Roma
(RV) – O combate a fome no Chifre da África está no centro dos debates da reunião
anual do Comitê para a Segurança Alimentar Mundial, na FAO, em Roma. As decisões que
forem tomadas durante esta semana vão ser decisivas para as próximas medidas a serem
aplicadas na região onde 30 milhões de pessoas sofrem as consequências da seca prolongada.
A volatilidade dos preços dos alimentos é uma das maiores preocupações das
três agências da ONU voltadas à agricultura baseadas em Roma. Preços voláteis são
uma ameaça para os países mais pobres, dependentes das importações. Comprometem a
produção local e a continuidade do trabalho dos agricultores. Sobre o papel das mulheres
na agricultura, a ex-presidente do Chile e diretora agência das Nações Unidas para
as Mulheres, Michelle Bachelet disse que é fundamental oferecer às mulheres oportunidades
iguais.
”Se formos até alguns países africanos, veremos que a maioria dos agricultores
são mulheres. Os homens foram às cidades em busca de trabalho e deixaram que as mulheres
tocassem a produção. Em alguns países da África, as mulheres são responsáveis por
70% da produção, no mundo, a força de trabalho feminino representa 46%. Contudo, elas
têm terras menores que a dos homens e menos acesso a recursos como sementes e fertilizantes
para ajudar a produzir o máximo em suas terras”, relevou Bachelet.
O exemplo
brasileiro de combate à fome foi citado como modelo a ser seguido para atingir a Meta
do Milênio número um: reduzir a fome no mundo pela metade até 2015. Um dos representantes
permanentes de Moçambique na FAO, ministro Mário Saraiva, fala que a visita oficial
da Presidente Dilma Rousseff a Maputo, a partir desta quarta-feira, deve estreitar
ainda mais os laços entre Brasil e Moçambique, principalmente para o desenvolvimento
da agricultura.
“A cooperação com o Brasil no campo específico da agricultura
poderá ser outra. Se olharmos para o que foi o Brasil 25 anos atrás, quando realmente
os problemas da agricultura eram complexos, hoje já deixou de ser um problema apesar
de ser um país enorme. O Brasil tem sabido lidar com a agricultura e é por isso que
nós precisamos da experiência do Brasil no campo da agricultura. Quando falamos disso,
falamos da questão da terra, que é complexa. E este é um assunto que vamos discutir
nesta conferência e é um debate que não vai se esgotar porque é uma questão delicada
para muitos países e, de fato, deveremos fazer uma reflexão por muito tempo”, adiantou
Saraiva.
Brasil - África
A Presidente Dilma Rousseff desembarcou
na noite desta terça-feira em Maputo, onde hoje terá reunião com o presidente Armando
Guebuza e encontro com investidores brasileiros. Moçambique é hoje um dos maiores
beneficiários da cooperação brasileira, diz o Itamaraty em nota. Nos últimos anos,
os investimentos brasileiros no país cresceram de modo expressivo, com destaque para
o projeto da Vale.
A mineradora recebeu concessão para explorar jazida de
carvão mineral em Moatize, no norte de Moçambique, um investimento estimado em US$
4,5 bilhões e produção máxima calculada em 25 milhões de toneladas de carvão por ano.
O projeto envolve ainda investimentos paralelos em infra-estrutura e em outros subprodutos,
que poderão atingir US$ 8 bilhões.
Outros investimentos brasileiros incluem
os setores de energia, infra-estrutura portuária e aeroportuária, petróleo, papel
e celulose. Em 2009, o BNDES aprovou linha de crédito no valor de US$ 300 milhões
destinada aos investimentos em Moçambique. O comércio bilateral atingiu, no ano passado,
US$ 42 milhões.