Cotonou (RV)- Ekabo, Nakoyo, bienvenu. As boas-vindas
ao Papa são-lhe dadas em várias línguas nos grandes cartazes, com a sua imagem, que
se vêem pelas ruas de Cotonou, cidade multicultural e multireligiosa.
Mas para
todos – cristãos, adeptos da Religião Tradicional Africana ou muçulmanos - o Papa
vem em nome de Deus, em nome da paz. Por isso, a sua vinda representa uma grande festa,
uma grande alegria para todo o povo beninês. Latif Traoré é um jovem muçulmano.
“Eu
sou muçulmano, está a ver, não sou católico, mas todos adoramos o mesmo Deus. E é
uma honra que o Chefe da Igreja Católica venha visitar o nosso país. E se a Igreja
Católica se tornar na primeira religião do Benin, bem, não é um problema. O essencial
é que permaneçamos na via de Deus. Se eu tiver ocasião irei ouvir a Palavra de Deus
trazida pelo Papa e ver se há algo a aprender dos católicos porque, afinal de contas,
é o mesmo Deus que adoramos. Não me incomoda ir ouvir o Papa falar, pregar porque
ele vem para a reconciliação. Portanto, que sejamos muçulmanos, católicos, evangélicos,
todos somos convidados a permanecer juntos e a acolhê-lo em boas condições e a ouvir
a Boa Nova que nos trouxe”
De todos os cantos do país, jovens e adultos já
começaram a chegar à capital, na esperança de poder ver de perto o Santo Padre e ouvir
as suas palavras.
“Ele vem confirmar-nos na fé, vem unir-nos. A sua vinda honra
o Benin e mostra que a África tem um lugar importante no mundo, que o futuro da humanidade
está também em suas mãos” refere a maioria das pessoas quando interpeladas sobre a
importância da visita do Papa.
Os motivos que trazem Bento XVI ao Benin, sabemos,
são vários: debruçar-se sobre o túmulo do seu grande amigo cardeal Gantin, memorável
filho desta terra; comemorar com o país o jubileu dos 150 anos de evangelização e,
sobretudo entregar aos bispos da África a Exortação Apostólica pós-sinodal sobre reconciliação,
justiça e paz. É, portanto, toda a África que se reúne em Cotonou para receber de
Bento XVI “Africae Munus”, o documento que irá guiar a Igreja na África no empenho
de dignificação dos filhos deste continente, humilhado ainda por diversas formas de
pobreza e de conflitos.
De norte a sul, de leste a oeste, delegações de bispos
e fiéis de toda a África já estão a encher a capital do Benin, a qual não poupa esforços
para acolher o chefe da Igreja Católica da melhor forma. Os últimos retoques estão
a ser dados às ruas e estradas por onde o Papa irá passar; os lugares de encontro
recém-pintados, igrejas e palcos enfeitados com as cores do Vaticano. Na Paróquia
de Santa Rita, onde o Papa encontrará as crianças, Júlia está concluindo a decoração
da igreja. Prevalecem o amarelo e o branco, cores do Vaticano, para dizer ao Papa
que está no Benin, mas que deve sentir-se em casa, como se estivesse no Vaticano.
Noteto um grande núcleo amarelo, donde partem ramificações brancas em tecido.
“É
uma teia de aranha, para dizer que estamos em cadeia e interligados ao mesmo tempo
pelo amor do Evangelho” – diz Júlia orgulhosa por a Paróquia onde nasceu e cresceu
receber a visita do Papa.
“Owau, para mim é um grande orgulho poder dizer que
o Papa virá à minha paróquia. Em toda esta grande cidade de Cotonou é a minha paróquia.
Sinto-me honrada, estou muito contente e orgulhosa. E a todos os que querem ouvir,
digo, é a minha paróquia. Sinto-me privilegiada”.
Um privilégio que se estende
a todo o Benin, oásis de paz, num continente sedento de reconciliação e justiça e
onde a Igreja tem um importante papel a desempenhar.