“A Esperança não engana”:carta pastoral do Bispo de Bafatá
(7/12/2011) Introdução
Caros Irmãos e Irmãs,
No dia 13 de Março de
2001, o Beato João Paulo II criou a Diocese de Bafatá. Naquele mesmo dia, Sua Santidade
nomeou-me para seu primeiro bispo. Este foi um momento de grande alegria para a Igreja
da Guiné-Bissau, para os diocesanos de Bafatá, para o meu Instituto, o P.I.M.E, para
toda a Igreja, para a minha família e, naturalmente, para mim mesmo. A Diocese de
Bafatá nasceu logo a seguir às celebrações do grande Jubileu do ano 2000, no início
do Novo Milénio. Na altura, João Paulo II animava os cristãos, dizendo que “o mandato
missionário introduz-nos no terceiro milênio, convidando-nos a ter o mesmo entusiasmo
dos cristãos da primeira hora; podemos contar com a força do Espírito que foi derramado
no Pentecostes e que impele hoje a partir de novo sustentados pela esperança que ‘não
nos deixa confundidos’ (Rom 5,5)”. Asseguro-lhes, caros diocesanos, que foi com
aquele “entusiasmo dos cristãos da primeira hora” que, consciente dos meus limites,
procurei motivar o meu ministério episcopal na nova diocese de Bafatá. Sinto-me
feliz por publicar esta minha carta pastoral logo a seguir ao grande dom da Exortação
Apostólica Africae Munus, onde o Papa Bento diz: “Convinha, no termo do primeiro decénio
deste terceiro milénio, reavivar a nossa fé e a nossa esperança, contribuindo assim
para a construção duma África reconciliada pelos caminhos da verdade e da justiça,
do amor e da paz (cf. Sl 85/84, 11)” 1. “A Esperança não engana”
Citando
a carta do Apóstolo São Paulo aos Romanos 5,5, o Beato João Paulo II diz que entramos
no terceiro milénio “sustentados pela esperança que ‘não nos deixa confundidos’”.
Usarei a expressão “a esperança não engana”, como proposto por algumas traduções bíblicas,
entre elas, a TEB (Tradução Ecuménica da Bíblia). Será esta citação de Paulo a dar
o título à minha Carta Pastoral. Ao escrever uma carta pastoral sobre a Esperança,
é natural voltar a atenção à Carta Encíclica do Papa Bento XVI “Spe Salvi” de 30 de
Novembro de 2007. Ele inicia a sua Encíclica desta maneira: “SPE SALVI facti sumus”
– é na esperança que fomos salvos: diz São Paulo aos Romanos e a nós também (Rm.8,24)…O
presente, ainda que custoso, pode ser vivido e aceite, se levar a uma meta e se podemos
estar seguros desta meta, se esta meta, for tão grande que justifique a canseira do
caminho”. O caminho percorrido pela Diocese de Bafatá, nos seus primeiros dez
anos de existência, constituiu-se num tempo “custoso”. Várias foram as fadigas por
nós vividas: umas por contingências da história e outras pelas nossas próprias limitações,
pouca comunhão com Cristo e falta de sentido de pertença à família eclesial. Entretanto,
a virtude da Esperança sempre iluminou o nosso itinerário diocesano na sua comunhão
com a Diocese de Bissau, com a Igreja na África e com a Igreja Universal.
2.
Esperança na Bíblia
Caros diocesanos, a nossa fé leva-nos a continuar o nosso
caminhar cristão como Igreja diocesana fundados na Esperança. Há momentos em que estamos
mesmo cansados, vivendo uma espécie de “noite escura” na nossa vida de cristãos. A
Palavra de Deus na Bíblia, entretanto, dá-nos a certeza de que não estamos sozinhos.
Nos momentos mais difíceis, podemos escutar o Salmista que, com fé amadurecida, reza:
“Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera
em Deus, pois ainda o louvarei, a Ele que é o meu socorro, e o meu Deus” Renovamos
a nossa esperança quando nos recordamos de tudo o que Deus fez por nós. São Paulo,
aos Romanos, assegura-nos: “Justificados, pois, pela fé, estamos em paz com Deus,
por Nosso Senhor Jesus Cristo. Por Ele, tivemos acesso, na fé, a esta graça, na qual
estamos firmes e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus”. A esperança motiva
boas virtudes. São Paulo, ao escrever aos Colossenses, exprime sua acção de graças
dizendo: “Damos graças a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, nas orações que continuamente
fazemos por vós, desde que ouvimos falar da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que
tendes para com todos os santos, por causa da esperança que vos está reservada nos
Céus”. A esperança adquire ainda maior esplendor quando nos recordamos da promessa
da ressurreição. A este respeito, na primeira carta aos Tessalonicenses, São Paulo
escreve: “Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem,
para que não vos entristeçais como os outros que não têm esperança”.
