Papa a Embaixador da Costa do Marfim: promover a paz mediante a busca harmoniosa da
verdade e da justiça
Cidade do Vaticano (RV) - Bento XVI iniciou seus compromissos desta sexta-feira
recebendo em audiência, no final da manhã, o novo embaixador da Costa do Marfim junto
à Santa Sé, Joseph Tebah-Klah.
Reconciliação entre as várias expressões do
país e transparência na gestão interna: foram as principais exortações que o Santo
Padre dirigiu aos responsáveis pela coisa pública na Costa do Marfim, em seu discurso
ao diplomata ebúrneo.
De fato, o Pontífice o recebeu para a apresentação das
credenciais, no ano em que se recorda o 40º aniversário do início das relações diplomáticas
entre a Santa Sé e o país da África ocidental.
"Foi com grande preocupação
que acompanhei o drama da crise pós-eleitoral vivida por seu país", uma crise que
"minou a coesão social e levou a divisões" ainda não superadas.
Parte daí a
análise de Bento XVI sobre a Costa do Marfim. Um olhar claro e palavras que centralizam
diretamente o principal fator de desequilíbrio da nação africana, pátria de cerca
de sessenta etnias que devem encontrar as bases de uma nova convivência e que, nesse
seu esforço, podem ser modelo para toda a África:
"A grave crise que a Costa
do Marfim viveu levou também a graves violações dos direitos humanos e a muitas vítimas.
Encorajo, então, o seu país a promover todas as iniciativas voltadas à paz e à justiça.
Não tenham medo de encontrar a verdade sobre os crimes e as violações cometidas contra
os direitos humanos. Somente através da busca harmoniosa da verdade e da justiça será
possível viver juntos."
Sobre a questão, Bento XVI disse ver de bom grado a
instituição da "Comissão Verdade-diálogo-reconciliação" e fez votos de um trabalho
"diligente" e, sobretudo, "imparcial".
Também quando endereçou a sua reflexão
sobre outro ponto dolente, ou seja, a necessidade de a Costa do Marfim derrotar a
planta endêmica da corrupção, o Papa reiterou a necessidade de equidistância ao considerar
o passado em função de um futuro mais estável:
"Gostaria de encorajar os responsáveis
de seu país a se comprometerem resolutamente no caminho rumo a uma governança transparente
e equânime, e vejo de bom grado o código de boa conduta para os membros do governo,
adotado na primeira quinzena de agosto. Para alcançar o bem comum são necessários
disciplina, justiça e transparência na governança. Cabe aos políticos fazer todo esforço
para assegurar que todos os cidadãos possam desfrutar igualmente da riqueza do país."
Em
seguida, o Santo Padre pediu respeito pelos "inalienáveis direitos do outro" e pela
"sacralidade da vida humana", bem como pela liberdade religiosa. E reiterou o compromisso
da Igreja marfinense em trabalhar com as instituições do Estado pela reconstrução
do país.
A Igreja, observou o Pontífice, "não pretende substituir o Estado",
mas através de suas muitas instituições educacionais e de saúde pode dar uma grande
ajuda a um país que precisa de "curar muitas feridas do corpo e da alma".
Ademais,
qual poderia ser o futuro e o desenvolvimento de uma nação "sem instituições educacionais
fortes que ensinem e promovam os valores morais, intelectuais e espirituais? Estou
certo – concluiu – de que esse projeto educacional já constitui uma prioridade para
construir a Costa do Marfim do amanhã dinâmica e próspera, pacífica e responsável".
(RL)