Campanha (RV) - Nós nos reunimos para nos encontrar com Deus. Mas, para chegar
a Ele, é preciso passar pela porta de entrada, que é o povo, com suas angústias e
esperanças, pois Deus não quer um amor elitista e intimista. Ele nos garante, por
meio de seu Filho Jesus, que ser fiel a Ele é sentir com o povo que sofre, ama e espera. Os
fariseus procuravam provar, diante do povo, que Jesus não sabia interpretar a Lei
de Moisés e que, portanto, não seria uma pessoa digna de crédito. A questão que é
colocada é verdadeiramente complicada e responde a uma preocupação especialmente sentida
entre os fariseus e os mestres da lei. O estudo da Lei de Moisés os havia levado a
deduzir dela uma série interminável de preceitos. Diante da impossibilidade de
relembrar e praticar todos esses preceitos, surgiu a pergunta que eles mesmos se faziam
e que agora é apresentada a Jesus: qual seria o maior mandamento da Lei? Diante
da resposta de Jesus, os mestres da lei ficaram atônitos. Jesus situa a questão em
relação a profundas opções. O essencial não é saber qual é o mandamento mais importante,
mas procurar a origem de todos eles. Jesus propõe duas chaves: amar a Deus e amar
ao próximo. Todos os ensinamentos da Lei e dos Profetas podem ser reduzidos a esses
dois mandamentos. Os primeiros cristãos usavam a expressão “a Lei e os Profetas”
para se referir aos livros do Antigo Testamento. O evangelista apresenta essa controvérsia
de Jesus para relembrar aos membros de sua comunidade que a ética cristã não deve
estar fundamentada em uma complicada lista de preceitos, mas no amor a Seus e aos
nossos irmãos e sem separar os “dois amores”, pois ambos se implicam e se relacionam
mutuamente. Quem ama somente a Deus não se salvará. A salvação passa pelos dois
amores, a Deus e aos irmãos, particularmente aqueles que são pedras em nosso sapato,
aqueles que nos perseguem, aqueles que nos caluniam, aqueles que se julgam mais santos
do que nós, aqueles que usam da maldade e da perversidade para “enquadrar” segundo
os seus preconceitos as pessoas. Quem não ama o seu irmão, seja quem quer que seja,
não pode comungar e muito menos celebrar a missa. Essa é a sentença de Deus: AMAR
A DEUS SOBRE TODAS AS COISAS E AO PRÓXIMO COMO A TI MESMO. Ele não disse ao próximo
que eu amo, mas a todos os próximos, até aos inimigos! Só é verdadeiramente católico
quem vive os dois amores inseparáveis: AMAR A DEUS E AO PRÓXIMO! O resto é vaidade
das vaidades, tudo vaidade! Padre Wagner Augusto Portugal Vigário Judicial da
Diocese da Campanha(MG)