Com os pés na terra, mas dinamizado para o alto: da Igreja recebemos raízes e asas.
Bento XVI aos bispos australianos
“Da Igreja, nossa Mãe, nós recebemos raízes e asas” – a fé dos Apóstolos e a graça
do Espírito Santo”: sugestiva afirmação de Bento XVI, dirigindo-se especialmente aos
bispos e fiéis australianos, ao inaugurar, nesta quarta-feira à tarde, em Roma, a
“Domus Austrália”, Centro de acolhimento para os peregrinos australianos que vêm à
Cidade Eterna. O Papa Ratzinger comentava uma expressão do poeta alemão Goethe, para
o qual raízes e asas é o que os pais deveriam assegurar aos filhos…
“Da nossa
santa Mãe, a Igreja, também nós recebemos raízes e asas: a fé dos Apóstolos, transmitida
de geração em geração, e a graça do Espírito Santo, assegurada através dos sacramentos
da Igreja. Os peregrinos que vêm a esta Cidade regressam às suas terras renovados
e revigorados na fé, e como que renascidos graças ao Espírito Santo no seu caminho
para a casa celeste”.
Bento XVI recordou o sentido da “longa tradição da Igreja
de peregrinar aos lugares santos”: “recordar-nos que nos encontramos a caminho do
céu” e “concentrar o nosso espírito na chamada à santidade, reforçando a nossa proximidade
ao Senhor e fortalecendo-nos com o alimento espiritual de que precisamos para esta
viagem”.
“Muitas gerações de peregrinos empreenderam o caminho de Roma, de
todas as partes do mundo, para venerar os túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo, aprofundando
aí a sua comunhão com a única Igreja de Cristo, alicerçada sobre os Apóstolos. Ao
mesmo tempo, revigoram as raízes da sua fé; e, como sabeis, são as raízes que asseguram
a manutenção da fonte da vitalidade”.
Os Bispos australianos encontram-se
em Roma, desde há uns dez dias, na chamada visita “ad limina Apostolorum” (aos túmulos
dos Apóstolos), contactando os Dicastérios da Cúria Romana e encontrando-se também,
pessoalmente, cada um deles, com o Santo Padre. Visita que culminou nesta quinta-feira
com a audiência papal conjunta, a todos eles. Ocasião para lhes propor algumas linhas
de ação pastoral.
A propósito de novas vocações à vida sacerdotal e religiosa,
o Santo Padre assegurou que “o Espírito Santo não cessa de despertar nos jovens corações
o desejo de santidade e o zelo apostólico”, que carece de ser depois formado e aprofundado
para chegar a uma radical entrega a Jesus Cristo e ao serviço da Igreja. Exemplo de
uma vocação exemplar é, antes de mais para os católicos australianos, Maria MacKillop,
primeira santa da Igreja que está na Austrália, canonizada precisamente há um ano.
“Ela é um exemplo de santidade e dedicação para os australianos e para a
Igreja através do mundo, especialmente para as religiosas e para todos os trabalham
no campo da educação dos jovens”.
“Em circunstâncias muitas vezes difíceis
(prosseguiu o Papa), Santa Maria (MacKillop) permaneceu inabalável, amorosa mãe espiritual
para as mulheres e crianças a seu cargo, uma professora inovativa dos jovens e uma
enérgica personagem modelar para todos os carenciados, sobretudo no campo educativo”.
“Maria MacKillop é dentro da Igreja exemplo de abertura aos apelos do Espírito Santo
e de zelo pela salvação das almas que leva muitos outros a seguir os seus passos”.
“A sua fé vigorosa, que se exprimia numa ação dedicada e paciente, foi um
grande dom para a Austrália; a sua vida de santidade foi um maravilhoso dom da vossa
pátria à Igreja e ao mundo.”