Cidade do Vaticano (RV) - Bento XVI visitou domingo passado a prisão romana
de Rebibbia, na periferia norte da cidade.
Tratou-se de um encontro sem precedentes,
porque o Papa conversou direta e publicamente com os detentos, demonstrando sua solidariedade
e o seu afeto.
Um dos presos, Stefano, leu ao Papa a oração intitulada "Por
trás das grades":
"Ó Deus, me dê a coragem de chamá-Lo Pai. Sabe que nem sempre
consigo pensar em você com a atenção que merece. Você, que não se esqueceu de mim,
mesmo que eu viva muitas vezes longe da luz do seu rosto. Dê-me a paz interior, que
somente você sabe dar. Dê-me a força de ser verdadeiro, sincero; tire do meu rosto
as máscaras que ofuscam o fato de eu ter valor simplesmente porque sou seu filho.
Perdoe as minhas culpas e dê-me a possibilidade de fazer o bem. Diminua minhas noites
insones e dê-me a graça da conversão do coração. Lembre-se de mim, ó Deus, Amém:
O
tempo do Advento permeou a visita de Bento XVI – tempo que para os presos adquire
um significado ainda mais especial, como afirma Heidi Ann Cerneka, da Pastoral Carcerária
Brasileira:
"Nesta última semana, nós estávamos conversando sobre Advento,
a questão de esperar a luz, a vida nova, esperar a vinda de Deus, esse simbolismo
que nós temos. Creio que para o preso e a presa seja diferente, porque esperar quando
eu não tenho opção, quando o poder não está em minhas mãos é mais angustiante. Ao
mesmo tempo, fiquei pensando que é nossa função como Igreja, como agente de pastoral,
principalmente como Pastoral Carcerária, ser um pouco esse João Batista. Nós que precisamos
levar essa mensagem, que Deus faz uma promessa conosco todo dia, mas que essa promessa
neste tempo de Advento é a promessa da Sua vinda, de vida nova, de que Deus não nos
deixa sozinhos. Nós como Pastoral Carcerária temos que provocar essa reflexão, ajudar
o preso a chegar a isso, porque eles estão num momento de escuridão, de espera. Às
vezes nem mesmo de espera, de acreditar que tenha algo de diferente para eles dentro
ou fora da prisão. Eu acho que a função da Igreja, da Pastoral, de qualquer cristão
é ser essa voz de esperança, levar essa possibilidade que existe uma vida nova e que
se você abre espaço para Deus, para essa luz, para Jesus que nasceu de novo, é possível
um mundo diferente.
Clique aqui para ouvir a entrevista completa, em que Heidi
fala como é o Natal num presídio brasileiro: (BF)