2011-11-12 17:05:14

Padre Lombardi: economia em crise precisa abrir-se a horizonte de gratuidade


Cidade do Vaticano (RV) - Falar da gratuidade como um elemento inovador do mundo das finanças pode aparecer uma provocação estéril. E, no entanto, num momento em que a corrida sem limites ao lucro praticada pelos mercados e por quem nele especula lançou o mundo no pântano de uma grave crise, muitos se perguntam quais modelos econômicos alternativos podem ser válidos, capazes de assegurar equidade e desenvolvimento.

Também Bento XVI, na Caritas in veritate, se interrogou sobre a questão, propondo a visão da Doutrina social da Igreja. É o que recorda o Diretor-Geral da Rádio Vaticano, Pe. Federico Lombardi, no editorial semanal "Octava dies" do Centro Televisivo Vaticano:

Enquanto a crise econômica castiga o continente europeu e suscita tensões, preocupações e angústias em boa parte do mundo, desafia as mentes e as capacidades de políticos e economistas, o discurso do Papa aos jovens reunidos em Roma por ocasião do Ano europeu do voluntariado poderia ser uma pequena contribuição a fim de encontrar um ponto de apoio para a esperança comum.

Trata-se de recordar-se da "gratuidade", ou seja, do não viver somente movido por interesses, mas pelo doar-se. Aquela gratuidade da qual o Papa já havia falado na última encíclica escrevendo:

"O mercado da gratuidade não existe e atitudes de gratuidade não podem ser dispostas por lei. Contudo, tanto o mercado quanto a política precisam de pessoas abertas à doação recíproca".

E acrescentava: "Para que haja verdadeira justiça é necessário acrescentar a gratuidade e a solidariedade"; "é preciso ir além da lógica dos equivalentes e do lucro finalizado a si mesmo".

São verdades que não ficam na abstração, mas que se concretizam na experiência diária melhor, a começar pela vida em família. Para inspirar os jovens, o Papa recorda também as palavras de Jesus: "De graça recebei, de graça dai!" (Mt 10,8).

Em suma, nem só de pão vive o homem. Mas também de relações entre pessoas livres que se respeitam e se preocupam umas com as outras e se amam, para além dos cálculos. Daí se constrói a confiança recíproca entre as pessoas e entre os povos. É o ponto de apoio necessário para novamente soerguer o mundo. (RL)







All the contents on this site are copyrighted ©.