2011-11-04 11:08:34

Promotor de justiça da Congregação para a Doutrina da Fé apela à colaboração com autoridades civis em casos de abusos sexuais. Análise do passado deve ajudar a corrigir respostas desadequadas das instituições, incluindo a Igreja


(4/11/2011) O promotor de justiça da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF) afirmou que a Igreja deve cooperar com a “autoridade civil” nos casos de abusos sexuais de menores por membros do clero ou em instituições eclesiais.
Monsenhor Charles Scicluna assinala que “o abuso sexual de menores não é apenas um delito canónico ou a violação de um código de conduta interno de um instituto, religioso ou não”.
O responsável pelo ministério público do tribunal da CDF, organismo da Santa Sé, falava num seminário internacional sobre a proteção de menores, em Roma.
Neste contexto, foi citada a carta circular da Congregação, publicada em maio deste ano, na qual se determinava o seguimento das “prescrições das leis civis no que toca o remeter os crimes às autoridades competentes, sem prejudicar o foro interno sacramental”.
“É evidente que esta colaboração não se refere só aos casos de abuso cometidos por clérigos, mas diz respeito também aos casos de abuso que implicam o pessoal religioso ou leigo que trabalha nas estruturas eclesiásticas”, indicava a CDF.
Monsenhor Charles Scicluna falou também na importância de “revelar os abusos” que possam ter acontecido, denunciando-os às “autoridades superiores”.
“Quando a denúncia diz respeito a ministros religiosos, a divulgação pode ser dificultada por considerações erróneas e deslocadas de lealdade e pertença”, referiu o responsável.
A intervenção apelou a uma “análise honesta” para “perceber o que não funcionou nos trágicos casos nos quais não se geriu a situação e nos quais a resposta aos abusos de menores foi desadequada, por causa de uma preocupação mal entendida pelo bom nome das instituições”.
Para o promotor de justiça da CDF, qualquer caso que envolva membros do clero “desacredita o sacerdócio ministerial e lança a sombra da delinquência, do crime e do comportamento errado sobre incontáveis representantes do clero e agentes pastorais inocentes”.
“Todos devemos reconhecer com honestidade intelectual e ter consciência do facto de que o abuso de um menor é uma trágica ferida para a dignidade da própria família humana”, prosseguiu.
Monsenhor Charles Scicluna considera que a Igreja Católica “sabe bem que todas as vezes que um dos seus ministros – seja um bispo, um sacerdote, um diácono ou um agente pastoral leigo – abusa sexualmente de um menor, uma trágica ferida é infligida à comunidade”, para lá do “indescritivelmente repugnante causado à criança”.
“As instituições, incluindo as Igrejas, fariam bem em mostrar a sua abertura à pesquisa e ao desenvolvimento no campo da prevenção dos abusos sobre menores”, observou.








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