus Cristo fica em segundo plano – fora da festa - e o destaque é dado aos produtos
sempre perecíveis da sociedade consumista, em outros, como por exemplo em Jacarta,
na Indonésia, onde será proibida a celebração da Eucaristia, mesmo que seja dentro
de um templo, um grupo de extremistas islâmicos já está acampado nos arredores de
uma igreja para impedir qualquer ato religioso.
Outros não poderão celebrar
a festa porque um tufão arrasou Mindanao, nas Filipinas, e muitos cristãos passarão
a noite e os dias de Natal em centros montados para os refugiados e sem seus entes
queridos que morreram nessa catástrofe. Por outro lado isso foi ocasião para a solidariedade
de outros cristãos que adotarão uma das 7000 famílias desabrigadas. Felizmente essa
idéia da adoção de uma família desabrigada teve grande êxito, tornando-se um exemplo
para aqueles que hoje – como dois mil anos atrás – dizem não a quem bate à porta.
Simultaneamente,
a profunda crise econômica que se abateu sobre Portugal, fez com que o Arcebispo de
Évora, Dom José Alves, convidasse os fiéis a procurarem novas expressões de pobreza
para viver o Natal anunciando Jesus a quem mais precisa. Dom José disse o seguinte:
“Só quem escutou a palavra do anúncio, acreditou nela, se pôs a caminho e encontrou
o que lhe fora anunciado poderia reconhecer naquela criança o Salvador, adorá-lo e
oferecer-lhe presentes como prova inequívoca de gratidão e amor sincero.”
Tenhamos
todos, que moramos em países onde gozamos de liberdade, o bom senso de viver o Natal
como ele deve ser vivido, dando espaço ao dono da festa e aos seus convidados mais
íntimos.
A festa é para comemorar o nascimento do Menino Deus que abre seu
coração aos humildes, aos pobres, aos sofredores, aos marginalizados.
Certamente,
os cristãos de Mindanao que receberão as famílias desabrigadas terão o Natal mais
feliz da terra, porque receberão em sua casa Jesus Cristo sem teto, na pessoa daqueles
que perderam tudo.
Não deixemos de pensar naqueles que são impedidos de celebrar
a Eucaristia, enquanto em nossa cidade as celebrações eucarísticas são tantas. Muitos
correm risco de vida e morrem porque quiseram receber a comunhão e enquanto isso tantos
outros a deixam de lado por inúmeras razões.
Peçamos ao Senhor que nos dê juízo,
lucidez, bom senso e coerência. Feliz Natal a todos!