2011-11-09 18:14:38

Conferência em Lisboa vai discutir «aberração institucional» do domínio franco-alemão


(9/11/2011) A Comissão Nacional Justiça e Paz organiza este sábado, em Lisboa, a conferência “O futuro da Europa”, que entre outros temas pretende refletir sobre a “aberração institucional” do domínio franco-alemão sobre os restantes países da União.
“Além de nada ter acontecido quando a Alemanha e a França não cumpriram os critérios de défice, o que acontece agora são encontros entre aqueles países para tomarem decisões que são impostas como se fossem de todos os membros do Euro”, afirmou à ECCLESIA o presidente da Comissão ligada à Igreja Católica.
Os responsáveis máximos do eixo franco-alemão “é que resolvem tudo e os outros que aceitem”, diz Alfredo Bruto da Costa, sublinhando que as decisões respeitantes ao continente “passam completamente por cima da cabeça das populações”.
“Isto não é a União Europeia mas um diretório de duas pessoas e dois países”, assinala o economista, que quer debater de “forma séria e consistente” a “aberração institucional” e o “défice democrático” causados pelo domínio da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, e Nicolas Sarkozy.
Em abril, quando a conferência foi programada, “houve sinais” que a Europa “era um conjunto de países lutando pelos seus interesses individuais”, e agora, com o avolumar da crise das dívidas soberanas de alguns países, aquela situação “tornou-se ainda mais clara”.
O especialista em questões relacionadas com a pobreza pensa que os estados da zona Euro têm duas alternativas: “Dar um passo em frente, no sentido de maior coesão, o que significa ter algumas políticas comuns, ou acabar com a União Europeia”.
“Estamos neste momento a meio da ponte: ou andamos para trás e damos como terminada a utopia que alguns europeus tiveram há algumas décadas, ou respondemos ao que a realidade está a exigir”, sustenta o responsável, para quem a Europa atravessa um período “muito frágil”.
O professor universitário defende o aprofundamento da coesão e salienta que os problemas económicos devem ser resolvidos em conjunto, em vez de cada país procurar solucionar a crise à margem dos restantes estados membros.
O primeiro dos três painéis da conferência denomina-se “Europa da cultura e dos valores”, contando com a participação do bispo do Porto, D. Manuel Clemente, além de Marçal Grilo, Viriato Soromenho Marques e Marina Costa Lobo.
“O problema dos valores está na agenda de todos quantos se preocupam com a forma pragmática e tecnocrática das decisões na Europa e até nas políticas nacionais”, refere Alfredo Bruto da Costa, que dá como exemplo o orçamento de Estado português para 2012.
O responsável considera que “a população nunca foi informada” dos critérios que presidiram à distribuição de verbas no orçamento para o próximo ano.
O programa da conferência, organizada em parceria com o Centro Nacional de Cultura e a Fundação Calouste Gulbenkian, prevê a participação de Mário Soares e Guilherme d’Oliveira Martins no painel “Europa política”, e João Ferreira Amaral e José Pena Amaral no debate sobre “Europa económica e financeira”.
A iniciativa decorre na Fundação Calouste Gulbenkian e tem entrada livre.

(Em Ecclesia)







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