2011-11-07 12:57:27

Fé e arte nos conduzem pela Basílica de São Francisco, em Assis


RealAudioMP3 Assis (RV) - Na semana passada, o Papa esteve em Assis, cidade italiana da Umbria onde viveu São Francisco, para encontrar-se com líderes de diversas religiões em prol da paz e da justiça. As atividades desenvolveram-se principalmente em duas basílicas. Sobre a Basílica de Santa Maria dos Anjos, falamos no sábado passado. Hoje, o Especial Catedrais leva vocês à Basílica de São Francisco, Patrimônio da Humanidade declarado pela Unesco.

Era 16 de julho do ano de 1228 quando Francisco foi proclamado Santo pelo Papa Gregório IX. Havia passado apenas dois anos da sua morte. No dia seguinte à proclamação, 17 de julho, o próprio Papa e o representante da Ordem dos Frades Menores, Frade Elias de Cortona, depositaram as primeiras pedras para a construção do templo. Este que passou a ser a sede dessa Ordem recém nascida, onde repousam, até hoje, os restos mortais de São Francisco.

Segundo a tradição, foi o próprio Francisco a indicar o lugar onde desejava ser sepultado. É a colina inferior da cidade onde, habitualmente, eram sepultados os “fora da lei”, os condenados pela justiça (talvez por isso fosse chamada de Colina do Inferno). Sobre aquela colina, que mais tarde veio a ser chamada a Colina do Paraíso, foi edificada a Basílica dedicada ao Santo.

A igreja foi projetada e supervisionada por Elias Bombardone, um dos primeiros seguidores do Santo. Esse templo, que foi uma das obras precursoras do gótico italiano – ainda com resquícios românicos -, foi então a sepultura do fundador da Ordem dos Frades Menores: São Francisco que, já há dois anos da sua morte, era uma das figuras mais significativas da história do cristianismo. E assim o local, desde aqueles tempos longínquos, passou a ser uma das principais metas de peregrinação de fiéis.

As relíquias dos Santos são, geralmente, dipostas em uma cripta. No caso de São Francisco, essa cripta tem proporções de uma igreja (porém não na altura), tanto que é denominada “Basílica Inferior”, meta preferida de quem passa por Assis e visitada pelo Papa na semana passada. Ela foi terminada em 1230 e, no dia de Pentecostes, em 25 de maio de 1230, o corpo de São Francisco foi levado para lá. A Basílica inferior, que representaria a penitência, consiste em uma nave central com várias capelas laterais dispostas em um labirinto coroado por arcos semi-circulares. Cobertas de afrescos de cores reluzentes, suas paredes mostram cinco cenas da Paixão de Cristo à direita e, à esquerda, cenas da vida de São Francisco. E são considerados nada menos que os melhores exemplos da pintura mural da Toscana.

Vamos então subir até a Basílica Superior. As luzes das velas agora dão lugar aos raios do “irmão sol que clareia o dia e que com sua luz nos ilumina” (Cântico das Criaturas, São Francisco de Assis). Sua construção foi de 1239 a 1253. Como a Inferior, esta também foi decorada pelos maiores artistas daquele tempo, vindos de Roma, Toscana e Umbria, como Giotto, por exemplo. Ao passarmos pela entrada principal – a arcada do covento dos frades – a profusão de cores nos vitrais e nos afrescos levam-nos a outra dimensão.

Grandes janelas permitem a entrada da luz pelos seus vitrais coloridos, enquanto em ambos os lados da nave, exibem-se afrescos com 32 cenas do Velho e do Novo Testamento.

A obra mais importante da Basílica é a série de 28 afrescos na parte baixa da nave atribuídos a Giotto. Ele teria usado a biografia de São Francisco para reconstruir os maiores eventos da vida do santo. A obra, datada de 1296 a 1304, ainda tem sua autoria discutida.

Saindo da Basílica, desse templo onde fé e arte são os fios condutores, tem-se a dimensão da grandiosidade dessa grande igreja, que clara e repleta de torres altas e janelas grandiosas domina a paisagem. Uma paisagem que agora é de outono no hemisfério norte e que aqui nos leva a invocar o “irmão vento”, que, pelo legado espiritual de São Francisco, carrega a Boa Nova a todos os confins da “irmã terra, a mãe terra, que nos sustenta e governa, produz frutos diversos, flores e ervas” (Cântico das Criaturas, São Francisco de Assis).

Especial Catedrais encerra por aqui o passeio pela Basílica dedicada a um dos santos mais queridos pelos brasileiros. Voltamos no próximo sábado. Bom final de semana! (ED)








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