Refugiados togoleses no Campo de Agamé, Sul do Benin A Cáritas, uma “mãe” que
compreende e orienta
A chuva bate ruidosa sobre o tecto da escola materna onde, graças à Caritas-Benin,
os pequenitos são orientados quotidianamente. Mas desta vez, nos seus longos banquitos
estão sentados refugiados adultos. Foram ali reunidos pela Secretária Geral da Cáritas
nacional, irmã Léonie Dochamou, para dar a conhecer ao mundo, através da Rádio
Vaticano, a vida que levam nesse Campo, onde se encontram desde 2005. De forma
ordenada, muitos exprimem o desejo de falar. O primeiro a fazê-lo é o presidente da
coordenação do Campo, Djagbassou Eklou Kodjo. Para esse ex-professor secundário,
como para tantos outros, é inaceitável viver nessa situação de dependência que parece
tornar-se perene. Também Ahoulou Koffi, chefe de um dos bairros, toma a palavra.
Lamenta-se pelo facto de não terem até hoje um estatuto claro de refugiado; pelas
despesas para a saúde que, no seu dizer, têm de assumir totalmente; e pelas difíceis
condições de habitação e higiene no Campo. Tanto o assistente social da Cáritas, Michel
Kodjela como a própria irmã Léonie esclarecem cada um dos pontos e colhem
a ocasião para pôr mais uma vez em relevo a política de acção da Cáritas: despertar
no refugiado o espírito de iniciativa, de responsabilidade, de solidariedade. Situado
na Diocese de Lokossa, a cerca de 150 km de Cotonou, o Campo (22 hectares de superfície,
5 dos quais dedicados à agricultura) está organizado em jeito de cidade: subdivisão
em zonas, bairros, serviço de segurança, de administração, pequenas actividades comerciais
e empresariais para ganhar a vida, etc., etc. Mas, é claro que falta o essencial:
a possibilidade de viver normal e dignamente no próprio país. É que aos olhos dos
cerca de 3 mil refugiados que ainda permanecem no Campo (inicialmente eram 15 mil),
o Togo - não obstante os esforços da Comissão Verdade, Justiça e Reconciliação presidida
por um bispo do país – não é ainda um país seguro e, por isso, não querem regressar
à Pátria. Então, a Cáritas-Benin, em colaboração com o ACNUR, assiste-os e encoraja-os
ao regresso voluntário. Mas os refugiados do Campo de Agamé não são os únicos
nem em África, nem no mundo, onde aqueles que fogem a guerras e conflitos rondam
os 70 milhões. Para sensibilizar a um acolhimento fraterno dos refugiados - em
continuidade com a iniciativa musical para a justiça e a paz realizada no âmbito do
segundo Sínodo dos bispos para a África em Outubro de 2009 e em 2010 para o Médio
Oriente - este ano a Associação Hope ligada à pastoral juvenil da Conferência Episcopal
italiana quis organizar, neste dia 19 de Outubro, mais um concerto-evento, desta vez
sobre a questão dos refugiados no mundo - refere Marco Brusati neste número
de AFROFONIA conduzido por Filomeno Lopes e Dulce Araújo, que
visitou o Campo de Agamé no início do mês, na sequência duma reunião da Cáritas-África
em Lomé, no Togo. Oiça o programa em italiano e fique a saber mais sobre o assunto
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