2011-12-07 12:07:08

“A Esperança não engana”:carta pastoral do Bispo de Bafatá


(7/12/2011) Introdução

Caros Irmãos e Irmãs,

No dia 13 de Março de 2001, o Beato João Paulo II criou a Diocese de Bafatá. Naquele mesmo dia, Sua Santidade nomeou-me para seu primeiro bispo. Este foi um momento de grande alegria para a Igreja da Guiné-Bissau, para os diocesanos de Bafatá, para o meu Instituto, o P.I.M.E, para toda a Igreja, para a minha família e, naturalmente, para mim mesmo. A Diocese de Bafatá nasceu logo a seguir às celebrações do grande Jubileu do ano 2000, no início do Novo Milénio. Na altura, João Paulo II animava os cristãos, dizendo que “o mandato missionário introduz-nos no terceiro milênio, convidando-nos a ter o mesmo entusiasmo dos cristãos da primeira hora; podemos contar com a força do Espírito que foi derramado no Pentecostes e que impele hoje a partir de novo sustentados pela esperança que ‘não nos deixa confundidos’ (Rom 5,5)”.
Asseguro-lhes, caros diocesanos, que foi com aquele “entusiasmo dos cristãos da primeira hora” que, consciente dos meus limites, procurei motivar o meu ministério episcopal na nova diocese de Bafatá.
Sinto-me feliz por publicar esta minha carta pastoral logo a seguir ao grande dom da Exortação Apostólica Africae Munus, onde o Papa Bento diz: “Convinha, no termo do primeiro decénio deste terceiro milénio, reavivar a nossa fé e a nossa esperança, contribuindo assim para a construção duma África reconciliada pelos caminhos da verdade e da justiça, do amor e da paz (cf. Sl 85/84, 11)”
1. “A Esperança não engana”

Citando a carta do Apóstolo São Paulo aos Romanos 5,5, o Beato João Paulo II diz que entramos no terceiro milénio “sustentados pela esperança que ‘não nos deixa confundidos’”. Usarei a expressão “a esperança não engana”, como proposto por algumas traduções bíblicas, entre elas, a TEB (Tradução Ecuménica da Bíblia). Será esta citação de Paulo a dar o título à minha Carta Pastoral. Ao escrever uma carta pastoral sobre a Esperança, é natural voltar a atenção à Carta Encíclica do Papa Bento XVI “Spe Salvi” de 30 de Novembro de 2007. Ele inicia a sua Encíclica desta maneira: “SPE SALVI facti sumus” – é na esperança que fomos salvos: diz São Paulo aos Romanos e a nós também (Rm.8,24)…O presente, ainda que custoso, pode ser vivido e aceite, se levar a uma meta e se podemos estar seguros desta meta, se esta meta, for tão grande que justifique a canseira do caminho”.
O caminho percorrido pela Diocese de Bafatá, nos seus primeiros dez anos de existência, constituiu-se num tempo “custoso”. Várias foram as fadigas por nós vividas: umas por contingências da história e outras pelas nossas próprias limitações, pouca comunhão com Cristo e falta de sentido de pertença à família eclesial. Entretanto, a virtude da Esperança sempre iluminou o nosso itinerário diocesano na sua comunhão com a Diocese de Bissau, com a Igreja na África e com a Igreja Universal.

2. Esperança na Bíblia

Caros diocesanos, a nossa fé leva-nos a continuar o nosso caminhar cristão como Igreja diocesana fundados na Esperança. Há momentos em que estamos mesmo cansados, vivendo uma espécie de “noite escura” na nossa vida de cristãos. A Palavra de Deus na Bíblia, entretanto, dá-nos a certeza de que não estamos sozinhos. Nos momentos mais difíceis, podemos escutar o Salmista que, com fé amadurecida, reza: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a Ele que é o meu socorro, e o meu Deus” Renovamos a nossa esperança quando nos recordamos de tudo o que Deus fez por nós. São Paulo, aos Romanos, assegura-nos: “Justificados, pois, pela fé, estamos em paz com Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo. Por Ele, tivemos acesso, na fé, a esta graça, na qual estamos firmes e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus”. A esperança motiva boas virtudes. São Paulo, ao escrever aos Colossenses, exprime sua acção de graças dizendo: “Damos graças a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, nas orações que continuamente fazemos por vós, desde que ouvimos falar da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que tendes para com todos os santos, por causa da esperança que vos está reservada nos Céus”. A esperança adquire ainda maior esplendor quando nos recordamos da promessa da ressurreição. A este respeito, na primeira carta aos Tessalonicenses, São Paulo escreve: “Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais como os outros que não têm esperança”.

