Nova Evangelização e a "Evangelii Nuntiandi": contribuição específica da Igreja e
a liberdade religiosa
00:06:00:00 Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, voltamos
ao nosso encontro semanal dedicado à nova Evangelização, desafio pastoral para a Igreja
no terceiro milênio que estará no centro do próximo Sínodo dos Bispos, a realizar-se
no Vaticano de 7 a 28 de outubro de 2012, com o tema "A nova evangelização para a
transmissão da fé cristã".
Em vista de tal importante evento eclesial que reunirá
bispos do mundo inteiro para uma aprofundada reflexão e debate em torno da nova evangelização
e temas afins – com suas implicações pastorais -, temos voltado nosso olhar para alguns
documentos magisteriais sobre a missionariedade da Igreja, patrimônio do qual dispomos
como ponto de partida para uma nova abordagem sobre a evangelização.
Nesse
sentido, nesta edição prosseguimos nossa revisitação à "Evangelii Nuntiandi", Exortação
Apostólica pós-sinodal do Papa Paulo VI, de 1975.
Na edição passada, com os
números 31, 32 e 33 tratamos do laço estreito e forte entre evangelização e promoção
humana, sem confusão nem ambigüidade, e libertação evangélica.
Com os números
38 e 39 concluímos hoje o capítulo III do documento, capítulo este que trata do "Conteúdo
da evangelização".
Contribuição específica da Igreja
38. "Dito
isto, nós regozijamo-nos de que a Igreja tome uma consciência cada dia mais viva do
modo próprio, genuinamente evangélico, que ela tem para colaborar na libertação dos
homens. E o que faz ela, então? Ela procura suscitar cada vez mais nos ânimos de numerosos
cristãos a generosidade para se dedicarem à libertação dos outros. Ela dá a estes
cristãos "libertadores" uma inspiração de fé e uma motivação de amor fraterno, uma
doutrina social a que o verdadeiro cristão não pode deixar de estar atento, mas que
deve tomar como base da própria prudência e da própria experiência, a fim de a traduzir
concretamente em categorias de ação, de participação e de compromisso. Tudo isto,
sem se confundir com atitudes táticas nem com o serviço de um sistema político, deve
caraterizar a coragem do cristão comprometido. A Igreja esforça-se por inserir sempre
a luta cristã em favor da libertação do desígnio global da salvação, que ela própria
anuncia. O que acabamos de recordar aqui emerge por mais de uma vez dos debates
do Sínodo. Nós próprios, aliás, também quisemos dedicar a este mesmo tema algumas
palavras de esclarecimento na alocução que dirigimos aos Padres sinodais no final
da Assembléia.(65) Todas estas considerações deveriam contribuir, ao menos é de
esperar que assim suceda, para evitar a ambigüidade de que se reveste freqüentemente
a palavra "libertação", nas ideologias, nos sistemas ou nos grupos políticos. A libertação
que a evangelização proclama e prepara é aquela mesma que o próprio Jesus Cristo anunciou
e proporcionou aos homens pelo seu sacrifício."
A liberdade religiosa
39.
"Desta justa libertação, ligada à evangelização e que visa alcançar o estabelecimento
de estruturas que salvaguardem as liberdades humanas, não pode ser separada a necessidade
de garantir todos os direitos fundamentais do homem, entre os quais a liberdade religiosa
ocupa um lugar de primária importância. Tivemos ocasião de falar, ainda há pouco,
da atualidade deste problema, pondo em relevo que há "muitos cristãos, ainda hoje,
que vivem sufocados por uma opressão sistemática, pelo fato de serem cristãos, pelo
fato de serem católicos! O drama da fidelidade a Cristo e da liberdade de religião,
se bem que dissimulado por declarações categóricas em favor dos direitos da pessoa
e das relações humanas em sociedade, é um drama que continua!"(66)
São palavras,
portanto, do Papa Paulo VI, na referida Exortação Apostólica pós-sinodal de 1975,
mas de grande atualidade também para a Igreja neste terceiro milênio.
E encerramos
nossa edição de hoje trazendo uma passagem contida na conclusão dos Lineamenta – publicação
preparatória para o referido Sínodo dos Bispos de outubro do ano que vem, nº 23 –,
na qual nos apresenta mais um das múltiplas definições de nova evangelização:
"Nova
evangelização, portanto, significa promover uma cultura profundamente enraizada no
Evangelho; significa descobrir o novo homem em nós, graças ao Espírito que nos foi
dado por Jesus Cristo e pelo Pai. O processo de preparação para a próxima Assembleia
Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, a sua celebração, seja para a Igreja como um
novo Cenáculo, em que os sucessores dos Apóstolos, reunidos em oração com a Mãe de
Cristo – com Aquela que foi invocada como a Estrela da Nova Evangelização[] - preparam
o terreno para a nova evangelização."
Amigo ouvinte, por hoje nosso tempo já
acabou. Voltaremos na próxima semana, se Deus quiser, prosseguindo nossa revisitação
à "EVangelii Nuntiandi", iniciando o capítulo IV, que tem como título "As vias de
evangelização". A você – como sempre – um grande abraço e até lá! (RL)