2011-11-18 15:32:19

A visita de Bento XVI ao Benim. As expectativas , a historia e os significados de hoje


Bento XVI partirá para o Benim sexta feira, dia 18 de Novembro, para a sua 22ª viagem apostolica por ocasião da assinatura e de publicação da Exortação Pos-sinodal sobre paz, justiça e reconciliação na África. O documento recolhe os resultados da II assembleia especial para a África do Sínodo dos Bispos, efectuada no Vaticano em Outubro de 2009, e guiará as atividade pastorais da Igreja em África nos próximos anos.
No Benim o Papa, entre sábado e domingo, encontrará os Representantes das Instituições civis, politicas e diplomáticas, os lideres das outras religiões e naturalmente a Igreja do País, os Presidentes das Conferencias episcopais de toda a África, os padres, os religiosos e as religiosa, os leigos cristãos empenhados na pastoral e nas atividades sociais e caritativas. Mas terá também um encontro especial com as crianças.
Durante a sua precedente visita a Angola, em Março de 2009, Bento XVI tivera um encontro especifico com as organizações das mulheres católicas. Mulheres e crianças são consideradas componentes “especiais” na África. As mulheres são a espinha dorsal das sociedades africanas e as crianças são o futuro do continente. Como afirmava Amílcar Cabral, um dos principais lideres africanos do anos 60, “as crianças são as flores e a única razão das revoluções africanas”.
A atenção do Papa ás crianças toca portanto um dos pontos chave da historia das lutas empreendidas pelos africanos para a independência e o desenvolvimento dos seus países.. O auspicio é que a visita do Papa possa dar de novo sentido, vigor e medida ao empenho de hoje e convidar os africanos a olhar para o amanhã com um maior conhecimento de causa, com uma maior sentido de responsabilidade e com uma maior esperança. Os discurso dos Papa. á luz dos resultados do Sínodo para a África, poderão ajudar o inteiro continente a continuar na luta para garantir um amanhã ao próprios filhos, um futuro melhor do que aquele que nos é dado viver hoje em África.
Prensar nas crianças em África com o olhar para o futuro e de uma maneira responsável significa antes de mais ser capazes de construir um habitat de paz, justiça e reconciliação.
Um habitat no qual amor, fraternidade e solidariedade sejam os caminhos mais idóneos para a construção de uma casa comum africana, á medida da dignidade de cada ser humano, criado á imagem e semelhança de Deus. Deixai que as crianças venham até Mim, porque delas é o Reino de Deus, disse o Senhor.
As Estatísticas oficiais mostram que mais de metade da população na África hoje é constituída por crianças com menos de 18 anos. Este é um grande potencial para o continente. Viajando através da África encontram-se crianças com tantos sonhos. Muitos deles querem ser médicos, veterinários, professores, agricultores; outros querem ser empresários e empresarias, padres, religiosas etc..
Infelizmente estes sonhos são cancelados pela indigência que obriga muitos a abandonar a escola e a tentar a fortuna noutro lado, muitas vezes nas ruas, em quase todas as principais cidades africanas. É um fenómeno comum ver crianças ambulantes, crianças mendigos e crianças carteiristas, crianças traficados pelos adultos para vários objectivos que nada têm a ver com o seu bem estar. Muitos factores são responsáveis por esta situação. Um deles é certamente o abandono das famílias ao próprio destino, da parte dos governos africanos: as politicas de ajustamento estrutural impostas pelos instituições financeiras internacionais como Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Banca Mundial ( BM) obrigaram os governos africanos a reduzir os financiamentos aos sectores dos quais beneficiam as famílias . a cultura, a educação, a saúde, o trabalho e a agricultura. Muitos funcionários públicos perderam o trabalho, acabando na pobreza mais absoluta..

O futuro da África está na África. O presente mais importante que o Papa pode dar ás crianças do Continente será – á luz do Evangelho – encorajar as igrejas locais e os vários organismos internacionais presentes nos países africanos a fazer mais para defender os direitos das crianças, sensibilizar a comunidade africana e a opinião publica internacional acerca destes direitos. Em segundo lugar a presença do Santo Padre pode representar u forte apelo aos governos para que façam uma revisão das suas politicas e coloquem o apoio ás famílias entre as prioridades de acção das suas politicas, como por exemplo a instrução gratuita, da escola primária á escola secundaria , a assistência medica, a agricultura autentica espinha dorsal das economias africanas.

(Ao cuidado de Filomeno Lopes do programa português para a África e John Baptiste Tumusiimej)


O Grande encontro do Papa Bento XVI com a África: por detrás dos símbolos da historia. Os significados de hoje.