Os Santos,
sinais de esperança
Na História da Igreja, o Senhor sempre suscita pessoas
que vivem de modo exemplar a espiritualidade evangélica: os Santos. Todos os cristãos
são chamados à santidade. Com efeito, na Homilia de abertura da Segunda Assembléia
Especial para a África, o Papa Bento XVI diz: “Os Pastores e todos os membros da comunidade
eclesial são chamados a ser santos; os fiéis leigos são chamados a difundir o odor
da santidade na família, nos lugares de trabalho, na escola e nos âmbitos social e
político” Permitam-me, Irmãos e Irmãs diocesanos, propor-vos alguns exemplos de
pessoas santas do nosso tempo para dizer que a santidade não é algo de um passado
remoto. São pessoas que viveram neste nosso tempo com grande alegria a virtude da
esperança. Uma destas pessoas é Santa Josefina Bakhita (1869-1947), escrava africana
do Sudão, canonizada pelo Beato João Paulo II no dia 1°de Outubro de 2000. A ela,
o Papa Bento XVI dedica o número 03 de sua Encíclica Spe Salvi. O Papa diz que “Bakhita
acabou por conhecer um ‘patrão’ totalmente diferente…o Deus vivo, o Deus de Jesus
Cristo. Até então só tinha conhecido patrões que a desprezavam e maltratavam ou, na
melhor das hipóteses, a consideravam uma escrava útil…! Agora ela tinha ‘esperança’;
já não aquela pequena esperança de achar patrões menos cruéis, mas a grande esperança:
eu sou definitivamente amada e aconteça o que acontecer, eu sou esperada por este
Amor”. A partir deste mistério do amor de Deus na sua vida, ela rezava: "Encontrei
a quem busquei, quem faz feliz meu coração. Senhor, por mais duro que seja o caminho,
fazei com que eu ande. Quero seguir-vos até à cruz. Vinde, tomai minha mão". Caros
irmãos e irmãs, um outro exemplo de santidade, encontramos em Santa Gianna Beretta
Molla (1922-1962) que nasceu em Magenta (Itália). Gianna Beretta tinha já um filho
e duas filhas quando, em 1961, ficou novamente grávida, aos 39 anos de idade. Entretanto
descobriu que tinha um fibroma no útero. Foram-lhe apresentadas três opções naquele
momento: retirar o útero doente, o que ocasionaria a morte da criança, abortar o feto,
ou, a mais arriscada, submeter-se a uma cirurgia de risco e preservar a gravidez.
Não hesitou! Disse: "Salvem a criança, pois ela tem o direito de viver e ser feliz!"
Submeteu-se à cirurgia no dia 6 de Setembro de 1961. No dia seguinte, 21 de Abril
de 1962, nasceu Gianna Emanuela, a quem teve por breves instantes em seus braços.
Sempre afirmou a Bem Aventurada Gianna: "Entre a minha vida e a do meu filho salvem
a criança!". Entrou para o Céu no dia 28 de Abril de 1962. No dia 24 de Abril de 1994,
João Paulo II beatificou Gianna Beretta Molla e no dia 16 de Maio de 2004 canonizou-a.
A sua canonização funda-se na sua coerência cristã que lhe pautou a vida inteira.
Ainda em 1946, ao falar às jovens da Acção Católica disse:"Se na realização de nossa
vocação devêssemos morrer, seria esse o dia mais bonito da nossa vida!". Os santos
são sinais de esperança para a Igreja e para o mundo. Com alegria recordamos o testemunho
maravilhoso do Papa João Paulo II, beatificado no dia 1º de Maio deste ano 2011. Na
Missa Solene de início de ministério papal, no dia 22 de Outubro de 1978, pronunciou
palavras maravilhosas: «Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo!».
