Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Bento XVI recebeu
na última segunda-feira, dia 31 de outubro, em audiência, o novo Embaixador do Brasil
junto à Santa Sé, Almir Franco de Sá Barbuda, para a apresentação das suas Cartas
Credenciais. Como já é praxe nestas ocasiões tanto o embaixador que apresenta suas
credencias, como o Santo Padre que as recebe, fazem discursos, quase sempre sublinhando
a importância das relações diplomáticas entre a Santa Sé e o país do novo diplomata.
Também na última segunda esse rito se repetiu. Nos vinte minutos do encontro o embaixador
Almir Franco de Sá Barbuda, ex-Cônsul-Geral em Washington, sublinhou a honra de representar
o governo de “uma nação com mais de 68% de sua população católica, a maior do mundo
em número de fiéis, e com o maior episcopado dos cinco continentes”. Também os 185
anos de relações diplomáticas entre o Brasil e o Vaticano foram lembrados no contexto
do Acordo sobre o Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil, assinado em 2008
e promulgado em 2010, que passou a regulamentar o relacionamento entre os dois Estados.
Já no seu discurso o Papa Bento XVI recordou sua visita ao Brasil em 2007, afirmando
que o carinho que recebeu dos brasileiros “permanece indelével” em suas lembranças.
E agradeceu o apoio manifestado, seja do Governo, seja da diplomacia brasileira junto
à Santa Sé, para a organização da 28ª Jornada Mundial da Juventude, "que se realizará,
se Deus quiser, em 2013 no Rio de Janeiro". Depois de recordar a fecunda história
do nosso país com a Igreja Católica, iniciada na primeira missa celebrada em 26 de
abril de 1500, e dos monumentos de fé, como é o caso do Cristo Redentor, que se tornou
símbolo de identificação mundial do Brasil, o Santo Padre afirmou que a Igreja mais
do que construções materiais, ajudou a forjar o espírito brasileiro caracterizado
pela generosidade, laboriosidade, apreço pelos valores familiares e defesa da vida
humana em todas as suas fases. Falando do acordo assinado entre a Santa Sé e o Governo
Brasileiro, o Santo Padre afirmou que longe de significar que o Estado assume ou impõe
um determinado credo religioso, o acordo indica o reconhecimento da religião como
um valor necessário para a formação integral da pessoa. Por fim, no campo da justiça
social, Bento XVI recordou que o Governo brasileiro sempre poderá contar com a Igreja,
principalmente nas iniciativas que visam a erradicação da fome e da miséria, ajudando
os mais necessitados a livrarem-se da sua situação de indigência, pobreza e exclusão. Um
discurso do Santo Padre breve mas intenso; intenso no fato de tocar pontos essenciais
de um relacionamento que ao longo dos anos somente se intensificou e cresceu. O Brasil
e o seu governo sempre tiveram uma relação frutífera com a Santa Sé e com a Igreja
Católica presente em todo o território nacional. Basta recordar que a fé católica
chegou à nossa terra 500 anos atrás e ali se fixou como elemento de suma importância
da própria cultura do seu povo. De fato um dos primeiros atos em terra firme dos
descobridores portugueses foi a Santa Missa, uma ação de graças pela viagem, mas acima
de tudo pela chegada à nova terra, a terra de Santa Cruz. O ato da última segunda-feira
foi mais um momento na longa caminhada entre os dois países, - em palavras simples
– entre o Papa, o líder da Igreja católica e o país mais católico do mundo. Um momento
que reafirma as boas relações entre os dois Estados. Aqui os nossos votos de um frutuoso
trabalho ao Embaixador Almir e à sua equipe, para que possa da melhor maneira possível
representar um país que tem a Cruz no seu céu, e no coração o amor por Jesus e seu
Vigário, o Santo Padre. (Silvonei José)