Yangun (RV) – Há sinais de abertura e novas brechas de democracia em Mianmar,
mas não obstante os progressos, “o processo de reformas exclui, inexplicavelmente,
as minorias étnicas: esta exclusão determina uma alta conflitualidade e uma grave
carência na pacificação do país” – observa uma fonte da agência Fides na comunidade
cristã birmanesa. Novas esperanças para o futuro democrático provêm da notícia de
que a líder da oposição, Aung San Suu Kyi, poderia se candidatar nas próximas eleições:
uma modificação na lei vigente relativa aos partidos políticos, já aprovada pelo Presidente
Thein Sein, abre o caminho ao retorno oficial ao cenário político da “Liga Nacional
pela Democracia”, partido de Aung San Suu Kyi.
Segundo a fonte da Fides, “é
uma notícia positiva” e “a comunidade internacional também pode saudar as reformas
em Mianmar com cauto otimismo”. No entanto, numerosas Organizações Não-Governamentais,
como a "Act for Peace", que faz parte de um Consórcio de associações humanitárias
engajadas na assistência aos refugiados no confim entre Tailândia e Mianmar, garantem
que “o pulso de ferro militar contra as minorias étnicas prossegue, com grande sofrimento
e a desapropriação de milhares de pessoas”.
No ano passado, segundo um Relatório
do Consórcio de ONGs enviado à agência Fides, “registrou-se um número de desalojados
maior em relação ao total dos últimos 10 anos: mais de 100 povoados de minorias étnicas
foram destruídos em operações militares e pelo menos 112 mil pessoas foram obrigadas
a fugir, principalmente em áreas habitadas pelas minorias karen, shan e kachin”. A
fonte da Fides explica: “Uma das principais causas do reinício da guerra foi a recusa,
de alguns grupos étnicos, em se transformarem em ‘forças de polícia de fronteira’:
o exército fez esta proposta com a idéia de controlar e desativar os grupos armados.
Por outro lado, os grupos pretendiam garantias que não lhes foram dadas. As
negociações foram assim, interrompidas, e o conflito recomeçou asperamente, como o
que está ocorrendo agora no norte do país, contra o povo kachin”. “Os militares –
conclui a fonte – terão ainda voz poderosa no presente e no futuro do país. A comunidade
internacional não deve subestimar as minorias étnicas. Além da situação dos ativistas
políticos detidos, urge uma constante atenção para a questão das minorias étnicas
e para a necessidade de reconciliação no país: só então poderá se ver algum progresso
real”. (SP)