Juiz de Fora, (RV) - A pergunta do fariseu estava cheia de más intenções. Para
eles, todos os mandamentos eram igualmente importantes e deveriam ser cumpridos com
o mesmo rigor.
Aquele fariseu, ao perguntar a Jesus qual era o mandamento mais
importante, desejava colocá-lo em dificuldades. No entanto, Jesus não teve medo e
respondeu com clareza. Tudo está resumido em dois mandamentos: amar a Deus e ao próximo.
Nada mais é necessário. Todas as demais normas dependem desses dois mandamentos maiores.
E foi isso que ouviram, surpresos os fariseus e o que nós hoje devemos ter bem presente.
Todos os nossos deveres como cristãos estão resumidos nesses dois mandamentos: amar
a Deus e aos irmãos.
São dois mandamentos que estão ligados entre si. Não são
duas normas separadas e independentes. Em outras palavras, um é condição para o outro.
O segundo é condição para o primeiro. Apenas aquele que ama seus irmãos ama a Deus:
e aquele que não ama seus irmãos não ama a Deus, por mais que vá à missa ou reze muitas
orações, ou leia diversas vezes a Bíblia. Portanto, os dois mandamentos andam bem
juntos e não podem ser separados.
O passo seguinte é aplicar esses mandamentos,
sobretudo o segundo, o do amor aos irmãos, à nossa vida prática e diária, às relações
com nossos irmãos, com a nossa família, com os amigos e com os companheiros de trabalho.
O
texto de Êxodo 22,20-26 nos ajuda a fazer isto. Nele é dito que Deus deseja que cuidemos
de maneira especial dos estrangeiros, dos órfãos, das viúvas, dos pobres e daqueles
que nada têm para se cobrir. O texto termina com a afirmação de que, quando o pobre
clamar a Deus, “eu o ouvirei porque sou compassivo”. Quer dizer, amar aos irmãos implica
ter um especial cuidado com as suas necessidades, principalmente a dos mais pobres,
dos mais fracos, dos indefesos. Atendê-los, servi-los, devolver-lhes sua dignidade,
respeitá-los, acompanhá-los: tudo isso é amar aos irmãos. Só quem assim procede –
ou ao menos procura seriamente fazê-lo – pode dizer que ama a Deus.
Dom Eurico
dos Santos Veloso Arcebispo Emérito de Juiz de Fora - MG