Nova Evangelização: Brasil tem experiência a compartilhar
Cidade do Vaticano
(RV) - Auto-avaliação e purificação e entusiasmo evangélico são as etapas da Nova
Evangelização para as quais os cristãos de hoje são chamados por Bento XVI. Essa,
e outras considerações, estarão no próximo Sínodo dos Bispos, com o tema “A Nova Evangelização
para a transmissão da fé cristã”.
O documento com as diretrizes e reflexões
a serem debatidas na 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em outubro
de 2012, foi apresentado em março passado. Na ocasião, foi recordada a primeira menção
da Igreja à chamada “Nova Evangelização”.
“A Nova Evangelização – explica o
documento – não é uma duplicação da primeira, não é uma simples repetição, mas é a
coragem de ousar trilhas novas, diante das novas condições dentro das quais a Igreja
é chamada a viver hoje o anúncio do Evangelho”.
Membro do Conselho do Sínodo
dos Bispos, o Cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, esteve em Roma
nos últimos dias, no contexto da preparação do evento eclesial. Dom Odilo conversou
com a RV e falou sobre as origens da Nova Evangelização em nosso país:
“O tema
da Nova Evangelização de fato já está presente no Brasil há muitos anos. Nós estamos
trabalhando claramente sobre esta temática pelo menos desde a Conferência de Santo
Domingo, em 1991, mas até mesmo desde antes, porque o Papa JPII já em 1983, numa assembleia
do CELAM na AL, fez um discurso em que tratava do tema da Nova Evangelização dando
indicações bastante conhecidas, que se repetem: A Nova Evangelização deve ser nova
no método, nova no ardor, nova nas formas e expressões. Então tudo isso já aconteceu
em 1983 e desde então esta terminologia está se integrando na preocupação na vida
da Igreja na América Latina, e de modo particular, no Brasil. De 1991 para cá, com
a Conferência de Santo Domingo, que teve como tema a Nova Evangelização, ela é tema
constante em nossas reflexões e preocupações pastorais. Mais uma vez, em Aparecida,
isto entrou de maneira transversal em toda a reflexão da Conferência em 2007. De modo
que de fato, nós temos na América Latina e no Brasil já um caminho andado de Nova
Evangelização e de experiências que temos a compartilhar, inclusive com a Igreja de
outras partes da Europa e de outros lugares. Hoje, se sente de fato como premente
a necessidade da Nova Evangelização em todo o mundo, não só na Europa ou nos lugares
de antiga Evangelizaçãom mas também nos lugares de recente Evangelização. Fato é que
o Papa, ao ir à África, nos últimos dias, entregou o documento, a exortação pós-sinodal
do Sínodo especial da África que houve em 2009, ou seja, ali também se trata da Nova
Evangelização. Quer dizer, também na África, que é o Continente mais novo da Evangelização,
temos já que fazer Nova Evangelização. Nova Evangelização não significa, digamos assim,
deixar para lá o que foi feito: é fazer de novo, fazer com novo ardor, novas formas,
porque os tempos mudaram, a cultura mudou, as circunstâncias mudaram, então a Igreja
precisa dizer de novo, proclamar de novo, propor o Evangelho a todo o mundo”.
As
diretrizes do documento apresentam o vasto cenário de seis aspectos da realidade que
a Nova Evangelização deve lidar: a secularização, a grande migração, a mídia, o aspecto
econômico-científico- tecnológico e a política. A respeito do uso das novas mídias,
o Cardeal afirma:
“Hoje, a Evangelização precisa ser feita através de todas
as formas de linguagem. Então a linguagem digital, a linguagem de todas as formas
da mídia, sem nunca deixar de lado a linguagem direta, a linguagem que é do diálogo
de pessoa a pessoa, o interessamento da linguagem de coração a coração, porque finalmente
o Evangelho é a Boa Nova para a pessoa, e para a sociedade no seu conjunto, mas passa
pelo coração, e é por isso que sempre se liga a questão da Nova Evangelização à necessidade
de conversão, de acolhida, da Boa Nova, de mudar a vida para aquilo que se propõe,
que o Evangelho propõe. Então nunca poderá ficar simplesmente numa divulgação genérica
de idéias, de doutrinas, como o Papa tem insistido muitas vezes também: nossa fé não
nasce simplesmente da beleza das doutrinas ou da grandeza dos ideais morais e éticos,
mas nasce do encontro como pessoa, com a pessoa de Jesus Cristo. Então, a Nova Evangelização
deve sobretudo chegar a este ponto: o encontro pessoal com Jesus Cristo e a partir
deste encontro pessoal com Jesus Cristo, novas expressões de vida devem nascer”. (CM)