O Vaticano 'latino-americano': cores e músicas enfeitam a Basílica
Cidade
do Vaticano (RV) - A América Latina entrou nesta segunda-feira, com todas as suas
cores e músicas na Basílica de São Pedro em uma missa presidida pelo Papa Bento XVI
no dia de Nossa Senhora de Guadalupe e em comemoração do bicentenário de independência
de vários países latino-americanos. A Rádio Vaticano transmitiu ao vivo para o Brasil
e países de língua portuguesa a íntegra da cerimônia e todo o ritual que a precedeu.
Antes do início da celebração, um grupo de jovens desfilou na nave central
da Basílica com suas bandeiras. O Cardeal Jesus Lopez Rodriguez, arcebispo de Santo
Domingo, rezou uma oração especial a Nossa Senhora de Guadalupe, cujo culto, muito
popular, é ligado às aparições de Maria ocorridas entre 9 e 12 de dezembro de 1531
na colina de Tepeyac, no México, a Juan Diego, jovem índio asteca convertido e canonizado
por João Paulo II em 2002.
A imagem desta Virgem retrata uma mulher de feições
sul-americanas, pele e cabelos morenos. Boa parte da missa foi acompanhada por cantos
da ‘Missa Criolla' de autoria do compositor argentino Ariel Ramirez, falecido em 2010.
Participaram da celebração diversas personalidades políticas, diplomáticas
e acadêmicas, o que demonstra – destacou o Cardeal Marco Ouellet, Presidente da Comissão
Pontifícia para a América Latina e Prefeito da Congregação para os Bispos – “que a
cerimônia superou os confins eclesiásticos e se transformou em um evento para toda
a América Latina”.
Estavam na Basílica muitos latino-americanos que moram
em Roma por razões eclesiásticas, de trabalho ou de família. O Cardeal Raymundo Damasceno
Assis, arcebispo de Aparecida, concelebrou a missa com Bento XVI.
Quem foi
Nossa Senhora de Guadalupe? O que representa a sua aparição ao índio Juan Diego? Entrevistado
por Bianca Fraccalvieri, Padre José Carlos Aleixo, jesuíta, Presidente do Instituto
Brasileiro de Relações Internacionais, responde:
“Nossa Senhora apareceu
em 1531 a um índio neófito, Juan Diego, em Tepeyac, perto da Cidade do México. Houve
várias aparições e ele entrou em contato com o Bispo; houve sinais extraordinários
e a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe ficou gravada em um manto que levava flores
ao Bispo. Esta imagem é venerada na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, na Cidade
do México.
A devoção, que começou no México, pouco a pouco se espalhou
por toda a América. A festa foi introduzida pelo Papa Clemente IX em 1667. Pio XII
declarou Maria de Guadalupe a Evangelizadora, a Mãe de toda a América, e padroeira
da América Latina. João Paulo II, por sugestão do Sínodo da América dos Bispos, Norte,
Sul, Leste e Oeste do Novo Mundo, a declarou Mãe e Evangelizadora de toda a América.
É importante que tenha havido a aparição a uma pessoa tão simples, como Juan Diego.
Inocente, pobre, foi um grande evangelista. É um exemplo para nós para levar a Boa
Nova a todos os habitantes desta região”.
No continente em que a tradição
católica persiste há cinco séculos, vivem mais de 40% dos católicos de todo o mundo.