Egito: marginalização dos cristãos pode transformar "primavera" em "inverno árabe"
Cairo (RV) - Uma delegação de representantes de várias confissões cristãs encontrou
nos dias passados, no Cairo, o xeque de al Azhar, Ahmed Al Tayyeb, e o grão-mufti,
Ali Gomaa, por ocasião da Festa do Sacrifício, uma das principais festividades islâmicas.
Logo após o encontro, Gomaa disse que "os egípcios estão unidos por um amor
sincero e por interesses comuns", que não existem diferenças entre cristãos e muçulmanos,
e que o Egito permanecerá a terra da paz e da segurança.
O encontro ocorreu
depois de vários membros cristãos alertaram para o risco de uma marginalização cristã
no processo de renovação e democratização dos países árabes. E em especial no Egito,
onde se aproximam as eleições parlamentares de 28 de novembro, as primeiras depois
da demissão do ex-presidente Hosni Mubarak. Mas de acordo com o Bispo copto ortodoxo
da diocese de Beba, os cristãos, que representam cerca de 10% da população, "estão
vivendo o momento mais difícil dos últimos séculos".
Segundo a União Egípcia
dos Direitos Humanos, 100 mil coptas deixaram o país desde o mês de março, emigrando
para os Estados Unidos, Canadá, Europa e Austrália. O que, para a revista, pode ser
o sinal de um "inverno árabe", afirmando que os cristãos podem contribuir para o processo
de democratização do mundo árabe. (BF)