Durban (RV) - Na conferência da ONU sobre mudanças climáticas, em andamento
desde segunda-feira, em Durban, o Brasil defenderá o compromisso dos países ricos
com a renovação do Protocolo de Kyoto.
“O protocolo é uma ferramenta essencial
na luta contra as mudanças climáticas e sua continuidade é necessária para manter
um alto grau de ambição nos resultados das negociações” - disse o chanceler brasileiro,
Antônio Patriota, em mensagem oficial.
O Protocolo de Kyoto, negociado nessa
cidade japonesa em 1997, é o único instrumento de redução das emissões de dióxido
de carbono (CO2) e outros gases estufa, e obriga 40 países industrializados a diminuir
suas emissões destes gases. Mas o compromisso atual termina em 2012.
Japão,
Rússia e Canadá já informaram que não querem este segundo período de compromissos,
justificando que Kyoto não acolhe os maiores emissores do planeta: os Estados Unidos,
que nunca ratificaram o documento, e a China, que está fora do tratado por ser considerado
país em desenvolvimento.
A intenção dos maiores emissores de CO2 de atrasar
as decisões será considerada “uma traição face às populações mais vulneráveis às mudanças
climáticas” – escreve um comunicado de países em desenvolvimento, apoiados por movimentos
sociais e organizações não governamentais.
Outra expectativa da conferência
é a criação de um "Fundo Climático Verde" com vistas a destinar 100 bilhões de dólares
até 2020 a países expostos a secas, inundações, tempestades e nível elevado dos mares,
que os cientistas preveem que vão piorar neste século.
A este respeito, a organização
de caridade britânica Oxfam alertou nesta segunda-feira que “as tempestades e secas
que provocaram altas perigosas no preços dos alimentos há poucos anos podem ter sido
um presságio terrível do que nos espera quando as mudanças climáticas se manifestarem
com mais violência”.
Em um relatório publicado no início das negociações climáticas
da ONU em Durban, na África do Sul, a Oxfam mencionou picos nos preços de trigo, milho
e sorgo, provocados por extremos climáticos, que arrastaram dezenas de milhões para
a pobreza nos últimos 18 meses.
Na cimeira de 12 dias, participam 183 estados
dos 194 membros das Nações Unidas. (CM)