Cidade do Vaticano (RV) - A Ong União Egípcia para os Direitos Humanos revelou
esta semana, no Cairo, que desde a queda de Mubarak já abandonaram o país mais de
10 mil coptas. A maior parte é formada por jovens com formação superior que temem
o fanatismo religioso de vários grupos muçulmanos e se sentem discriminados pelas
autoridades militares.
Desde o golpe que derrubou o antigo presidente Nasser,
nos anos 50, a minoria cristã não alcança posições de chefia nas funções públicas
e teve dificultada a autorização para a construção de novas igrejas.
Entre
março e outubro, o fanatismo dos muçulmanos contra os cristãos revelou-se em ataques
sangrentos a quatro igrejas e em confrontos que causaram a morte a mais de 60 pessoas.
Os ataques são perpetrados por partidários da corrente salafista, que atualmente obedecem
às tradições mais puritanas do Islã e da Irmandade Muçulmana, estes últimos tidos
como inspiradores da Al-Qaeda.
Até agora não foi detido nem julgado nenhum
muçulmano acusado de envolvimento nos ataques aos cristãos do Egito, ao contrário
do que tem repetidamente acontecido com outros dissidentes políticos egípcios.
Naguib
Gabriel, diretor da ONG União Egípcia dos Direitos Humanos classifica de “negro” o
futuro desta minoria religiosa. “Antes da revolução – acrescentou - eram perseguidos
indiretamente, mas agora os salafistas e a Irmandade Muçulmana atacam de forma aberta
e direta”.
Muitos observadores árabes e ocidentais defendem que as elites militares
do país, indiferentemente de serem fiéis ou dissidentes de Mubarak, estão interessadas
neste clima como forma de se perpetuarem no poder, num país onde a população deseja
segurança e estabilidade.