Os Santos, sinais de esperança

Na História da Igreja, o Senhor sempre suscita pessoas que vivem de modo exemplar a espiritualidade evangélica: os Santos. Todos os cristãos são chamados à santidade. Com efeito, na Homilia de abertura da Segunda Assembléia Especial para a África, o Papa Bento XVI diz: “Os Pastores e todos os membros da comunidade eclesial são chamados a ser santos; os fiéis leigos são chamados a difundir o odor da santidade na família, nos lugares de trabalho, na escola e nos âmbitos social e político”
Permitam-me, Irmãos e Irmãs diocesanos, propor-vos alguns exemplos de pessoas santas do nosso tempo para dizer que a santidade não é algo de um passado remoto. São pessoas que viveram neste nosso tempo com grande alegria a virtude da esperança.
Uma destas pessoas é Santa Josefina Bakhita (1869-1947), escrava africana do Sudão, canonizada pelo Beato João Paulo II no dia 1°de Outubro de 2000. A ela, o Papa Bento XVI dedica o número 03 de sua Encíclica Spe Salvi. O Papa diz que “Bakhita acabou por conhecer um ‘patrão’ totalmente diferente…o Deus vivo, o Deus de Jesus Cristo. Até então só tinha conhecido patrões que a desprezavam e maltratavam ou, na melhor das hipóteses, a consideravam uma escrava útil…! Agora ela tinha ‘esperança’; já não aquela pequena esperança de achar patrões menos cruéis, mas a grande esperança: eu sou definitivamente amada e aconteça o que acontecer, eu sou esperada por este Amor”. A partir deste mistério do amor de Deus na sua vida, ela rezava: "Encontrei a quem busquei, quem faz feliz meu coração. Senhor, por mais duro que seja o caminho, fazei com que eu ande. Quero seguir-vos até à cruz. Vinde, tomai minha mão".
Caros irmãos e irmãs, um outro exemplo de santidade, encontramos em Santa Gianna Beretta Molla (1922-1962) que nasceu em Magenta (Itália). Gianna Beretta tinha já um filho e duas filhas quando, em 1961, ficou novamente grávida, aos 39 anos de idade. Entretanto descobriu que tinha um fibroma no útero. Foram-lhe apresentadas três opções naquele momento: retirar o útero doente, o que ocasionaria a morte da criança, abortar o feto, ou, a mais arriscada, submeter-se a uma cirurgia de risco e preservar a gravidez. Não hesitou! Disse: "Salvem a criança, pois ela tem o direito de viver e ser feliz!" Submeteu-se à cirurgia no dia 6 de Setembro de 1961. No dia seguinte, 21 de Abril de 1962, nasceu Gianna Emanuela, a quem teve por breves instantes em seus braços. Sempre afirmou a Bem Aventurada Gianna: "Entre a minha vida e a do meu filho salvem a criança!". Entrou para o Céu no dia 28 de Abril de 1962. No dia 24 de Abril de 1994, João Paulo II beatificou Gianna Beretta Molla e no dia 16 de Maio de 2004 canonizou-a. A sua canonização funda-se na sua coerência cristã que lhe pautou a vida inteira. Ainda em 1946, ao falar às jovens da Acção Católica disse:"Se na realização de nossa vocação devêssemos morrer, seria esse o dia mais bonito da nossa vida!".
Os santos são sinais de esperança para a Igreja e para o mundo. Com alegria recordamos o testemunho maravilhoso do Papa João Paulo II, beatificado no dia 1º de Maio deste ano 2011. Na Missa Solene de início de ministério papal, no dia 22 de Outubro de 1978, pronunciou palavras maravilhosas: «Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo!». Ele renovou no coração dos cristãos a alegria de seguirem Cristo. Infundiu em cada um de nós a esperança de uma vida mais digna, se deixarmos Cristo habitar nos nossos corações, nas nossas famílias, nas nossas sociedades, nas nossas culturas. Ele, pelas suas viagens apostólicas em todo o mundo, fez-nos compreender a necessidade do espírito missionário que deve alimentar o coração do cristão. O cristão, em força do seu baptismo, é um missionário.

