Conferência Episcopal pede aposta na criação de emprego. Nota pastoral fala em «grave
crise», criticando crescimento económico «socialmente desigual»
(14/12/2011) O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) pediu
em Fátima uma maior “garantia” de emprego, considerando que o país se deve “mobilizar
para responder prioritariamente àquilo que de modo algum pode esperar”. “É este
o caso fundamental do trabalho e do emprego, base indispensável de sobrevivência e
dignificação humana; a sua garantia é urgente, mesmo exigindo mais criatividade e
solidariedade prática para chegar a todos”, afirmam os bispos, numa nota pastoral
intitulada ‘Crise, discernimento e compromisso’. A taxa de desemprego estimada
pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) para Portugal
subiu para os 12,9 por cento em outubro, o que faz deste valor o quarto mais elevado
entre os 34 países da organização. O Conselho Permanente do episcopado católico
português deixa reparos a um "crescimento económico insuficiente, pouco sólido e socialmente
desigual”, apresentando quatro “princípios” da Doutrina Social da Igreja como referências
para a resposta à crise: dignidade de cada pessoa, bem comum, subsidiariedade e solidariedade. Para
a CEP, “na presente conjuntura nacional” é em torno do princípio da dignidade que
se devem “definir e avaliar as políticas concretas, por mais exigentes que sejam”. Os
bispos destacam ainda a “importância dos apoios familiares e das instituições particulares
de solidariedade social, tão esclarecedoras do que uma sociedade pode resolver dinamicamente
e tanto mais quanto for respeitado e reforçado o princípio da subsidiariedade”. A
CEP observa que “a sociedade portuguesa vive uma conjuntura difícil, que afeta a generalidade
dos seus membros e particularmente aqueles muitos que se viram privados de trabalho
e de condições económicas suficientes para o bem-estar próprio e dos seus”. Para
os membros do Conselho Permanente da CEP, a atual crise, “fruto de causas internas
e externas”, “pode e deve ser ocasião de discernimento crítico”. “Fomos atingidos
por uma grave crise que, sendo económica e social, não deixa de ser cultural e de
convicções”, pode ler-se no documento. A nota aproveita a proximidade da “celebração
do Natal de Jesus” para pedir que “o espírito de fraternidade”, a que esta quadra
convida, “tenha concretizações na ajuda a pessoas necessitadas ou a instituições que
as servem”. Os bispos deixam ainda votos de que, neste tempo, se “converta tudo
o que é idolatria do lucro, ostentação e despesismo, em estilos de vida sóbria, em
que a partilha seja regra de vida e não uma exceção reservada a generosos”. -
O corrispondente da Radio Vaticano Domingos Pinto