Benin: país pobre mas de grande riqueza humana. Entrevista com missionária
Cotonou
(RV) - A Congregação das Irmãs Marcelinas, fundada em 1838 na Itália e presente
no Brasil desde 1912, possui uma missão no Benin: na aldeia de GloYekon, a 30 Km de
Cotonou.
As religiosas atuam no âmbito da educação, cultura e assistência social
como instrumentos de promoção, defesa e proteção da infância, adolescência, juventude
e adultos. Em várias partes do mundo, desenvolve suas atividades por meio de colégios,
faculdades, hospitais, obras assistenciais, asilos, creches, educação popular e catequese
paroquial.
A Congregação está presente na Itália, França, Brasil, Inglaterra,
Suíça, Canadá, México, Albânia, Estados Unidos e Benin, sempre contando com o apoio
de leigos para a realização de sua missão.
Nossa colega Dulce Araújo é correspondente
para a RV. Ela entrevistou a Irmã Clarice Baseggio, da Congregação das Irmãs de Santa
Marcelina. Proveniente de Santa Catarina, a religiosa trabalha há 6 anos no Benin,
e descreve a realidade das aldeias do país:
“Nas aldeias aqui do Benin, quanto
mais ao norte se vai, mais crescem a pobreza e a miséria. A falta de água, a falta
de energia elétrica e a agricultura são muito pobres por causa da falta de chuva.
As pessoas são verdadeiramente pobres. Alimentam-se de farinha de mandioca. Nós procuramos
alimentar as crianças. Este ano, temos 265 crianças na escola. Recebemos ajuda principalmente
do Canadá, mas também da Itália e do Brasil, para alimentar estas crianças”.
Irmã,
portanto, há muita pobreza devido ao clima e à falta de chuva... mas qual é a riqueza
deste povo?
“Este povo é verdadeiramente rico, porque são ainda pessoas primitivas,
não foram ainda contagiadas pela maldade do mundo, pelas drogas, pelos maus exemplos
que muitas vezes a TV passa. Existe ainda aquela cultura da educação, do respeito,
da humildade. Eles são muito inteligentes, são abertos à mensagem de Deus que nós
queremos passar e à mensagem da cultura também. Não é um trabalho difícil, as pessoas
são abertas a receber nossa mensagem”. Com a senhora explica que haja tanta pobreza
num continente que se diz que é rico? Como é possível que o Benin, esteja ainda neste
estado de pobreza?
“Eu acredito que a primeira razão é o analfabetismo. As
pessoas vão pouco à escola. Se você for a uma aldeia, você encontra 80, 90% das pessoas
analfabetas. Então, elas cultivam a terra ainda com a enxada, com a foice; não têm
trator, não existe mecanização para fazer a terra produzir mais facilmente. Também
há falta de chuvas: só chove duas vezes por ano: entre maio e julho, chove bastante,
mas depois, de dezembro a abril, não chove. Então a terra é seca, não produz nada”.
(DA/CM)