Caminho de esperança vivido na Igreja da Guiné-Bissau

Grande tem sido o caminho de evangelização na Igreja da Guiné-Bissau. Um caminho que, visto com maior profundidade, leva-nos a superar os eventuais cansaços e renovar a nossa esperança que “não engana”. Muitos são os missionários empenhados em compreender e amar o povo guineense, que se dedicam ao anúncio do Evangelho, à Educação, Saúde e noutros âmbitos sociais. Eles não se cansam de lutar pelo bem deste povo.
A criação da Diocese de Bissau, com o seu primeiro bispo Dom Settimio Arturo Ferrazzetta, o incremento das vocações sacerdotais e religiosas, a ordenação do primeiro bispo guineense Dom José Câmnate Na Bissign, a criação da Diocese de Bafatá com a minha pessoa à sua frente, a ordenação do Dom José Lampra Cá para bispo auxiliar de Bissau, as Assembléias diocesanas realizadas, todo o empenho da Caritas Guiné-Bissau, da Fundação João Paulo II para o Sahel, as Comissões diocesanas e interdiocesanas, os Seminários, o envio de guineenses às Missões, a preocupação pela formação dos catequistas, das famílias, o acompanhamento dos jovens e adolescentes e tantas outras realidades, mostram o nascimento e o enraizamento de uma Igreja. Uma Igreja que, não obstante os muitos limites de seus membros, vai testemunhando Jesus, o Missionário do Pai. Uma Igreja que, à sua maneira procura imitar Jesus, inserindo-se na cultura do povo, sofrendo as suas dores, angústias e alegrias de modo a levar os homens e mulheres de todos os tempos à salvação, à vida nova da graça.
No nosso caminhar eclesial não nos esqueçamos das dioceses, paróquias, associações e amigos que nos acompanham com a sua generosidade. Lembremo-nos carinhosamente da “Rede Guiné-Bissau” e de sua solicitude para connosco.

Sinal de Esperança: o Caminho feito pela nossa Diocese nestes 10 anos.

Irmãos e irmãs, nos dez anos já decorridos da Diocese de Bafatá, não foram poucos os acontecimentos que marcaram positivamente o seu caminhar eclesial. É confortador ver que os sacerdotes, a vida consagrada, os leigos missionários estão a testemunhar seu amor à Igreja, dedicando suas vidas ao Senhor e ao povo da Guiné-Bissau. Estes missionários são perseverantes no anúncio do Evangelho para a construção do Reino de Deus, dando um significativo testemunho na acção social.
Penso, com alegria, nas Congregações que chegaram à Diocese após a sua criação, os Fidei Donum de Verona e de Ivrea; os Associados ao P.I.M.E; o ALP - Associação Leigos do P.I.M.E; os Leigos Missionários do Brasil, Itália e Portugal; a visita pastoral do Núncio Apostólico. Penso no aumento dos sacerdotes, religiosos e religiosas locais, na construção de estruturas tais como a cúria diocesana de Bafatá, a residência do Bispo, a criação de paróquias, a rádio “Sol Mansi”, o incremento das actividades em São Francisco e Santa Clara, o centro “Feira das Possibilidades” de Nhabijão, Escolas, Jardins Infantis, Casas das Mães, centros de recuperação nutricional, a Pastoral da Criança,...! Sublinho a importância da colaboração com o Estado da Guiné-Bissau, com as diversas Caritas, tais como a Alemã, o CRS (Catholic Relief Services), a Italiana, a Portuguesa e demais Caritas Lusófonas. Saliento igualmente a importancia da colaboração com a FEC - Fundação Fé e Cooperação - e outros organismos vocacionados para a parte social.
Alegro-me por ver que há cristãos que dão um bom testemunho da sua fé, trabalhando com generosidade em diferentes âmbitos pastorais e sociais. Há catequistas verdadeiramente cientes de sua vocação e da necessidade do seu empenho na formação de novos cristãos; cristãos que estão a compreender a beleza do matrimónio na Igreja e jovens que disponibilizam as suas vidas e suas energias para o bem da Igreja e da sociedade.

