2011-12-03 15:50:29

«Há um mundo de portugueses» que nunca viveram «acima das possibilidades», diz D. Januário Torgal


(3/12/2011) O argumento que Portugal gasta mais do que os seus recursos deve ser usado com pudor porque parte da população viveu sempre na pobreza, considera o bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Januário Torgal, na mensagem de Natal.
Depois de salientar que “a fraude da cidade burguesa consistiu em não mostrar os pobres”, pretensão que subsiste “aqui e acolá”, o prelado católico reclama o “exercício de comportamentos limpos, sem conveniências nem interesses” para defender os “princípios que regem a dignidade da pessoa”.
“A sociedade será sempre julgada pelos valores da justiça e da solidariedade, ao conferir aos mais abandonados o primado dos cuidados e do orçamento, construindo um desenvolvimento de cariz humano”, acentua.
Por isso, acrescenta, “a opção preferencial pelos mais vulneráveis nunca se poderá compadecer com apoios meramente circunstanciais, ao recusar limites à imaginação fraterna e ao exercício da interajuda”.
O responsável está convencido que a ação “inovadora” e a “competência” tornam “efetivo o improvável” e fazem com que a “esperança” nunca seja vivida “como uma ilusão”, mas com “a certeza” de que “cada um tem jus ao trabalho, à estabilidade da família, à qualificação de um serviço profissional, ao respeito e à paz”.
“Na linha do pensamento social da Igreja, os frutos do trabalho comum devem ser divididos com equidade e justiça social”, aponta o texto, alertando que “nunca se respirará a tranquilidade enquanto não se experimentar que se é sujeito e não objeto da vida económica, social e política”.
O prelado apela ao reconhecimento “do que tem sido efetivado de positivo e sério” nas Forças Armadas e de Segurança, mas realça que “quem defende o progresso e os critérios da promoção humana tem a missão de atender muito mais à inquietação do vazio do que ao encantamento do conseguido”.
“Neste domínio, a competência do pensar e do proceder, se aponta obstáculos, é porque está certa de que os erros são para corrigir e as expectativas verdadeiras para realizar”, assinala.
Referindo-se ao Natal, a mensagem declara que o “ar festivo” da quadra é “sinal de convicções cristãs e dos motivos de quem partilha”, com os fiéis, “as causas da Humanidade”.
“Um Menino pobre nasceu e apareceu no mundo. Uma cara de criança era a de um Deus connosco, propondo-nos o fascínio de sermos humanos, sem fronteiras. Ele nos ensinou a nunca ser natural a existência e fatal o crescimento, em número, dos excluídos”, frisa D. Januário Torgal, que deixa votos de “um Natal de verdade”.








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