O diálogo dos católicos com outras crenças no Brasil
Cidade
do Vaticano (RV) - Nestes dias em que os olhos do mundo religioso estão voltados
para Assis, onde o Papa se reuniu com os líderes das religiões em uma Jornada de Oração
pela Paz, o Programa Brasileiro aborda o tema do diálogo dos cristãos com judeus,
muçulmanos, membros do Candomblé e das Igrejas Pentecostais no Brasil.
Segue
entrevista com o Pe. Elias Wolff, assessor da Comissão Episcopal para o Ecumenismo
e o Diálogo Inter-religioso:
"Em São Paulo, os muçulmanos, os judeus, sobretudo
também budistas, membros das tradições afros e também hindus e entre outras tradições
religiosas, têm feito caminhadas pela liberdade religiosa. Também no Rio de Janeiro
realizam-se caminhadas pela liberdade religiosa. O diálogo oficial, podemos dizer,
bilateral, existe entre católicos e judeus, aqui no Brasil. Temos a comissão do diálogo
católico-judaico desde 1998. Alias, agora na próxima semana, esta última semana de
outubro, vai se realizar a assembleia católico-judaica em Curitiba.
Nós estamos
programando um evento muito significativo para o dia 24 de março, em Foz do Iguaçu,
um encontro entre católicos e muçulmanos, com um tema muito instigante: refletir sobre
Maria como símbolo de unidade dos povos e das culturas, Maria como geradora da vida,
protetora da vida. Este evento já teve lugar no Líbano, em março deste ano: católicos
e muçulmanos refletiram sobre Maria em 24 de março, e inclusive uma imagem de Maria
foi colocada diante do Museu Nacional do Líbano. Vamos realizar este evento em Foz
do Iguaçu, no próximo ano com este significado: Maria como símbolo da união dos povos,
na região fronteiriça e nas duas tradições: islâmica e cristã, ou islâmica e católica,
mais especificamente. No islã, Maria tem um significado muito importante no Alcorão
e na tradição islâmica, e nós, católicos, temos um grande amor por ela.
Outra
iniciativa para o diálogo inter-religioso no Brasil é a criação de um núcleo do diálogo
católico-candomblé. Entendemos as dificuldades existentes na compreensão, o conhecimento
das religiões de tradição afro no Brasil, os problemas do sincretismo e estamos criando
um núcleo de diálogo para podermos conhecer melhor o que é tradição do candomblé e
também para possibilitar possíveis esclarecimentos de como caminharmos juntos par
uma sociedade melhor no Brasil”.
Pe. Elias Wolff discorre também sobre as dificuldades
no campo do diálogo católico-pentecostal em nosso país:
“É um terreno ainda
difícil de se caminhar é o diálogo católico-pentecostal no Brasil. O que nós temos
até o momento, é o que chamamos de ‘EnCristos’: encontros de cristãos em busca de
unidade e santidade. Realizamos 3 encontros católico-pentecostal com algumas pessoas
que do pentecostalismo estão abertas par momentos de oração comum, abertas para o
louvor, abertas a uma reflexão. No entanto, isso não chega a atingir ainda comunidades
pentecostais, só pessoas do meio pentecostal que têm uma formação teológica bastante
positiva, uma postura, atitude de diálogo, de respeito para com a tradição católica,
não buscam criticar sempre. De modo que com muita dificuldade, estamos ‘ensaiando’
alguns passos para o diálogo católico-pentecostal”. (BF-CM)