Não obstante a frequência regular das Viagens Apostólicas á África, sobretudo durante o Pontificado do Beato João Paulo II, as visitas pastorais do Sucessor de Pedro suscitam sempre muito entusiasmo no continente. São uma fonte de graça para o povo de Deus, que tem a possibilidade de ver mais de perto o Pastor da Igreja Universal e escutar com atenção os seus ensinamentos, elaborados de propósito para o contexto africano e cada vez minuciosamente contemplado, analisado e verificado..
O eco de tais visitas, a nível local, torna-se ainda mais amplo a partir do momento que muitas vezes elas coincidem com celebrações de grande empenho para a realidade interna, ou porque trazem á atenção lugares símbolo para a Memoria da África, cuja historia é marcada pelo alternar-se de momentos de gloria, episódios dramáticos e sofrimentos infinitos.
Neste sentido, a viagem ao Benim está marcada por elementos simbólicos fortes::
O ano, durante o qual se efectua a visita, 2011, o Benim, país que recebe o Papa, ex Reino de Dahomey Ouidah , ao mesmo tempo “Porta de trevas e de luz”
Finalmente, a Memoria do Cardeal Bernardin Gantin, grande servidor africano da Igreja Universal.
2011 é o ano das celebrações do 150 aniversario da Evangelização do Benim, iniciada em 1861 por obra de uma jovem Sociedade de Missões Africanas (SMA) no Dahomey, Reino negreiro muito importante já no século XVIII, no qual, além da escravidão praticavam-se anualmente sacrifícios humanos. São poucos os Estados africanos que podem celebrar este género de efeméride durante estes primeiros anos do século XXI.
Além disso, é a partir do Reino de Dahomey que o Cristianismo começou a expandir-se nos países limítrofes e outros: Nigéria, Togo, Gana, Alto Volta ( hoje Burkina Faso) Níger. Portanto o Benim representa o ponto de partida para a divulgação da Fé católica em grande parte dos Países da África Ocidental.
Do ponto de vista da evolução politica e social, o Benim foi além disso o primeiro País que acabou com um regime autoritário marxista-leninista, graças á instituição de uma mesa de diálogo e concertação entre as partes e com todas as forças vivas da Nação. A experiencia do Benim representa o protótipo das Conferencias Nacionais, que numerosos países africanos adoptaram em seguida para passar de um sistema monolítico a uma ordem politica democrática.
Hoje, não obstante as dificuldades de toda a espécie, os atrasos, os processos ás vezes caóticos e os confrontos sangrentos que p desenvolvimento democrático exigiu, a maior parte das Nações do continente procura estabelecer e consolidar um Estado de Direito que favoreça a participação activa da população na vida publica e no desenvolvimento sócio – económico colectivo.
Precisamente no Benim, por ocasião da visita do Papa, proceder-se-á á publicação da Exortação Pos-Sinodal, acto pontifício fruto das decisões dos Bispos da África sobre as questões relativas á reconciliação, á justiça e á paz, exigências mais do que nunca urgentes nos dias de hoje.
Eis portanto o segundo elemento forte desta viagem: a publicação e a entrega de um documento tão importante para o futuro politico, económico e social do continente.

Ouidah.

O acto solene da assinatura da parte do Papa Bento XVI da Exortação terá lugar numa cidade que representa a porta de entrada da Luz de Cristo na maior parte dos Países da África Ocidental.. Contudo a cidade, durante séculos foi um símbolo das trevas, pois que no século XVII era um dos principais centros de vende e embarque de escravos, no contexto do ignóbil trafico negreiro atlântico
Com a difusão do Evangelho, a partir de 1861, Ouidah assumiu o papel de farol do “reino dos valores cristãos”

Em 1914 foi criado além disso um Seminário Maior que acolheu estudantes do Togo, da Nigéria, da Costa do Marfim e mais tarde, da Republica Centro Africana, do Congo e até mesmo dos Camarões e que a partir de então contribui para a formação do clero, não só para o Benim mas para a inteira região.
A historia religiosa de Ouidah foi determinante foi determinante para o crescimento e a consolidação da Igreja com um clero local preparado, pronto para exercer o próprio ministério em grande parte do continente.Precisamente neste Seminário Marior de Saint Gall de Ouidah, construído graças á ajuda financeira da homónima diocese suíça, recebeu a sua formação sacerdotal o primeiro futuro arcebispo metropolita da África francófona, natural do Benim: Bernardin Gantin, outro símbolo forte no centro da Viagem Apostolica.
A inteira vida do Cardeal Gantin ( 1922-2008 ) foi exemplar como o serviço que prestou ao seu país e em Roma enquanto colaborador estreito de três Papa ( Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II) durante o mesmo período do então Cardeal José Ratzinger ( hoje Bento XVI) do qual foi grande amigo.

Concluímos esta reflexão sobre o significado do Reino de Dahomey e de Ouidah – onde passaram milhões de seres humanos reduzidos ao estado de simples mercadoria – sobre o papel que esta localidade e o inteiro País tiveram na recepção do Evangelho de Cristo, e para a difusão fecunda do Cristianismo na região, trazendo á memoria as palavras de S. Paulo: “Onde abundou o pecado, superabundou a graça” ( Rm5,20)

(ao cuidado de P. Joseph B. Ballong – Wen-Mewuda)







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