Comissão Diocesana Justiça e Paz de Coimbra apela à «cidadania plena»
(14/12/2011) Os “agentes privilegiados da vida coletiva” devem promover uma “luta
sem tréguas” pelo bem de todos, defendeu a Comissão Justiça e Paz da diocese de Coimbra,
numa mensagem intitulada ‘Natal: Estímulo para uma cidadania plena’. A nota deste
organismo chama à “utopia de um Natal vivido na verdade das relações, na sobriedade
que se abre à solidariedade, na gratuidade da presença amiga, junto de familiares,
de amigos e dos últimos da sociedade”. O documento sublinha também que existem
duas necessidades, “sem cuja satisfação”, não se pode viver: “De pão e de afeto”. A
nota da comissão realça que para responder “universalmente e reequilibrar entre si
as respostas” a estas carências “não chegam as boas vontades e gestos individuais,
nem sequer das várias iniciativas da chamada sociedade civil por mais meritórios que
sejam”. “É preciso que aqueles que gerem ‘o bem comum’, nos governos, na administração
pública e nas empresas, nas escolas e na comunicação social, nos tribunais ou nas
forças de segurança, trabalhem ativamente sobre as estruturas concretas que podem
facilitar este processo”, pedem os membros deste organismo. Neste tempo de Natal
vive-se uma “crise real”, que mergulha “na pobreza e no desespero” e “transporta consigo
uma profunda mudança de paradigma”. Esta circunstância obriga a deixar “um desafio
às comunidades cristãs”, visto que as pessoas sem se aperceberem “são levadas na grande
‘onda’ do modo comum de vida” que as rodeia, indica a mensagem. A própria fé cristã,
mesmo quando se “exprime no voluntarismo religioso, tantas vezes se deixa envolver
pelo individualismo, pelo hedonismo, pelo consumismo”, lamenta o documento, que alerta:
“A solidariedade, a caridade e a comunhão estão longe de ser práticas assimiladas
na Igreja”, mesmo quando se partilha alguns bens. Considerando o Natal como um
tempo “de forte dinâmica”, a Comissão Justiça e Paz da diocese de Coimbra diz que
os desafios lançados, “de modo especial aos crentes, não podem ficar-se pela sua dimensão
intelectual, nem por gestos pontuais, mas devem atingir as próprias bases” em que
assenta sociedade tão globalizada. Nesta época natalícia, a nota deste organismo
pede também para que desencadeiem “comportamentos individuais e comunitários de honestidade
pública e privada no desempenho das funções de cada um” e se rejeite “qualquer colaboração
nas várias formas de economia paralela e a combate-la por todos os meios legais e
morais”.