Ele renovou no coração dos cristãos a alegria de seguirem Cristo. Infundiu em cada
um de nós a esperança de uma vida mais digna, se deixarmos Cristo habitar nos nossos
corações, nas nossas famílias, nas nossas sociedades, nas nossas culturas. Ele, pelas
suas viagens apostólicas em todo o mundo, fez-nos compreender a necessidade do espírito
missionário que deve alimentar o coração do cristão. O cristão, em força do seu baptismo,
é um missionário.
Caminho de esperança vivido na Igreja da Guiné-Bissau
Grande
tem sido o caminho de evangelização na Igreja da Guiné-Bissau. Um caminho que, visto
com maior profundidade, leva-nos a superar os eventuais cansaços e renovar a nossa
esperança que “não engana”. Muitos são os missionários empenhados em compreender e
amar o povo guineense, que se dedicam ao anúncio do Evangelho, à Educação, Saúde e
noutros âmbitos sociais. Eles não se cansam de lutar pelo bem deste povo. A criação
da Diocese de Bissau, com o seu primeiro bispo Dom Settimio Arturo Ferrazzetta, o
incremento das vocações sacerdotais e religiosas, a ordenação do primeiro bispo guineense
Dom José Câmnate Na Bissign, a criação da Diocese de Bafatá com a minha pessoa à sua
frente, a ordenação do Dom José Lampra Cá para bispo auxiliar de Bissau, as Assembléias
diocesanas realizadas, todo o empenho da Caritas Guiné-Bissau, da Fundação João Paulo
II para o Sahel, as Comissões diocesanas e interdiocesanas, os Seminários, o envio
de guineenses às Missões, a preocupação pela formação dos catequistas, das famílias,
o acompanhamento dos jovens e adolescentes e tantas outras realidades, mostram o nascimento
e o enraizamento de uma Igreja. Uma Igreja que, não obstante os muitos limites de
seus membros, vai testemunhando Jesus, o Missionário do Pai. Uma Igreja que, à sua
maneira procura imitar Jesus, inserindo-se na cultura do povo, sofrendo as suas dores,
angústias e alegrias de modo a levar os homens e mulheres de todos os tempos à salvação,
à vida nova da graça. No nosso caminhar eclesial não nos esqueçamos das dioceses,
paróquias, associações e amigos que nos acompanham com a sua generosidade. Lembremo-nos
carinhosamente da “Rede Guiné-Bissau” e de sua solicitude para connosco.
Sinal
de Esperança: o Caminho feito pela nossa Diocese nestes 10 anos.
Irmãos e
irmãs, nos dez anos já decorridos da Diocese de Bafatá, não foram poucos os acontecimentos
que marcaram positivamente o seu caminhar eclesial. É confortador ver que os sacerdotes,
a vida consagrada, os leigos missionários estão a testemunhar seu amor à Igreja, dedicando
suas vidas ao Senhor e ao povo da Guiné-Bissau. Estes missionários são perseverantes
no anúncio do Evangelho para a construção do Reino de Deus, dando um significativo
testemunho na acção social. Penso, com alegria, nas Congregações que chegaram
à Diocese após a sua criação, os Fidei Donum de Verona e de Ivrea; os Associados ao
P.I.M.E; o ALP - Associação Leigos do P.I.M.E; os Leigos Missionários do Brasil, Itália
e Portugal; a visita pastoral do Núncio Apostólico. Penso no aumento dos sacerdotes,
religiosos e religiosas locais, na construção de estruturas tais como a cúria diocesana
de Bafatá, a residência do Bispo, a criação de paróquias, a rádio “Sol Mansi”, o incremento
das actividades em São Francisco e Santa Clara, o centro “Feira das Possibilidades”
de Nhabijão, Escolas, Jardins Infantis, Casas das Mães, centros de recuperação nutricional,
a Pastoral da Criança,...! Sublinho a importância da colaboração com o Estado da
Guiné-Bissau, com as diversas Caritas, tais como a Alemã, o CRS (Catholic Relief Services),
a Italiana, a Portuguesa e demais Caritas Lusófonas. Saliento igualmente a importancia
da colaboração com a FEC - Fundação Fé e Cooperação - e outros organismos vocacionados
para a parte social. Alegro-me por ver que há cristãos que dão um bom testemunho
da sua fé, trabalhando com generosidade em diferentes âmbitos pastorais e sociais.
