Relatório afirma: "violência armada é causa de subdesenvolvimento"
Genebra (RV) – A violência armada é tanto a causa quanto a consequência do
subdesenvolvimento: afirma o relatório “Fardo Global da Violência Armada 2011”, (Global
Burden of Armed Violence 2011), publicado na última semana, em Genebra, na Suíça,
elaborado por 100 países membros da Declaração de Genebra sobre Violência e Desenvolvimento.
O relatório, cuja conteúdo foi divulgado pelo agência Fides, mostra que 526 mil pessoas
morrem violentamente todos os anos, mas somente 55 mil perdem a vida em conflitos
ou em atos de terrorismo. Além disso, 396 mil pessoas, das quais 66 mil mulheres,
são vítimas de homicídio voluntário, 54 mil de homicídio não premeditado e 21 mil
perdem a vida durante intervenções da parte das forças de segurança.
Os conflitos
entre violência política, criminalidade e violência inter-pessoal são sempre mais
turvos, como revelado nos casos de homicídios ligados ao tráfico de droga na América
Central o no caso de piratas envolvidos nas violências na Somália” – disse Keith Krause,
um dos autores do relatório. 25% de todas as mortes violentas se verificam em somente
14 países, com um índice médio anual de mais de 30 mortes violentas a cada 100 mil
habitantes, cuja metade na América.
Enquanto as vítimas dos conflitos armados
muitas vezes ocupam os títulos dos meios de comunicação, os níveis de violência armada
em alguns países sem conflitos declarados, são parecidos aos das áreas de conflito.
Fazendo uma média, de 2004 a 2009, o número per capita de mortos foi mais elevado
em El Salvador do que no Iraque.
Nesse mesmo país contam-se vários episódios
de crimes. No México, o índice de mortes violentas no país em 2009 subiu para 18,4
para cada 100 mil habitantes; enquanto em Ciudad Juárez, no norte do país, esta taxa
atingiu 170,4 assassinatos por 100 mil habitantes, no mesmo ano, ou seja, 20 vezes
maior que o índice global.
O relatório global sobre a violência armada estabelece
uma correlação entre violência letal e desenvolvimento. “Os estados com elevados índices
de violência letal muitas vezes acham difícil atingir os Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio” – disse Keith Krause. “Sabemos também que quando um país cresce em termos
de desenvolvimento, é muito provável que mostre uma diminuição dos níveis de violência
letal”.
Em 2006, os representantes destes 100 países membros da Declaração
de Genebra sobre Violência e Desenvolvimento concordaram no objetivo de identificar
medidas concretas para a prevenção e a luta contra a violência armada, e a promoção
do desenvolvimento sustentável. A Igreja Católica há muito tempo reconheceu a gravidade
desta situação e se propôs como prioridade a formação à não violência, denunciando
muitas situações intoleráveis. (SP)