6. A Esperança nos desafios actuais do País
Na visita “Ad Limina Apostolorum” da nossa Conferencia Episcopal, a um certo ponto do seu discurso, o Papa Bento XVI disse que a “tarefa de favorecer o desenvolvimento harmonioso da sociedade reveste-se de particular urgência na Guiné-Bissau, cuja população, no meio de não pequenas tensões e dilacerações, aguarda ainda por um correcto encaminhamento das estruturas políticas e administrativas…”. Ancorados na certeza de que “a Esperança não engana”, continuamos confiantes na melhoria significativa da situação política, social e económica do nosso País. Nós, como cristãos, somos convocados na primeira pessoa a trabalhar para este “desenvolvimento harmonioso da sociedade”. Somos chamados a nos empenhar na ação política. Ainda há pouco falávamos dos santos como sinais de esperança. E uma pergunta vem imediatamente à nossa mente e ao nosso coração: “não è possível para um político ser santo?” Ora, sabemos que na história, houve pessoas que deram um maravilhoso testemunho de como fazer política pensando no bem de seus povos: Mahatma Gandhi, Nelson Mandela, John Fitzgerald Kennedy, o Servo de Deus Júlio Nyerere, antigo presidente da Tanzânia citado nos “Lineamenta” para a II Assembléia Especial para a África ao lado de uma série de santos africanos. Os cristãos devem assumir responsabilidades no âmbito político ancorados na Palavra de Deus e na Doutrina Social da Igreja, levando uma vida digna, uma vida de santidade.
7. Caminho a percorrer e alguns anseios

Fundamentados na certeza de que “a Esperança não engana”, somos chamados a continuar nossa peregrinação eclesial, descobrindo a vontade de Deus para a Igreja da Guiné-Bissau e de modo particular para a Diocese de Bafatá.
Nas reuniões e mesmo em encontros informais, várias vezes tem surgido a pergunta: “quais as prioridades para o próximo futuro da nossa Igreja Diocesana?” Quando se procura sublinhar algumas, surge logo uma objecção: “É verdade, mas não podemos esquecer aquilo ou aquilo outro”.
Daí que, mesmo consciente de que a pastoral de conjunto não privilegia um aspecto em detrimento de outros, com muita simplicidade, exprimo alguns dos meus anseios para os próximos anos da nossa diocese de Bafatá.

7.1. Primeiro Anúncio

Em algumas das nossas “missões”, depois de 50, 60 anos de presença dos missionários, muitas “tabancas” ainda não foram tocadas pelo Evangelho. Iniciou-se um trabalho de evangelização num bom número delas, mas que, infelizmente, em muitas não houve continuidade. Não nos esqueçamos que estamos num ambiente de primeiro anúncio e de formação das primeiras gerações de cristãos. Cristãos chamados a viver num profundo diálogo de vida com seus irmãos da religião tradicional africana e da muçulmana, mas que, para tanto, precisam estar sempre mais convictos de que “em Cristo são novas criaturas”.
Intensifiquemos a actividade de Primeiro Anúncio e de séria formação dos cristãos que necessitam de chegar a uma maior tradição cristã. Os cristãos devem saber que o Baptismo “comporta necessariamente algumas rupturas com os costumes da sua vida passada, porque o Evangelho constitui um dom que lhe é oferecido, que provém do alto”.

7.2. Inculturação

A Inculturação ocupe um grande espaço no nosso coração e nas nossas acções pastorais. Temos de continuar a reflectir acerca das questões relativas ao encontro entre o evangelho e as culturas tradicional e moderna. Acerca da inculturação, o Beato João Paulo II sublinha o seguinte: “Desenvolvendo a sua actividade missionária no meio dos povos, a Igreja encontra várias culturas, vendo-se envolvida no processo de inculturação. Esta constitui uma exigência que marcou todo o seu caminho histórico, mas hoje é particularmente aguda e urgente” .

