O Grande encontro do Papa Bento XVI com a África: por detrás dos símbolos da historia.
Os significados de hoje.
(16/11/2011) Não obstante a frequência regular das Viagens Apostólicas á África,
sobretudo durante o Pontificado do Beato João Paulo II, as visitas pastorais do Sucessor
de Pedro suscitam sempre muito entusiasmo no continente. São uma fonte de graça para
o povo de Deus, que tem a possibilidade de ver mais de perto o Pastor da Igreja Universal
e escutar com atenção os seus ensinamentos, elaborados de propósito para o contexto
africano e cada vez minuciosamente contemplado, analisado e verificado.. O eco
de tais visitas, a nível local, torna-se ainda mais amplo a partir do momento que
muitas vezes elas coincidem com celebrações de grande empenho para a realidade interna,
ou porque trazem á atenção lugares símbolo para a Memoria da África, cuja historia
é marcada pelo alternar-se de momentos de gloria, episódios dramáticos e sofrimentos
infinitos. Neste sentido, a viagem ao Benim está marcada por elementos simbólicos
fortes:: O ano, durante o qual se efectua a visita, 2011, o Benim, país que recebe
o Papa, ex Reino de Dahomey Ouidah , ao mesmo tempo “Porta de trevas e de luz” Finalmente,
a Memoria do Cardeal Bernardin Gantin, grande servidor africano da Igreja Universal. 2011
é o ano das celebrações do 150 aniversario da Evangelização do Benim, iniciada em
1861 por obra de uma jovem Sociedade de Missões Africanas (SMA) no Dahomey, Reino
negreiro muito importante já no século XVIII, no qual, além da escravidão praticavam-se
anualmente sacrifícios humanos. São poucos os Estados africanos que podem celebrar
este género de efeméride durante estes primeiros anos do século XXI. Além disso,
é a partir do Reino de Dahomey que o Cristianismo começou a expandir-se nos países
limítrofes e outros: Nigéria, Togo, Gana, Alto Volta ( hoje Burkina Faso) Níger.
Portanto o Benim representa o ponto de partida para a divulgação da Fé católica em
grande parte dos Países da África Ocidental. Do ponto de vista da evolução politica
e social, o Benim foi além disso o primeiro País que acabou com um regime autoritário
marxista-leninista, graças á instituição de uma mesa de diálogo e concertação entre
as partes e com todas as forças vivas da Nação. A experiencia do Benim representa
o protótipo das Conferencias Nacionais, que numerosos países africanos adoptaram em
seguida para passar de um sistema monolítico a uma ordem politica democrática. Hoje,
não obstante as dificuldades de toda a espécie, os atrasos, os processos ás vezes
caóticos e os confrontos sangrentos que p desenvolvimento democrático exigiu, a maior
parte das Nações do continente procura estabelecer e consolidar um Estado de Direito
que favoreça a participação activa da população na vida publica e no desenvolvimento
sócio – económico colectivo. Precisamente no Benim, por ocasião da visita do Papa,
proceder-se-á á publicação da Exortação Pos-Sinodal, acto pontifício fruto das decisões
dos Bispos da África sobre as questões relativas á reconciliação, á justiça e á paz,
exigências mais do que nunca urgentes nos dias de hoje. Eis portanto o segundo
elemento forte desta viagem: a publicação e a entrega de um documento tão importante
para o futuro politico, económico e social do continente.
Ouidah.
O
acto solene da assinatura da parte do Papa Bento XVI da Exortação terá lugar numa
cidade que representa a porta de entrada da Luz de Cristo na maior parte dos Países
da África Ocidental.. Contudo a cidade, durante séculos foi um símbolo das trevas,
pois que no século XVII era um dos principais centros de vende e embarque de escravos,
no contexto do ignóbil trafico negreiro atlântico Com a difusão do Evangelho,
a partir de 1861, Ouidah assumiu o papel de farol do “reino dos valores cristãos”
Em
1914 foi criado além disso um Seminário Maior que acolheu estudantes do Togo, da Nigéria,
da Costa do Marfim e mais tarde, da Republica Centro Africana, do Congo e até mesmo
dos Camarões e que a partir de então contribui para a formação do clero, não só para
o Benim mas para a inteira região. A historia religiosa de Ouidah foi determinante
foi determinante para o crescimento e a consolidação da Igreja com um clero local
preparado, pronto para exercer o próprio ministério em grande parte do continente.Precisamente
neste Seminário Marior de Saint Gall de Ouidah, construído graças á ajuda financeira
da homónima diocese suíça, recebeu a sua formação sacerdotal o primeiro futuro arcebispo
metropolita da África francófona, natural do Benim: Bernardin Gantin, outro
símbolo forte no centro da Viagem Apostolica. A inteira vida do Cardeal Gantin
( 1922-2008 ) foi exemplar como o serviço que prestou ao seu país e em Roma enquanto
colaborador estreito de três Papa ( Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II) durante
o mesmo período do então Cardeal José Ratzinger ( hoje Bento XVI) do qual foi grande
amigo.
Concluímos esta reflexão sobre o significado do Reino de Dahomey
e de Ouidah – onde passaram milhões de seres humanos reduzidos ao estado de
simples mercadoria – sobre o papel que esta localidade e o inteiro País tiveram na
recepção do Evangelho de Cristo, e para a difusão fecunda do Cristianismo na região,
trazendo á memoria as palavras de S. Paulo: “Onde abundou o pecado, superabundou
a graça” ( Rm5,20) ( P. Joseph B. Ballong – Wen-Mewuda)