Associação Mulheres e Ciência: os desafios da mulher no mundo científico
Roma (RV) – Os desafios da mulher no mundo científico. Esse é o tema de uma
entrevista realizada pela Rádio Vaticano com a Presidente da Associação “Mulheres
e Ciência”, Flavia Zucco. Ela, que por anos foi a Diretora de Pesquisa do Instituto
de Neurobiologia e Medicina Molecular de Roma, falou sobre os preconceitos que as
mulheres devem enfrentar nesse meio profissional, ainda predominantemente masculino.
Entre as dificuldades encontradas pelas mulheres no mundo da ciência, citou
a crença de que estas não sejam adequadas à ciência, por tratar-se de matéria que
requer muita racionalidade. “Esse cliché de que as mulheres são emotivas e não racionais
é repetido inclusive por pessoas cultas do mundo científico”, disse ela, o que é lamentável
e torna-se um empecilho.
Outro problema por ela evidenciado é a questão do
poder: “os homens que, nesse meio, obtiveram o monopólio do poder por tanto tempo,
não gostam da ideia de deixa-lo, de larga-lo para dar espaço à mulheres”.
Uma
armadilha para as evoluções das mulheres nesse campo, segundo a cientista, é a de
que as novas gerações podem incidir no erro de pensar que as conquistas já foram feitas.
“Isso não é verdade – afirma categoricamente -, é preciso continuar a trabalhar para
sermos respeitadas, para que os aspectos e as características femininas seja respeitadas
(características que dão às mulheres uma visão mais ampla dentro do mundo da ciência),
precisamos que a linguagem de gênero seja respeitada”.
Sobre os desafios
do futuro ressaltou que precisamos trabalhar para obter uma avaliação correta, baseada
na competência científica e na excelência profissional.
Ela explicou também
sobre o trabalho da Associação Mulheres e Ciência, que têm, entre outras atividades,
trabalho junto às escolas, conferencias anuais sobre as questões da ciência, a inserção
em projetos europeus, a criação de um banco de dados sobre tudo que foi feito e publicado
pelas mulheres na ciência desde os anos 80 e, atualmente em andamento, o projeto Mulheres
e Ciência do mediterrâneo, que envolve argelinas, marroquinas e egípcias, por exemplo.
Flavia destaca que a rede permite reforçar a presença feminina nesse campo e promover
abertura às novas ideias.
“As mulheres avançaram muito, mas não podemos parar
por aqui, esse é o dever das novas gerações de mulheres cientistas”, encerrou a entrevista.
(ED)