7.3. Itinerário catecumenal

Agradeço ao Senhor por todas aquelas paróquias que estão a assumir cada vez mais o itinerário catecumenal, como ensina a Igreja na sua tradição muito bem expressa no “Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos” e no “Vademecum - para uma renovação da Catequese: da conversão inicial à maturidade na fé”, elaborado pela Comissão Episcopal de Catequese no espaço CERAO (Conferencia Episcopal da Região África Ocidental), em Fevereiro 2003. Contudo, devemos ajudar as pessoas que sentem-se chamadas à vida cristã a gostarem da catequese. Que esta não seja algo monótono, fruto de uma má preparação dos catequistas ou de um descuido geral. Que aqueles que se apresentam para a caminhada cristã percebam em nós uma felicidade que nasce da vida nova em Cristo.





7.4. Sacramento do Baptismo

Temos de reconhecer que há cristãos que simplesmente não valorizam os sacramentos que receberam. Reivindicam, sobretudo, o Baptismo e depois vivem como se não o tivessem recebido. São Leão Magno, Papa, nos seus Sermões de Natal, teria uma palavra a estes cristãos das nossas comunidades: “Reconhece, ó cristão, a tua dignidade! Uma vez constituído participante da natureza divina, não penses em voltar às antigas misérias com um comportamento indigno da tua geração...! Pelo sacramento do Baptismo, foste transformado em templo do Espírito Santo. Não queiras expulsar com as tuas más acções tão digno hóspede, nem voltar a submeter-te à escravidão do demónio. O preço do teu resgate é o Sangue de Cristo”

7.5. Catequistas

Os catequistas devem assumir com mais entusiasmo a própria vocação, descobrindo sempre melhor a sua missão na Igreja para serem fiéis servidores da Palavra de Deus. Recordemo-nos que na 3ª Assembléia Diocesana de Bafatá realizada em N’Dame, de 28 de Fevereiro a 03 de Março deste ano 2011, a catequese foi escolhida como “prioridade das prioridades”. Portanto, os catequistas devem alimentar a sua espiritualidade através dos encontros de estudos, da escuta da Palavra de Deus e da oração, para estarem firmes em Jesus Cristo no meio das diferentes tradições e culturas.
Os catequistas merecem toda a atenção e acompanhamento. De facto, na Exortação Apostólica Africae Munus, o Papa Bento XVI exorta “os bispos e os sacerdotes a cuidarem com desvelo da formação humana, intelectual, doutrinal, moral, espiritual e pastoral dos catequistas, prestando grande atenção às suas condições de vida para que a sua dignidade seja salvaguardada”


7.6. Família

Temos necessidade de famílias que assumam seriamente o sacramento do matrimónio, vivendo-o como um dom de Deus. Que vivam com alegria as exigências deste sacramento. As famílias devem ser evangelizadas, mas também evangelizadoras. Por isso, é necessário que haja um empenho renovado na pastoral familiar, para que as nossas famílias mantenham sua “fidelidade e firme perseverança na observância dos ideais da família cristã e na manutenção dos melhores valores da família africana” .

7.7. Juventude

Os nossos jovens, esperança e garantia de futuro, correspondem à maioria da população da Guiné-Bissau. Com a ajuda dos adultos, eles são chamados a se prepararem para um futuro melhor para si mesmos, suas famílias, para a Igreja e para a Nação. Que em todos os níveis de responsabilidade haja uma ativa preocupação no que respeita à formação humana, moral, profissional e espiritual destes mesmos jovens. Que os jovens sejam os primeiros interessados na procura do seu próprio bem, não se deixando desviar pelo caminho das drogas, do álcool e do sexo. Como Igreja, confiamos profundamente nos jovens como protagonistas do desenvolvimento da nossa Terra e da nossa Igreja.

7.8. Vocações

Alegro-me com o crescimento numérico das vocações ao sacerdócio e à vida consagrada. O Senhor continua a chamar jovens generosos para segui-lo numa vida de especial consagração. Entretanto, somos exortados a intensificar o acompanhamento e o discernimento vocacional, perguntando-nos, entre outras coisas, qual experiência de fé os nossos “vocacionados” ja fizeram de Jesus Cristo e qual o nível afectivo-espiritual de tais jovens. Que a família, a pastoral da juventude e a pastoral vocacional trabalhem muito unidas na animação vocacional.

