2011-11-19 10:15:34

África, tenha confiança e levante-se. O Senhor a chama!


Cotonou (RV) – O primeiro compromisso de Bento XVI neste segundo dia de visita ao Benin foi no Palácio Presidencial de Cotonou, para o encontro com os membros do Governo, autoridades civis, o Corpo Diplomático e os representantes das principais religiões.

Em seu discurso, o Papa falou que frequentemente associa a palavra África ao termo esperança, não obstante a nossa mente se detenha em preconceitos ou em imagens que dão uma visão negativa da realidade africana. "Trata-se de visões redutivas e irrespeitosas, que levam a uma coisificação pouco dignificadora da África e dos seus habitantes" – afirmou. Mas falar da esperança significa falar do futuro e, portanto, de Deus.

À luz desta esperança, Bento XVI analisou duas realidades africanas de viva atualidade. A primeira refere-se mais à vida sociopolítica e econômica em geral do continente; a segunda, ao diálogo inter-religioso.

Em especial, o Pontífice mencionou a "primavera árabe", em que numerosos povos expressaram, nos últimos meses, o seu desejo de liberdade, a sua necessidade de segurança material e a sua vontade de viver harmoniosamente na diversidade das etnias e das religiões. "E nasceu um novo Estado no continente."

"Neste momento, há demasiados escândalos e injustiças, demasiada corrupção e avidez, demasiado desprezo e demasiadas mentiras, demasiadas violências que levam à miséria e à morte. Se é certo que estes males afligem o continente, a mesma coisa acontece no resto do mundo", analisou.

E lançou um apelo a todos os responsáveis políticos e econômicos dos países africanos e do resto do mundo: "Não privem os seus povos da esperança! Não amputem o seu futuro, mutilando o seu presente".

"O poder, seja ele qual for, cega com facilidade, sobretudo quando estão em jogo interesses privados, familiares, étnicos ou religiosos. Só Deus purifica os corações e as intenções. A Igreja não oferece qualquer solução técnica, nem impõe qualquer solução política. Mas repete: Não tenham medo! A humanidade não está sozinha enfrentando os desafios do mundo; Deus está presente."

O segundo ponto abordado por Bento XVI foi o diálogo inter-religioso. "Nenhuma religião, nenhuma cultura pode justificar o apelo ou o recurso à intolerância e à violência. A agressividade é uma forma relacional demasiado arcaica, que faz apelo a instintos banais e pouco nobres", afirmou.

As formas do diálogo inter-religioso são variadas, explicou o Papa. A cooperação no âmbito social ou cultural pode ajudar as pessoas a compreenderem-se melhor e a viverem juntas tranquilamente. Também é bom saber que não se dialoga por fraqueza, mas porque se acredita em Deus. Dialogar é uma forma suplementar de amar a Deus e ao próximo (cf. Mt 22, 37), sem abdicar daquilo que somos.

Para o Pontífice, essas considerações gerais aplicam-se de maneira particular à África, pois no continente são numerosas as famílias cujos membros professam crenças diversas, e todavia permanecem unidas.

"O ódio é uma derrota, a indiferença um beco sem saída, e o diálogo uma abertura. Não é este um bom terreno onde será possível lançar as sementes da esperança?", perguntou Bento XVI.

O Papa então concluiu fazendo votos de que a fé e a esperança sejam depostiadas em Deus: "Estes são os votos que formulo para toda a África, que me é tão querida! África, tenha confiança e levante-se. O Senhor a chama!
(BF)







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