2011-11-19 13:44:35

Ouidah, cidade de símbolos e harmonia


Cotonou (RV) – Realizou-se na noite de sexta-feira o concerto sobre a paz e reconciliação no Estádio René Pleven, que encerrou o primeiro dia da visita do Papa ao Benin.

RealAudioMP3 Promovido pela Rádio Vaticano (em colaboração com TV do Benin), o concerto foi o ponto culminante duma caminhada tendente a levar a mensagem do Sínodo dos Bispos para a África numa linguagem musical o todo o povo africano – disse o Pe. Federico Lombardi, explicando que o Papa estava ali simbolicamente entre os milhares de jovens que assistiam ao concerto:

"Temos o Papa simbolicamente conosco esta noite. Não está fisicamente, mas deu-nos um sinal da sua presença – um presente que recebeu, do grande artista africano, ganês, El Anatsui – um tecido feito com bocadinhos de garrafas de plástico ligados entre si com fio de cobre, arte pobre, mas mostra que com pouco a criatividade artística africana pode fazer grandes obras. A mesma coisa podemos fazer com a musica, levar com os artistas uma mensagem de beleza, alegria, reconciliação, justiça e paz. Então continuemos este serão juntos, todos juntos, a cantar a paz pelo futuro da Africa. Obrigado."

Para além dos três grandes artistas, Bonga, Papa Wemba, Fifito, o concerto contou com diversos grupos locais, que entusiasmaram, todos, o público, tendo o concerto concluído numa apoteose.

Nesta jornada central e intensa da visita do Papa ao Benin, à África, a cidade de Ouidah, ocupou um lugar central. Ouidah. Entre os séculos XVII e XIX foi a porta de saída de milhares e milhares de africanos de toda a região do Golfo da Guiné escravizados e levados para o novo mundo para enriquecer a Europa e as Américas.

Um trajeto denominado a Rota do Escravo recorda a última etapa que, depois de percorrer a pé mais de 100 km, aqueles homens, mulheres e crianças escravizados faziam até serem embarcados nas naus negreiras: da praça das vendas, até à Porta do Não Regresso, passando pela Árvore do Esquecimento ao memorial, mais recente da Árvore do Regresso, pois o espírito não se deixa aprisionar e volta, tudo nesse percurso recorda o drama vivido pelos filhos deste continente com a escravatura.

Ouidah é também o símbolo da integração, onde descendentes de negreiros e escravos vivem em perfeita harmonia. Culturas e religiões diferentes convivem lado a lado. O templo do vodu encontram-se face a face com a Basílica da Imaculada, para cuja construção em 1909 adeptos da RTA contribuíram muito.

Ouidah é também a porta por onde entrou o Evangelho em 1861 – jubileu dos 150 anos no centro desta visita papal. Uma Porta da Redenção foi ali construída pela Igreja no Benin no ano 2000, para recordar a o evento positivo da Evangelização. E Ouidah colocou neste sábado outra pedra angular, positiva, na sua história: a assinatura ali na Basílica, pelo Papa, de "Africae Munus" sobre justiça, paz e reconciliação.

Mais ainda, Ouidah é também lugar do importante seminário regional São Galo, onde repousa o Cardeal Gantin, e onde o Papa encontrou os consagrados e seminaristas. Para eles, esta visita de Bento XVI é um encorajamento na caminhada para o sacerdócio e, sobretudo, saber que o sacerdote será sempre necessário na sociedade independentemente das ideologias vigentes.

De Cotonou para Rádio Vaticano, Dulce Araújo.







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