Igreja no Peru: diálogo sobre questão da extração de minério
Lima (RV) - A Igreja Católica no Peru invocou um diálogo justo, igualitário
e construtivo, depois do anúncio de uma greve contra a atividade extrativista de minério
no departamento de Cajamarca, nos Andes, a 860 km a norte da capital, e expressou
a sua intenção de defender a busca de uma solução pacífica do conflito social.
A
Conferência Episcopal Peruana, numa declaração assinada pelo seu Presidente, Dom Miguel
Cabrejos Vidarte, OFM, Arcebispo de Trujillo, pede tolerância e abertura para alcançar
uma solução e adverte que com a violência nada se resolve: "Peço todo esforço para
construir uma cultura de paz por meio de um diálogo justo, igualitário, construtivo,
tolerante de opiniões diferentes, e que se baseie na defesa da dignidade inalienável
da pessoa humana e do bem comum".
Segundo a Agência Fides, alguns grupos de
Cajamarca convocaram uma greve contra o projeto Conga Minas, afirmando que ele prejudica
as fontes de água, enquanto a empresa responsável pelo projeto se comprometeu a construir
cisternas que duplicariam a capacidade hídrica da área. O Governo promoveu o diálogo
para responder aos problemas ambientais relativos à resolução do projeto, aprovado
pelo Governo precedente, mas as autoridades regionais de Cajamarca e os grupos contrários
às obras no campo extrativista pedem a anulação deste projeto.
A este respeito,
a Conferência Episcopal Peruana afirmou que o progresso do Peru "exige de todos o
diálogo", isso significa "dar e ter acesso a uma informação completa e correta, poder
escutar e ter uma abertura generosa para alcançar juntos a verdade". Os bispos acrescentaram
que este processo é importante, pois é necessário para aumentar a confiança e a esperança
de construir um país em que todos os setores tenham espaço para o desenvolvimento.
A Igreja Católica expressou sua intenção de cooperar para estabelecer canais
de diálogo e compreensão, "a fim de superar eventuais problemas que incidem no processo
de paz e no bem comum dos peruanos". "O nosso país não merece ver os contínuos episódios
trágicos que levaram o luto a muitas famílias" – ressalta o documento, que se refere
à violência dos protestos e aos atritos entre manifestantes e polícia, ocorridos poucos
dias atrás. (MJ)