Bangcoc (RV) - Duas ONGs: a “Parceiras” (Partners) e a “Rede Cristã de Solidariedade”
(Christian Solidarity Worldwide) realizaram missões investigativas no norte de Mianmar,
onde está em andamento um conflito armado. Depois de recolher testemunhos diretos
em toda a área, denunciaram que o exército birmanês está cometendo graves violações
de direitos humanos contra as minorias étnicas kachin e estas violências podem ser
definidas como “crimes de guerra”.
A ONG norueguesa “Parceiros”, que atua
na área desde 1994, apresentou nesta segunda-feira, em Bancoc, o relatório “Crimes
na Birmânia do Norte”, que em 60 páginas de textos, documentos e testemunhos, ilustra
as atrocidades da guerra civil.
O conflito entre o exército birmanês e as tropas
independentes kachin recomeçou em 9 de junho passado. Desde então, verificam-se homicídios
extrajudiciais, tiroteios contra civis, utilização de escudos humanos, prisões e detenções
ilegais, trabalhos e transferências forçadas, desapropriações, furtos e destruição
de propriedades.
“Enquanto se fala de reformas políticas, a situação das minorias
étnicas é a pior desde décadas, com abusos que violam o direito internacional e humanitário”
– refere o documento. Estimando que 30 mil civis já fugiram do conflito, a ONG convida
a Secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton (que deve visitar em breve o país)
a promover um cessar-fogo imediato e reformas políticas.
A ONG “Rede Cristã
de Solidariedade” também se dirigiu a Hillary Clinton, pedindo que ela solicite o
regime a parar de atacar as minorias étnicas, declarar o cessar-fogo em nível nacional,
libertar todos os prisioneiros políticos, comprometer-se num significativo processo
de diálogo com as minorias étnicas e o movimento democrático de Aung San Suu Kyi.
Esta ONG britânica ressalta episódios de violência sexual, trabalho forçado,
torturas, assassínios e ataques contra igrejas no estado Kachin, e denuncia “ataques
a pastores cristãos, sacerdotes e igrejas no estado Kachin, a discriminação dos povos
muçulmanos Rohingya, e a prolongada detenção de monges budistas” que comprovam evidentes
violações da liberdade religiosa. (CM)