Rio de Janeiro (RV) - O Ano Internacional da Afrodescendência e o Dia da Consciência
Negra foram comemorados nesta segunda-feira (28), na Biblioteca Nacional, no Rio de
Janeiro com o lançamento de uma coletânea inédita sobre a literatura de afrodescendentes
no Brasil. A obra é resultado de dez anos de pesquisas. O evento também contou com
uma homenagem póstuma ao ativista, professor, escritor e poeta Abdias Nascimento,
que morreu este ano.
A coletânea “Literatura e Afrodescendência no Brasil:
Antologia Crítica” reúne, em quatro volumes, textos de 100 escritores negros, do século
XVIII aos dias atuais. Cada um dos textos é acompanhado de um estudo crítico feito
por 61 pesquisadores de 21 universidades brasileiras, além de seis estrangeiras.
“É a primeira vez que é feito esse levantamento e, desses 100 escritores, aproximadamente
dez são os mais conhecidos, como Machado de Assis, Cruz e Souza e Lima Barreto, e,
entre os contemporâneos, Nei Lopes, Joel Rufino dos Santos e Muniz Sodré”, relata
à Agência Brasil o professor Eduardo de Assis Duarte. “A grande maioria, no entanto,
são autores pouco divulgados, pouco conhecidos, principalmente dentro dos manuais
de história da literatura brasileira” - acrescenta.
Segundo Duarte, a expectativa
é a de que a publicação da antologia “jogue uma luz sobre autores até agora desconhecidos,
como Maria Firmina dos Reis, do século 19”. Ele considera que há um ponto comum entre
vários autores de diferentes épocas, que é a necessidade de recuperar a história do
negro no Brasil.
Um acordo anunciado no evento prevê a divulgação da literatura
de autores afro-brasileiros por meio de mostras, envio de livros para bibliotecas
e ações de incentivo à leitura. Serão implantados cinco pontos de leitura em áreas
habitadas por povos e comunidades tradicionais afro-brasileiras. (CM)