Cardeal Ravasi explica participação de intelectuais agnósticos em encontro de Assis
Cidade do Vaticano (RV) - Daqui a dois dias, em Assis (próxima quinta-feira,
dia 27), expoentes de todas as religiões se reencontrarão juntos com o Papa para um
momento de reflexão, diálogo e oração pela paz e a justiça no mundo. O evento terá
lugar à distância de 25 anos do encontro de Assis, realizado por iniciativa de João
Paulo II.
Diferentemente de então, nesta edição – que tem como título "Peregrinos
da verdade, peregrinos da paz" – tomarão parte alguns intelectuais agnósticos, convidados
pelo Pontifício Conselho para a Cultura.
Em entrevista ao Presidente do dicastério
vaticano, Cardeal Gianfranco Ravasi, nossa colega Francesca Sabatinelli procurou saber
o motivo desse convite particular:
Cardeal Gianfranco Ravasi:- "O conceito
de verdade, neste último período histórico, sofreu uma profunda transformação em relação
à concepção tradicional. A concepção clássica afirma que a verdade é uma realidade
em si, objetiva, que nos precede e nos excede. Agora, ao invés, o conceito de verdade
é muito subjetivo. Por isso creio que devemos, ainda, reencontrar a grande concepção
clássica e cristã de verdade, e, hoje, muitos homens de cultura estão caminhando nessa
direção."
RV: Assis 2011: qual relação podemos encontrar entre as religiões?
Cardeal
Gianfranco Ravasi:- "Seguramente, há, por um lado, um contato constante, sobretudo
nas grandes expressões religiosas. Por outro lado, registramos também um fenômeno
de dificuldade. Pensemos, por exemplo, no fenômeno dos fundamentalismos. Por esse
motivo, a cor que se pode usar para representar essa atmosfera é quase claro-escura:
muito clara porque os diálogos são muito mais fecundos, mas por outro lado existem
insurgências ligadas, ao invés, a tensões, a identidades excessivas, que quase repelem
o outro. É preciso ver Assis como uma etapa importante para reiterar a cor clara da
situação em que nos encontramos." (RL)