Brasília (RV) - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou
uma nota, nesta quinta-feira, sobre o Código Florestal.
O Conselho Episcopal
Pastoral (CONSEP) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunido nos
dias 29 e 30 de novembro, vem manifestar sua preocupação com a possível aprovação,
pelo Congresso Nacional, do projeto de reforma do Código Florestal brasileiro.
"Já
aprovado nas devidas Comissões do Senado Federal, o novo Código Florestal, tão necessário
ao Brasil, embora tenha obtido avanços pontuais na Comissão do Meio Ambiente, como
um capítulo específico para a agricultura familiar, ainda carece de correções" – destaca
a mensagem da CNBB.
"O projeto, ao manter ocupações em áreas ilegalmente desmatadas
e permitir a recuperação de apenas metade do mínimo necessário para proteger os rios
e a biodiversidade, condena regiões inteiras do país a conviver com rios agonizantes,
nascentes sepultadas e espécies em extinção. Sob o pretexto de defender os interesses
dos pequenos agricultores, esta proposta define regras que estenderão a anistia a
quase todos os proprietários do país que desmataram ilegalmente" – frisa a nota.
Segundo
a CNBB, "o projeto fragiliza a proteção das florestas hoje conservadas, permitindo
o aumento do desmatamento. Os manguezais estarão abertos à criação de camarão em larga
escala, prejudicando os pescadores artesanais e os pequenos extrativistas. Os morros
perderão sua proteção, sujeitados a novas ocupações agropecuárias que já se mostraram
equivocadas. A floresta amazônica terá sua proteção diminuída, com suas imensas várzeas
abertas a qualquer tipo de ocupação, prejudicando quem hoje as utiliza de forma sustentável.
Permanecendo assim, privilegiará interesses de grupos específicos contrários ao bem
comum".
A mensagem destaca ainda que "diferentemente do que vem sendo divulgado,
este projeto não representa equilíbrio entre conservação e produção, mas uma clara
opção por um modelo de desenvolvimento que desrespeita limites da ação humana". "A
tão necessária proteção e a diferenciação mediante incentivos econômicos, que seriam
direcionados a quem efetivamente protegeu as florestas, sobretudo aos agricultores
familiares, entraram no texto como promessas vagas, sem indicativo concreto de que
serão eficazes" – frisa a CNBB.
"Insistimos que, no novo Código Florestal,
haja equilíbrio entre justiça social, economia e ecologia, como uma forma de garantir
e proteger as comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas e de defender os grupos
que sabem produzir em interação e respeito com a natureza. O cuidado com a natureza
significa o cuidado com o ser humano. É a atenção e o respeito com tudo aquilo que
Deus fez e viu que era muito bom" – sublinham os bispos.
"O novo Código Florestal,
para ser ético, deve garantir o cuidado com os biomas e a sobrevivência dos diferentes
povos, além de preservar o bom uso da água e permitir o futuro saudável à humanidade
e ao ecossistema. Que o Senhor da vida nos ilumine para que as decisões a serem tomadas
se voltem ao bem comum" – conclui a nota da CNBB. (MJ/CNBB)