Belo Horizonte (RV) - A Igreja Católica prepara-se para a Jornada Mundial da
Juventude (JMJ), em julho de 2013 no Rio de Janeiro. Para isso, volta cada vez mais
sua atenção para os jovens, em sintonia com toda a sociedade, consciente do quanto
é importante entender bem a juventude e comprometer-se com o seu presente e futuro.
A
opção preferencial da Igreja pelos jovens tem raízes na 3ª Conferência dos Bispos
da América Latina, no ano de 1979, em Puebla, México. Um exemplo da especial atenção
da Igreja é a utilização da sua consolidada experiência na promoção da Campanha da
Fraternidade, durante a quaresma de cada ano: em 2013, vamos retomar o tema fraternidade
e juventude.
Mais que oportuno, é urgente a priorização da juventude nas agendas
das Igrejas, dos governos e de todos os segmentos da sociedade. Os jovens e adolescentes
ainda constituem uma grande maioria de nossa população. É um enorme potencial para
o presente e o futuro da Igreja e dos povos. Os jovens são chamados a ser ‘sentinelas
do amanhã’, como disse o Bem Aventurado João Paulo II, por ocasião de uma das edições
da Jornada Mundial da Juventude.
Esta consideração patenteia o grau de responsabilidade
que todos temos junto aos jovens. Intensifica-se a responsabilidade e crescem as exigências
quando se considera a tarefa do enfrentamento das sequelas da pobreza gerando sua
exclusão, afetados, em larga escala, por uma educação de baixa qualidade, com horizontes
de vida estreitados pelos reducionismos e outros descompassos da sociedade contemporânea.
Preocupante é o problema das drogas, criando dependências, dizimando vidas, impedindo
o desabrochar da juventude sob o impulso inspirador de valores e princípios ancorados
no amor, na justiça e na solidariedade.
A Jornada Mundial da Juventude é, pois,
um percurso que convoca e põe a Igreja em estado de missão entre os jovens, proporcionando-lhes
a centralidade do encontro com Jesus Cristo, o maior bem da vida, e trabalhando, no
que diz respeito à mancha de óleo que é a dependência química, na prevenção, acompanhamento
e apoio a políticas governamentais para reprimir essa pandemia.
A prevenção
se faz com processos educativos, com incidência para introduzir as novas gerações
no âmbito do valor da vida e do amor, despertando a consciência da própria dignidade
de filhos de Deus. O Documento de Aparecida, nº 424, reza que a “Igreja deve promover
luta frontal contra o consumo e tráfico de drogas, insistindo no valor da ação preventiva
e reeducativa, assim como apoiando os governos e entidades civis que trabalham neste
sentido, exortando o Estado em sua responsabilidade de combater o narcotráfico e prevenir
o uso de todo tipo de droga”.
A Jornada Mundial da Juventude no Brasil, já
em curso com a peregrinação da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora, é experiência de
espiritualidade, reconhecendo a religiosidade como fator de proteção e recuperação
importante para o usuário de drogas. Também é um evento de grandes proporções para
mobilizar a juventude em torno de temas, preocupações e questões decisivas para a
vivência da vida como dom. Os jovens, portanto, merecem e requerem um caminho percorrido
com eles em busca dessas conquistas e na consolidação de uma vida vivida no amor e
na justiça.
A preparação e vivência da Jornada Mundial da Juventude começou
em setembro, lá em São Paulo, e chegou neste mês em Minas Gerais. Seguindo pelo Brasil
afora, até julho de 2013, no Rio de Janeiro. A referência central é a Cruz Peregrina
- a Cruz de Cristo Rei. É a cruz que a Arquidiocese de Belo Horizonte, neste sábado,
19 de novembro, ilumina no terreno da futura Catedral Cristo Rei, com a benção de
sua pedra fundamental. É a cruz que de patíbulo de suplício condenatório, por nela
ter morrido Cristo o Salvador do mundo, se torna o trono de um Rei Servidor que dá
sua vida para que todos tenham vida.
O símbolo da cruz, para todos os que a
contemplarem, é lição estampada ao ar livre, publicamente, chamando todos à aprendizagem
e vivência dessa lição mais importante da vida: servir. A cruz é o altar da Eucaristia,
memória da oferta que Cristo faz de seu corpo e sangue, a salvação da humanidade.
É o poder e a sabedoria de Deus, sua manifestação eminente e garantia de como tornar
operante a ressurreição na vida terrena do cristão.
A cruz é uma espiritualidade
que orienta a fixar o olhar n’Ele, Cristo, mestre e senhor da vida. A Cruz de Cristo
Rei da futura Catedral é sinal da centralidade de Cristo, Rei porque servidor e redentor.
É um monumento a esta profissão de fé, com a tarefa de ser lugar do encontro com Ele
e do compromisso com a vida plena para todos. Esta é hora de profunda comunhão e generosidade,
de entendimento clarividente para que se construa a Catedral e seja fecundada nossa
opção preferencial pelos jovens.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo Arcebispo
metropolitano de Belo Horizonte