Cotonou (RV)
- O momento tão esperado chegou! Bento XVI já está em terras africanas! Aterrissou,
como previsto, por volta das 15 horas locais, no Aeroporto Cardeal Gantin, recebendo
logo, poderíamos dizer, um abraço espiritual deste seu amigo e antigo colega, falecido
em 2008, cujo túmulo irá visitar neste sábado em Ouidah. Depois, as calorosas boas-vindas
do Presidente do Benin, Yayi Boni, que pôs em realce o papel determinante das religiões
na edificação de sociedades dignas e responsáveis. Por seu lado o Papa, nas suas palavras,
disse vir em “espírito de amizade e fraternidade”.
Nesta terra, onde teoricamente
os católicos são apenas cerca de 27% da população, hoje todos uniram-se, com alegria,
ao Pastor Universal da Igreja Católica, dando o exemplo de uma terra onde reina a
paz e a harmonia entre as diversas religiões. Uma alegria visível no rosto das pessoas
que encheram as ruas para saudar o Papa. Cada um fez à sua maneira, acenando, agitando
bandeirinhas, ou expondo cartazes, como fizeram mesmo os característicos "Zemidjans",
(moto-taxistas), com um cartaz exposto na sua central. Sorrisos e cores intensificados
certamente nesta ocasião, mas que, de forma geral, nunca faltam ao africano, apesar
da grande pobreza que afeta o continente e que não poupa o Benin.
Uma pobreza
que choca jornalistas e cidadãos dos países desenvolvidos, quando chegam pela primeira
vez ao continente. Pobreza em relação à qual os africanos parecem, por vezes, ter-se
habituado. O que não deve absolutamente acontecer - recordava recentemente a Cáritas-Benin.
E o Papa vem precisamente para encorajar na luta contra todas as formas de pobreza,
material e espiritual. Mas o empenho deverá ser dos próprios africanos, como diz aliás,
o documento que o Papa vem entregar aos bispos. "Africae Munus", o empenho da África.
Com o cântico de dezenas de mulheres, o Papa deixou o Aeroporto às 16 horas
dirigindo-se à Catedral de Cotonou. Uma igreja que salta aos olhos pelas suas cores
amarelo e vermelho escuro em faixas alternadas e que se eleva ao céu em estilo gótico
europeu. Diria-se um caso de inculturação arquitetural que acompanha o esforço de
enraizamento do Evangelho na cultura africana, sem a desnaturar, um esforço iniciado
já pelos Padres Borghero e Eddo chegados ao país há 150 anos.
Um jubileu recordado
também com tecido difundido, em várias cores, por esta ocasião. Para além da imagem
de Cristo, de Nossa Senhora, retrata as dez dioceses do país e os santuários que ondulam
assim nos corpos de mulheres e homens pela cidade e que serviu também de farda que
animou o Te Deum na Catedral, onde o Papa homenageou dois antigos arcebispos de Cotonou
perante bispos e fiéis ali reunidos.