Cardeal Montezemolo: "deixar a Terra Santa é trair Cristo"
Roma (RV) - O Cardeal Andrea Cordero Lanza di Montezemolo, ex-Núncio Apostólico
em Israel, exortou todos os cristãos do mundo a recordarem que Jesus existiu e que
se os cristãos abandonarem a Terra Santa estariam traindo Cristo. O Cardeal Montezemolo
é recordado por seu trabalho bem sucedido nos países que hoje compartilham a Faixa
de Gaza. Em 1990 foi nomeado Delegado Apostólico em Jerusalém e Palestina, e após
difíceis negociações, obteve o estabelecimento de relações diplomáticas entre a Santa
Sé e o Estado de Israel, sendo o primeiro Núncio Apostólico naquele país.
Em
uma entrevista concedida ao grupo ACI em Roma, o Cardeal explicou que “os cristãos
devem continuar com sua presença em um lugar que se tornou famoso por causa de Cristo”.
Naqueles enclaves “onde Jesus viveu, Ele fez toda a ação redentora, isso não é possível
negar”. “Se os cristãos deixaram a Terra Santa seria como trair a Cristo”, afirmou.
O Cardeal indicou que na Terra Santa é necessária a participação dos cristãos
tanto no campo do direito, como também dentro de outras possibilidades concretas.
“Muitos cristãos vão embora, deixam a Terra Santa porque não encontram possibilidades
ou facilidades para viver, para trabalhar então deve-se fazer toda uma ação para que
possam permanecer e seguir dando testemunho de sua fé”, explicou. O purpurado conseguiu
no ano 1997 que fossem reconhecidas em Israel todas as instituições católicas, como
entidades jurídicas para poder viver publicamente e ter direito a propriedades, uma
conta no banco ou apresentar-se ante um tribunal.
“Isto foi muito importante,
os acordos seguiram durante esses anos sobre outros diálogos, outras reflexões, outros
pontos, há sempre que melhorar, que esclarecer, e fixar os direitos e os deveres de
todas as instituições católicas em Israel, ante Israel, mas também ante a Palestina,
com a qual não há ainda um intercâmbio diplomático porque a Autoridade Palestina e
a Palestina como tal não é um Estado”.
O purpurado explicou que quando o Estado
palestino for reconhecido de maneira especial pela Organização das Nações Unidas,
“não haverá nenhuma dificuldade para estabelecer também relações em nível de nunciatura
e embaixada, segundo a Convenção de Viena”. “Nestes últimos tempos foram dados passos
avante para reconhecer os dois estados. Não é fácil, porque há muitos problemas que
permanecem e não encontraram ainda uma solução”, recordou.
Dom Montezemolo
afirmou que a atividade da Custódia da Terra Santa necessita de uma voz no campo internacional,
“não somente para informar, mas também para convidar a estudar, a conhecer”. “Diz-se
que a Terra Santa, os monumentos da Terra Santa são como o quinto Evangelho, e é verdade
porque falam de algo que não é somente museu, algo que tem que representar uma vitalidade
para todos os cristãos e de maneira especial os católicos de hoje”, concluiu. O
Cardeal Montezemolo também foi Núncio Apostólico em diferentes países da América Latina,
como a Nicarágua, Honduras e Uruguai, e escreveu um livro sobre as Catequese Paulinas
de Bento XVI. Atualmente é Arcebispo Emérito da Basílica de São Paulo fora dos Muros
de Roma. (SP)