A íntegra do comunicado final dos Presbíteros da Amazônia
Manaus (RV) - Os participantes do 1º Encontro de Presbíteros da Amazônia divulgaram
a mensagem final do encontro. O chamado ‘Nortão’ se realizou de 7 a 11 de novembro,
no Centro de Treinamento Maromba, com o seguinte tema: “A identidade e a espiritualidade
do Presbítero no processo de mudança de época”, e como lema: “Escolhidos entre os
homens e constituídos em favor da humanidade”.
Os destaques da discussão ficaram
por conta das reflexões sobre a dimensão da relação do presbítero com a comunidade,
retomando em outro contexto social a compreensão primeira da relação do ministro ordenado
com a comunidade.
Leia abaixo a íntegra da carta:
Aos Irmãos Presbíteros
dos Regionais Norte 1, Norte 2 e Noroeste
“Tendo, pois, um grande Sumo Sacerdote, que
atravessou os céus, Jesus, o Filho de Deus, continuemos firmes na profissão da
fé” (Hb 4,14)
Caríssimos Irmãos Presbíteros!
Com a presença de Dom Luis
Soares Vieira, Arcebispo de Manaus; Dom Mário Antônio, Bispo Auxiliar de Manaus; Dom
Roque Palosqui, Bispo da Diocese de Roraima e Presidente da CNBB Norte 1; Dom Esmeraldo
Barreto, Bispo da Diocese de Santarém e Referencial da CRP Norte 2; Dom Giuliano Frigeni,
Bispo da Diocese de Parintins e Dom Elói Róggia, Bispo da Prelazia de Borba e mais
150 Presbíteros, reunimo-nos de 07 a 11 de novembro de 2011, em Manaus (AM), no Centro
de Treinamento Maromba, realizando o grande sonho dos nossos Regionais: o I Nortão,
com o seguinte tema: “A identidade e a espiritualidade do Presbítero no processo de
mudança de época”, e tendo como lema: “Escolhidos entre os homens e constituídos em
favor da humanidade” (cf. Hb 5,1).
No início do encontro, Dom Luis fez a acolhida
e animou-nos primeiramente com o evangelista João: “Manifestei o teu nome aos homens
que no mundo me deste. Eles eram teus e tu os deste a mim, e eles guardaram a tua
palavra” (Jo 17,6). Desse modo conduziu-nos a pensar nossa espiritualidade diante
das mudanças de época e da realidade que nos circunda. Para ajudar em nossa reflexão
citou as bem aventuranças – os oito caminhos para que nosso ministério seja realmente
a partir de Jesus.
Sobretudo, intrigou-nos a frase: “O Presbítero deve ser
contemplativo na ação, mas também deve ser contemplativo na relação”.
Com a
assessoria do Padre João Batista Libânio, sj, refletimos sobre a identidade do presbítero.
Fez-se um rápido percurso histórico: desde a época em que o presbítero foi entendido
em relação à comunidade, escolhido por ela e para ela; passando pela valorização do
presbítero na sua pessoa individual, enquanto sacerdote ordenado e sua conseqüente
sacralização, até chegarmos ao processo de secularização que nos fez pensar a identidade
do presbítero em nova perspectiva.
Destacou-se nas reflexões a dimensão da
relação do presbítero com a comunidade, retomando em outro contexto social a compreensão
primeira da relação do ministro ordenado com a comunidade e essa temática foi aprofundada
nos dois dias de estudo.
Quanto à espiritualidade, partimos de uma concepção
dentro da unidade da religião cristã, refletindo sobre as mudanças que a modernidade
e pós-modernidade trouxeram e que levaram a perceber a distinção entre religião e
religiosidade (espiritualidade) e fé. Surgindo assim, espiritualidades independentes
da religião e da fé. Diante disso, atento aos apelos do Espírito, manifestado nos
sinais dos tempos, e como Igreja unida em Cristo, que somos, cabe a nós, presbíteros,
discernir qual o tipo de espiritualidade se faz coerente com a nossa fé, sobretudo,
na perspectiva, do seguimento de Jesus Cristo e sua prática narrada nos evangelhos.
O
I Nortão foi um conjunto de grandes momentos: momentos de intensa oração individual
e comunitária, de celebração e vivência da Eucaristia, de partilha de dons e ricas
experiências, de descobertas e redescobertas da identidade do presbítero.
Portanto,
irmãos, conscientes de que nossa identidade de presbítero está em constante movimento,
permitamos que ela se aperfeiçoe, descubra-se nos desafios da vida, no modelo de identidade
que é Jesus. Isto se fará no embate entre a consciência crítica da nossa própria identidade
e espiritualidade, diante de tantas tendências que nos interpelam e tentam nos afastar
da missão para a qual fomos chamados: evangelizar a partir de Jesus Cristo, como discípulos
missionários na Amazônia e fazer brotar riquezas ainda maiores nesta terra que tanto
amamos. (CNBB)