Na conferência da ONU para as Alterações Climáticas, em Durban a África pede solidariedade
(28/11/2011) As alterações climáticas são uma “questão de vida ou de morte” para
os países mais pobres, desde África às pequenas ilhas do Pacífico, que pedem solidariedade
internacional, disse esta segunda feira o Presidente da África do Sul no arranque
de duas semanas da conferência da ONU para as Alterações Climáticas, em Durban. “Várias
regiões do mundo têm visões diferentes sobre o aquecimento global simplesmente porque
são afectadas de formas diferentes. Mas para a maioria dos povos em desenvolvimento,
esta é uma questão de vida ou de morte”, declarou Jacob Zuma, Presidente da África
do Sul na cerimónia de abertura
Lembrou as inundações especialmente intensas
na África do Sul, a frequência dos furacões ao longo da costa do Golfo do México,
os refugiados na Somália e Quénia e, especialmente, a situação das ilhas Kiribati.
“Este tornou-se no primeiro país a declarar que as alterações climáticas estão a tornar
o seu território inabitável e pediu ajuda para de lá retirar os seus habitantes”,
lembrou Zuma. Além disso, as quebras previstas na produção agrícola em África “estão
a causar conflitos entre povos que durante séculos têm vivido em paz”.
Também
Idriss Déby, Presidente do Chade, disse que o continente africano “está a sentir,
de forma muito especial, os impactos negativos que colocam em risco a sobrevivência
das suas populações”. De momento, as alterações climáticas “estão a abrandar o crescimento
dos nossos países”. Ainda assim, lembrou, vários países africanos “são o último bastião
na luta contra o avanço galopante do deserto” e referiu o desaparecimento do Lago
Chade – hoje 10% da sua superfície original – e as ameaças às florestas da Bacia do
Congo.
Déby salientou a importância de chegar a acordo sobre uma maior solidariedade
internacional. “Os países industrializados esperam muito das florestas africanas para
captar os gases com efeito de estufa das suas fábricas. Por isso é lógico que ajudem
a financiar os países africanos, para o seu desenvolvimento e garantir a sua sobrevivência”,
declarou.
O Presidente do Chade pediu “soluções concretas de solidariedade”
e um plano baseado na adaptação, mitigação, ajuda ao financiamento, transferência
de tecnologia e uma visão partilhada de como combater as alterações climáticas.
São
183 os países que participam nesta conferência da ONU iniciada esta segunda feira
em Durban onde termina a 9 de Dezembro. O futuro do Protocolo de Quioto - o único
tratado internacional que impõe objectivos de redução das emissões de gases com efeito
de estufa a mais de 40 países industrializados – deverá ser a questão chave, juntamente
com outras como o financiamento aos países mais vulneráveis. Quioto expira no final
de 2012 e ainda não há nenhum sucessor.