Cotonou (RV) – Realizou-se na noite de sexta-feira o concerto sobre a paz e
reconciliação no Estádio René Pleven, que encerrou o primeiro dia da visita do Papa
ao Benin.
Promovido pela Rádio
Vaticano (em colaboração com TV do Benin), o concerto foi o ponto culminante duma
caminhada tendente a levar a mensagem do Sínodo dos Bispos para a África numa linguagem
musical o todo o povo africano – disse o Pe. Federico Lombardi, explicando que o Papa
estava ali simbolicamente entre os milhares de jovens que assistiam ao concerto:
"Temos o Papa simbolicamente conosco esta noite. Não está fisicamente, mas deu-nos
um sinal da sua presença – um presente que recebeu, do grande artista africano, ganês,
El Anatsui – um tecido feito com bocadinhos de garrafas de plástico ligados entre
si com fio de cobre, arte pobre, mas mostra que com pouco a criatividade artística
africana pode fazer grandes obras. A mesma coisa podemos fazer com a musica, levar
com os artistas uma mensagem de beleza, alegria, reconciliação, justiça e paz. Então
continuemos este serão juntos, todos juntos, a cantar a paz pelo futuro da Africa.
Obrigado."
Para além dos três grandes artistas, Bonga, Papa Wemba, Fifito,
o concerto contou com diversos grupos locais, que entusiasmaram, todos, o público,
tendo o concerto concluído numa apoteose.
Nesta jornada central e intensa da
visita do Papa ao Benin, à África, a cidade de Ouidah, ocupou um lugar central. Ouidah.
Entre os séculos XVII e XIX foi a porta de saída de milhares e milhares de africanos
de toda a região do Golfo da Guiné escravizados e levados para o novo mundo para enriquecer
a Europa e as Américas.
Um trajeto denominado a Rota do Escravo recorda a
última etapa que, depois de percorrer a pé mais de 100 km, aqueles homens, mulheres
e crianças escravizados faziam até serem embarcados nas naus negreiras: da praça das
vendas, até à Porta do Não Regresso, passando pela Árvore do Esquecimento ao memorial,
mais recente da Árvore do Regresso, pois o espírito não se deixa aprisionar e volta,
tudo nesse percurso recorda o drama vivido pelos filhos deste continente com a escravatura.
Ouidah é também o símbolo da integração, onde descendentes de negreiros e
escravos vivem em perfeita harmonia. Culturas e religiões diferentes convivem lado
a lado. O templo do vodu encontram-se face a face com a Basílica da Imaculada, para
cuja construção em 1909 adeptos da RTA contribuíram muito.
Ouidah é também
a porta por onde entrou o Evangelho em 1861 – jubileu dos 150 anos no centro desta
visita papal. Uma Porta da Redenção foi ali construída pela Igreja no Benin no ano
2000, para recordar a o evento positivo da Evangelização. E Ouidah colocou neste sábado
outra pedra angular, positiva, na sua história: a assinatura ali na Basílica, pelo
Papa, de "Africae Munus" sobre justiça, paz e reconciliação.
Mais ainda, Ouidah
é também lugar do importante seminário regional São Galo, onde repousa o Cardeal Gantin,
e onde o Papa encontrou os consagrados e seminaristas. Para eles, esta visita de Bento
XVI é um encorajamento na caminhada para o sacerdócio e, sobretudo, saber que o sacerdote
será sempre necessário na sociedade independentemente das ideologias vigentes.