7.9. Empenho social

A Igreja da Guiné-Bissau está muito empenhada a nivel social com centros de recuperação nutricional, escolas, centros de saúde, casas das mães, centros de formação, Pastoral da Criança, em diversas associações, etc. Tudo isto é fruto de um generoso empenho de numerosos consagrados/consagradas e membros das comunidades cristãs que, com o fundamental apoio de tantos amigos benfeitores, contribuem no desenvolvimento da sociedade guineense. Espero, no entanto, que haja um esforço acrescido no empenho social das nossas comunidades, onde os leigos sejam mais activos e que, em todas as comunidades, a caritas exista e seja algo vivo e criativo. Outro ponto essencial é que na Diocese vivamos os temas da reconciliação, da justiça e da paz, animados pela nova comissão diocesana Justiça e Paz.

7.10. Economia

Somos ainda carentes no empenhamento dos cristãos no que se refere à manutenção económica das estruturas internas da Igreja. Foi a pensar nisso que, juntamente com Dom José Câmnate, foi publicado o documento denominado “Caminhemos para uma autonomia económica no espírito da Igreja família de Deus”. Na introdução do referido documento dissemos: “Daí que queiramos reiterar a importância dada à sensibilização de todos para a participação e partilha de quanto ocorre para a vida e o desenvolvimento de cada comunidade cristã”. Todos temos de trabalhar para prover as necessidades materiais de nossa Igreja, incentivando os paroquianos a exercitarem a sua generosidade e criatividade na busca dos meios para a vida das nossas comunidades. Ao mesmo tempo, usemos da melhor maneira as ajudas provenientes dos nossos amigos benfeitores.

Conclusão
Caros Diocesanos, a nossa Diocese tem como Padroeira Nossa Senhora Assunta ao Céu. Cristo não permitiu que o seu corpo conhecesse a corrupção. Ele assumiu-a na Glória. Desse modo, ela se tornou sinal da vida que não terá fim. Maria nos recorda que somos chamados a viver com o coração cheio de esperança. Esperança de felicidade já neste mundo e, sobretudo, na vida eterna. Que Nossa Senhora Assunta ao Céu nos cubra a todos com seu manto sagrado, para que cresçamos cada vez mais na “comunhão na Igreja, família de Deus”. Que ela nos ampare nos momentos de maior tribulação e faça crescer em nós a certeza de que “a Esperança não engana”. Que “a bem-aventurada Virgem Maria, Mãe do Verbo de Deus e Nossa Senhora da África, continue a acompanhar toda a Igreja com a sua intercessão e os seus apelos a fazer tudo o que o seu Filho disser (cf. Jo 2, 5)”.



Bafatá, 03 de Dezembro de 2011
Memória de São Francisco Xavier e sexto aniversário da publicação do “Projeto Pastoral Diocesano e Estrutura Diocesana da Pastoral”


Dom Pedro Carlos Zilli








ANEXO: CÂNTICO PARA O LANÇAMENTO DA CARTA PASTORAL DA DIOCESE DE BAFATÁ

SPERANSA KA TA NGANA

Autor: Paulo de Pina

REF. Speransa ka ta ngana, speransa ka ta ngana;
Speransa ka ta ngana, speransa ka ta ngana.

1º M: Nô ermons nó pudi vivi, i seta es dia di aós
mesmu ki difisil, ku speransa nô na nganha.

H: Kansera sta nganhadu, si nô fia na forsa di Deus
si nô sta suguru, kuma nô fim i mas garandi

REF. Speransa ka ta ngana, speransa ka ta ngana;
Speransa ka ta ngana, speransa ka ta ngana.

2º M: Nô fé ta lebanu kontinua nô kaminhu Kriston
Suma Igreja ku nô sedu, finkadus na speransa.

H: I ten mumentus di kanseras ki ta parsi un noti sukuru
Ma palabra di Deus ta falanu nô ka sta só.

REF. Speransa ka ta ngana, speransa ka ta ngana;
Speransa ka ta ngana, speransa ka ta ngana.

3º M: Nô speransa ta brilha mas, si nô lembra di resureison,
Nô gardisi Deus Papé pa speransa ki guarda na seu

H: Nô djubi nô ermons, santus di Deus nô Papé
Elis ki seta vivi, na speransa e salba se bida.

REF. Speransa ka ta ngana, speransa ka ta ngana;
Speransa ka ta ngana, speransa ka ta ngana.








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