Células-tronco adultas: Igreja anuncia início da experimentação
Cidade do Vaticano (RV) - Está em andamento no Vaticano o Congresso Internacional
que reúne cientistas que trabalham em pesquisas com células-tronco adultas.
No
total, 350 especialistas, personalidades políticas, bispos e embaixadores, participam
de três dias de debates dedicados a esse tema, ainda pouco conhecido pelo grande público
e que surge como uma alternativa ao recurso às células embrionárias.
Para a
Igreja, a pesquisa tem a vantagem de não interferir na vida desde a concepção, ao
contrário das células retiradas de embriões - consideradas promissoras por grande
parte da comunidade científica - mas que acarretam a destruição desses embriões.
As
células-tronco adultas localizadas, por exemplo, na medula espinhal, no sangue ou
no fígado, podem ser modificadas e formar tecidos com usos terapêuticos múltiplos:
curar doenças como a esclerose em placas ou leucemias.
Segundo o presidente
da fundação estadunidense ‘Stem for Life’, Max Gomez, a pesquisa evidenciou perspectivas
particularmente promissoras: tratadas especialmente, essas células podem não apenas
regenerar os tecidos de onde provêm, mas também adaptar-se a outros tecidos. Essas
terapias, em pleno desenvolvimento, abrem novas esperanças, principalmente para as
pessoas com doenças cardíacas e diabetes.
Para Dom Ignacio Carrasco de Paula,
presidente da Pontifícia Academia para a Vida, “a própria realização do colóquio derruba
a ideia segundo a qual a Igreja “estaria em briga” com a ciência, permanecendo fechada
numa atitude hostil.
“No campo da pesquisa médica, a Igreja sabe que não existe
alternativa à experimentação no homem, mas o que vale é que o homem não deve jamais
ser objeto, mas sujeito. Os atores são dois, médico e paciente” - disse o Cardeal
Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho da Cultura, que organizou o encontro.
Dom
Vincenzo Paglia, bispo de Terni-Narni, deve anunciar nesta quinta-feira, no encontro
no Vaticano, que depois de anos de expectativa, estaria tudo pronto para a experimentação
clínica de células-tronco adultas em pacientes com esclerose lateral amiotrófica,
na cidade de Terni. O jornal L’Osservatore Romano antecipou a notícia de que um grupo
de cientistas, coordenado e apoiado pelo bispo há anos, finalmente recebeu dos organismos
competentes as autorizações necessárias para iniciar o programa de experimentação.
A prática consiste no transplante de células-tronco do cérebro humano na medula espinhal
de 18 pacientes de esclerose lateral amiotrófica, cuja seleção deve começar em dezembro.
(CM)