Cacique executado em MS: a indignação do bispo de Dourados
Dourados (RV) - Após a invasão de um grupo de cerca de 40 pessoas no acampamento
de índios Kaiowá-Guarani, em Amambaí, Mato Grosso do Sul, e a execução do cacique
Nísio Gomes, 59 anos, a comunidade está em estado de choque. Devido ao nervosismo,
ainda não se sabe se além de Nísio, outros indígenas foram mortos. Outros dois jovens
e uma criança teriam sido sequestrados pelo grupo.
Após o ataque, cerca de
dez indígenas permaneciam ainda no acampamento. Os demais fugiram pela mata. Na comunidade,
vivem cerca de 60 Kaiowá-Guarani.
Amambai se localiza no território da diocese
de Dourados, e seu bispo, Dom Redovino Rizzardo, emitiu uma nota na qual afirma se
sentir “frustrado e revoltado” com o “bárbaro” ataque ao grupo indígena. Segundo Dom
Redovino, não se descarta a possibilidade de haver outras vítimas do ataque. “A ação
dos criminosos foi respaldada por uma dezena de caminhonetes, fato que revela de onde
e por quem foi perpetrado o crime”, denunciou o bispo.
Leia abaixo o manifesto
de Dom Redovino Rizzardo:
“É com sentimentos de frustração e de revolta que
tomamos conhecimento de mais um bárbaro ataque perpetrado contra um grupo de índios
Kaiowá-Guarani, em Amambai, território da Diocese de Dourados. De acordo com os órgãos
de informação, o ataque foi perpetrado por 42 pistoleiros encapuzados e fortemente
armados. Seu alvo principal foi o cacique Nísio Gomes, de 59 anos, que acabou executado
a tiros.
Não se descarta a possibilidade de haver outras vítimas, já que os
assassinos levaram dois jovens e uma criança junto com o corpo do cacique assassinado.
A
ação dos criminosos foi respaldada por uma dezena de caminhonetes, fato que revela
de onde e por quem foi perpetrado o crime.
Ao mesmo tempo em que lamenta profundamente
o novo ataque perpetrado contra os povos indígenas, a Igreja Católica presente na
Diocese de Dourados renova seu pedido às autoridades civis, judiciárias e militares
para que, de uma vez por todas, recorram a todos os meios para pôr fim uma situação
que a todos nos envergonha e oprime, e pede perdão às vítimas de tamanha injustiça
e violência, cometida, provavelmente, por pessoas que se dizem cristãs...”.
Dourados,
18 de novembro de 2011
Dom Redovino Rizzardo, cs Bispo diocesano de Dourados