Há catequistas verdadeiramente cientes de sua vocação e da necessidade do seu empenho
na formação de novos cristãos; cristãos que estão a compreender a beleza do matrimónio
na Igreja e jovens que disponibilizam as suas vidas e suas energias para o bem da
Igreja e da sociedade.
6. A Esperança nos desafios actuais do País Na visita
“Ad Limina Apostolorum” da nossa Conferencia Episcopal, a um certo ponto do seu discurso,
o Papa Bento XVI disse que a “tarefa de favorecer o desenvolvimento harmonioso da
sociedade reveste-se de particular urgência na Guiné-Bissau, cuja população, no meio
de não pequenas tensões e dilacerações, aguarda ainda por um correcto encaminhamento
das estruturas políticas e administrativas…”. Ancorados na certeza de que “a Esperança
não engana”, continuamos confiantes na melhoria significativa da situação política,
social e económica do nosso País. Nós, como cristãos, somos convocados na primeira
pessoa a trabalhar para este “desenvolvimento harmonioso da sociedade”. Somos chamados
a nos empenhar na ação política. Ainda há pouco falávamos dos santos como sinais de
esperança. E uma pergunta vem imediatamente à nossa mente e ao nosso coração: “não
è possível para um político ser santo?” Ora, sabemos que na história, houve pessoas
que deram um maravilhoso testemunho de como fazer política pensando no bem de seus
povos: Mahatma Gandhi, Nelson Mandela, John Fitzgerald Kennedy, o Servo de Deus Júlio
Nyerere, antigo presidente da Tanzânia citado nos “Lineamenta” para a II Assembléia
Especial para a África ao lado de uma série de santos africanos. Os cristãos devem
assumir responsabilidades no âmbito político ancorados na Palavra de Deus e na Doutrina
Social da Igreja, levando uma vida digna, uma vida de santidade. 7. Caminho a percorrer
e alguns anseios
Fundamentados na certeza de que “a Esperança não engana”,
somos chamados a continuar nossa peregrinação eclesial, descobrindo a vontade de Deus
para a Igreja da Guiné-Bissau e de modo particular para a Diocese de Bafatá. Nas
reuniões e mesmo em encontros informais, várias vezes tem surgido a pergunta: “quais
as prioridades para o próximo futuro da nossa Igreja Diocesana?” Quando se procura
sublinhar algumas, surge logo uma objecção: “É verdade, mas não podemos esquecer aquilo
ou aquilo outro”. Daí que, mesmo consciente de que a pastoral de conjunto não
privilegia um aspecto em detrimento de outros, com muita simplicidade, exprimo alguns
dos meus anseios para os próximos anos da nossa diocese de Bafatá.
7.1. Primeiro
Anúncio
Em algumas das nossas “missões”, depois de 50, 60 anos de presença
dos missionários, muitas “tabancas” ainda não foram tocadas pelo Evangelho. Iniciou-se
um trabalho de evangelização num bom número delas, mas que, infelizmente, em muitas
não houve continuidade. Não nos esqueçamos que estamos num ambiente de primeiro anúncio
e de formação das primeiras gerações de cristãos. Cristãos chamados a viver num profundo
diálogo de vida com seus irmãos da religião tradicional africana e da muçulmana, mas
que, para tanto, precisam estar sempre mais convictos de que “em Cristo são novas
criaturas”. Intensifiquemos a actividade de Primeiro Anúncio e de séria formação
dos cristãos que necessitam de chegar a uma maior tradição cristã. Os cristãos devem
saber que o Baptismo “comporta necessariamente algumas rupturas com os costumes da
sua vida passada, porque o Evangelho constitui um dom que lhe é oferecido, que provém
do alto”.
7.2. Inculturação
A Inculturação ocupe um grande espaço no
nosso coração e nas nossas acções pastorais. Temos de continuar a reflectir acerca
das questões relativas ao encontro entre o evangelho e as culturas tradicional e moderna.
Acerca da inculturação, o Beato João Paulo II sublinha o seguinte: “Desenvolvendo
a sua actividade missionária no meio dos povos, a Igreja encontra várias culturas,
vendo-se envolvida no processo de inculturação. Esta constitui uma exigência que marcou
todo o seu caminho histórico, mas hoje é particularmente aguda e urgente” .
7.3.
