Mensagem para o Dia Mundial da Paz 2012 destaca manifestações promovidas pelas novas
gerações, exigindo mudanças no mundo da política, da cultura e da economia.
(16/12/2011) Apresentada nesta sexta feira em conferência de imprensa, a mensagem
de Bento XVI para o 45.º Dia Mundial da Paz, dedicada em 2012 ao tema ‘Educar os jovens
para a justiça e para a paz’. Bento XVI destaca o papel das novas gerações na
tentativa de superar o “sentido de frustração” que se gerou por causa da “crise que
aflige a sociedade, o mundo do trabalho e a economia”. “As preocupações manifestadas
por muitos jovens nestes últimos tempos, em várias regiões do mundo, exprimem o desejo
de poder olhar para o futuro com fundada esperança”, assinala o Papa na sua mensagem
para o Dia Mundial da Paz 2012, Falando numa crise “cujas raízes são primariamente
culturais e antropológicas”, o documento admite que “quase parece que um manto de
escuridão teria descido” sobre os dias de hoje, “impedindo de ver com clareza a luz
do dia”. Após um ano caraterizado por manifestações de rua um pouco por todo o
mundo, mas em particular no Médio Oriente e norte de África – que levou a revista
norte-americana ‘Time’ a eleger o ‘manifestante’ como personalidade de 2011 – a mensagem
papal destaca o esforço de quem procura ter uma “capacidade efetiva de intervir no
mundo da política, da cultura e da economia”. Bento XVI pede jovens “solícitos
em despertar as consciências para as questões nacionais e internacionais e para a
importância de procurar adequadas modalidades de redistribuição da riqueza, de promoção
do crescimento, de cooperação para o desenvolvimento e de resolução dos conflitos”. O
Papa chama à construção de “uma sociedade de rosto mais humano e solidário”, sublinhando
que “não se pode sacrificar a pessoa para alcançar um bem particular, seja ele económico
ou social, individual ou coletivo”. Numa reflexão dividida em seis pontos, a mensagem
de Bento XVI destaca que “a liberdade é um valor precioso, mas delicado: pode ser
mal entendida e usada mal”. “Quando o homem se crê um ser absoluto, que não depende
de nada nem de ninguém e pode fazer tudo o que lhe apetece, acaba por contradizer
a verdade do seu ser e perder a sua liberdade”, alerta Bento XVI. Segundo o Papa,
“o homem, para exercer a sua liberdade, deve superar o horizonte relativista e conhecer
a verdade sobre si próprio e a verdade acerca do que é bem e do que é mal”. “No
nosso mundo, onde o valor da pessoa, da sua dignidade e dos seus direitos, não obstante
as proclamações de intenções, está seriamente ameaçado pela tendência generalizada
de recorrer exclusivamente aos critérios da utilidade, do lucro e do ter, é importante
não separar das suas raízes transcendentes o conceito de justiça”, prossegue, retomando
uma reflexão apresentada no Parlamento alemão. Bento XVI convida a preparar a celebração
anual pela paz prestando atenção “ao mundo juvenil”: “Escutá-lo e valorizá-lo para
a construção dum futuro de justiça e de paz não é só uma oportunidade, mas um dever
primário de toda a sociedade”.
O cardeal Peter Turkson, presidente do Conselho
Pontifício Justiça e Paz, falou aos jornalistas, acompanhado pelo secretário deste
organismo da Cúria Romana, D. Mario Toso. Desde a sua eleição, em abril de 2005,
Bento XVI escolheu como temas para esta celebração anual, a verdade, a dignidade da
pessoa, a unidade da família humana, o combate contra a pobreza, o meio ambiente e
a liberdade religiosa.