Itinerário catecumenal
Agradeço ao Senhor por todas aquelas paróquias que
estão a assumir cada vez mais o itinerário catecumenal, como ensina a Igreja na sua
tradição muito bem expressa no “Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos” e no “Vademecum
- para uma renovação da Catequese: da conversão inicial à maturidade na fé”, elaborado
pela Comissão Episcopal de Catequese no espaço CERAO (Conferencia Episcopal da Região
África Ocidental), em Fevereiro 2003. Contudo, devemos ajudar as pessoas que sentem-se
chamadas à vida cristã a gostarem da catequese. Que esta não seja algo monótono, fruto
de uma má preparação dos catequistas ou de um descuido geral. Que aqueles que se apresentam
para a caminhada cristã percebam em nós uma felicidade que nasce da vida nova em Cristo.
7.4. Sacramento do Baptismo
Temos de reconhecer que
há cristãos que simplesmente não valorizam os sacramentos que receberam. Reivindicam,
sobretudo, o Baptismo e depois vivem como se não o tivessem recebido. São Leão Magno,
Papa, nos seus Sermões de Natal, teria uma palavra a estes cristãos das nossas comunidades:
“Reconhece, ó cristão, a tua dignidade! Uma vez constituído participante da natureza
divina, não penses em voltar às antigas misérias com um comportamento indigno da tua
geração...! Pelo sacramento do Baptismo, foste transformado em templo do Espírito
Santo. Não queiras expulsar com as tuas más acções tão digno hóspede, nem voltar a
submeter-te à escravidão do demónio. O preço do teu resgate é o Sangue de Cristo”
7.5.
Catequistas
Os catequistas devem assumir com mais entusiasmo a própria vocação,
descobrindo sempre melhor a sua missão na Igreja para serem fiéis servidores da Palavra
de Deus. Recordemo-nos que na 3ª Assembléia Diocesana de Bafatá realizada em N’Dame,
de 28 de Fevereiro a 03 de Março deste ano 2011, a catequese foi escolhida como “prioridade
das prioridades”. Portanto, os catequistas devem alimentar a sua espiritualidade através
dos encontros de estudos, da escuta da Palavra de Deus e da oração, para estarem firmes
em Jesus Cristo no meio das diferentes tradições e culturas. Os catequistas merecem
toda a atenção e acompanhamento. De facto, na Exortação Apostólica Africae Munus,
o Papa Bento XVI exorta “os bispos e os sacerdotes a cuidarem com desvelo da formação
humana, intelectual, doutrinal, moral, espiritual e pastoral dos catequistas, prestando
grande atenção às suas condições de vida para que a sua dignidade seja salvaguardada”
7.6. Família
Temos necessidade de famílias que assumam seriamente
o sacramento do matrimónio, vivendo-o como um dom de Deus. Que vivam com alegria as
exigências deste sacramento. As famílias devem ser evangelizadas, mas também evangelizadoras.
Por isso, é necessário que haja um empenho renovado na pastoral familiar, para que
as nossas famílias mantenham sua “fidelidade e firme perseverança na observância dos
ideais da família cristã e na manutenção dos melhores valores da família africana”
.
7.7. Juventude
Os nossos jovens, esperança e garantia de futuro,
correspondem à maioria da população da Guiné-Bissau. Com a ajuda dos adultos, eles
são chamados a se prepararem para um futuro melhor para si mesmos, suas famílias,
para a Igreja e para a Nação. Que em todos os níveis de responsabilidade haja uma
ativa preocupação no que respeita à formação humana, moral, profissional e espiritual
destes mesmos jovens. Que os jovens sejam os primeiros interessados na procura do
seu próprio bem, não se deixando desviar pelo caminho das drogas, do álcool e do sexo.
Como Igreja, confiamos profundamente nos jovens como protagonistas do desenvolvimento
da nossa Terra e da nossa Igreja.
7.8. Vocações
Alegro-me com o crescimento
numérico das vocações ao sacerdócio e à vida consagrada. O Senhor continua a chamar
jovens generosos para segui-lo numa vida de especial consagração. Entretanto, somos
exortados a intensificar o acompanhamento e o discernimento vocacional, perguntando-nos,
entre outras coisas, qual experiência de fé os nossos “vocacionados” ja fizeram de
Jesus Cristo e qual o nível afectivo-espiritual de tais jovens. Que a família, a pastoral
da juventude e a pastoral vocacional trabalhem muito unidas na animação vocacional.
7.9.
Empenho social
A Igreja da Guiné-Bissau está muito empenhada a nivel social
com centros de recuperação nutricional, escolas, centros de saúde, casas das mães,
centros de formação, Pastoral da Criança, em diversas associações, etc. Tudo isto
é fruto de um generoso empenho de numerosos consagrados/consagradas e membros das
comunidades cristãs que, com o fundamental apoio de tantos amigos benfeitores, contribuem
no desenvolvimento da sociedade guineense. Espero, no entanto, que haja um esforço
acrescido no empenho social das nossas comunidades, onde os leigos sejam mais activos
e que, em todas as comunidades, a caritas exista e seja algo vivo e criativo. Outro
ponto essencial é que na Diocese vivamos os temas da reconciliação, da justiça e da
paz, animados pela nova comissão diocesana Justiça e Paz.
7.10. Economia
Somos
ainda carentes no empenhamento dos cristãos no que se refere à manutenção económica
das estruturas internas da Igreja. Foi a pensar nisso que, juntamente com Dom José
Câmnate, foi publicado o documento denominado “Caminhemos para uma autonomia económica
no espírito da Igreja família de Deus”. Na introdução do referido documento dissemos:
“Daí que queiramos reiterar a importância dada à sensibilização de todos para a participação
e partilha de quanto ocorre para a vida e o desenvolvimento de cada comunidade cristã”.
Todos temos de trabalhar para prover as necessidades materiais de nossa Igreja, incentivando
os paroquianos a exercitarem a sua generosidade e criatividade na busca dos meios
para a vida das nossas comunidades. Ao mesmo tempo, usemos da melhor maneira as ajudas
provenientes dos nossos amigos benfeitores.
Conclusão Caros Diocesanos,
a nossa Diocese tem como Padroeira Nossa Senhora Assunta ao Céu. Cristo não permitiu
que o seu corpo conhecesse a corrupção. Ele assumiu-a na Glória. Desse modo, ela se
tornou sinal da vida que não terá fim. Maria nos recorda que somos chamados a viver
com o coração cheio de esperança. Esperança de felicidade já neste mundo e, sobretudo,
na vida eterna. Que Nossa Senhora Assunta ao Céu nos cubra a todos com seu manto sagrado,
para que cresçamos cada vez mais na “comunhão na Igreja, família de Deus”. Que ela
nos ampare nos momentos de maior tribulação e faça crescer em nós a certeza de que
“a Esperança não engana”. Que “a bem-aventurada Virgem Maria, Mãe do Verbo de Deus
e Nossa Senhora da África, continue a acompanhar toda a Igreja com a sua intercessão
e os seus apelos a fazer tudo o que o seu Filho disser (cf. Jo 2, 5)”.
Bafatá,
03 de Dezembro de 2011 Memória de São Francisco Xavier e sexto aniversário da publicação
do “Projeto Pastoral Diocesano e Estrutura Diocesana da Pastoral”
Dom
Pedro Carlos Zilli
ANEXO: CÂNTICO PARA O LANÇAMENTO
DA CARTA PASTORAL DA DIOCESE DE BAFATÁ
SPERANSA KA TA NGANA
Autor:
Paulo de Pina
REF. Speransa ka ta ngana, speransa ka ta ngana; Speransa
ka ta ngana, speransa ka ta ngana.
1º M: Nô ermons nó pudi vivi, i seta es
dia di aós mesmu ki difisil, ku speransa nô na nganha.
H: Kansera sta nganhadu,
si nô fia na forsa di Deus si nô sta suguru, kuma nô fim i mas garandi
REF.
Speransa ka ta ngana, speransa ka ta ngana; Speransa ka ta ngana, speransa ka ta
ngana.
2º M: Nô fé ta lebanu kontinua nô kaminhu Kriston Suma Igreja ku
nô sedu, finkadus na speransa.
H: I ten mumentus di kanseras ki ta parsi un
noti sukuru Ma palabra di Deus ta falanu nô ka sta só.
REF. Speransa ka
ta ngana, speransa ka ta ngana; Speransa ka ta ngana, speransa ka ta ngana.
3º
M: Nô speransa ta brilha mas, si nô lembra di resureison, Nô gardisi Deus Papé
pa speransa ki guarda na seu
H: Nô djubi nô ermons, santus di Deus nô Papé Elis
ki seta vivi, na speransa e salba se bida.
REF. Speransa ka ta ngana, speransa
ka ta ngana; Speransa ka ta ngana, speransa ka ta ngana.