2011-10-18 12:58:14

Belo Monte: Para Dom Erwin, suspensão é 'vitória parcial'


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Altamira (RV) - A Justiça adiou a decisão sobre construção da usina de Belo Monte. O tribunal deve analisar o recurso do Ministério Público Federal no Pará contra o decreto de 2005 do Congresso Nacional que autoriza a construção da usina. Os procuradores apontam que a pressa na aprovação da medida teria impedido consultas obrigatórias às comunidades indígenas atingidas pela obra.

Depois de concluída, a usina de Belo Monte será a segunda maior hidrelétrica do país, atrás somente da binacional Itaipu, e a terceira maior do mundo.

A hidrelétrica ocupará parte da área de cinco municípios: Altamira, Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu, ao longo de 100 quilômetros do Rio Xingu. Em entrevista exclusiva à RV, o bispo prelado do Xingu, Dom Erwin Krrautler, expressa a sua surpresa com satisfação, mas certo ceticismo:

“Primeiramente, quero dizer que fiquei muito surpreendido. Estava voltando da Transamazônica, em visita pastoral, e à noite fui informado de que a obra, o projeto Belo Monte, havia sido praticamente paralisada. Temos que explicitar um pouco melhor o porquê de o juiz ter decretado a paralisação de qualquer obra no rio, no leito do rio, mas não suspender a construção da infra-estrutura, como por exemplo, as casas para os funcionários, para os operários, nem as estradas de acesso à futura obra.

Aí a coisa está meio duvidosa: é muito difícil dizer o que vai acontecer. O interessante é que o IBAMA deu licença para comercializar os peixes ornamentais. E o mesmo IBAMA liberou o rio para esta obra. Ora, se você libera o rio para a obra, a outra licença para a comercialização de peixes ornamentais é furada. Não tem condição porque os peixes serão extintos, não tem jeito. Então para nós, é claro, eu diria, é uma vitória parcial, mas por outro lado, me questiono sobre o que vai acontecer. Por um lado, dizemos que não se pode mexer com o rio, enquanto por outro, cria-se toda uma infra-estrutura para que se mexa com o rio. Há uma contradição. Mas mesmo assim, é um ponto importante em nossa luta, porque o juiz decretou esta liminar, e pode haver outras liminares”.

Altamira é a mais desenvolvida dessas cidades e tem a maior população, quase 100 mil habitantes, segundo o IBGE. Os demais municípios têm entre 10 mil e 20 mil habitantes.

Belo Monte custará pelo menos R$ 25 bilhões, segundo a Norte Energia. Há estimativas de que o custo chegue a R$ 30 bilhões.

Apesar de ter capacidade para gerar 11,2 mil MW de energia, Belo Monte não deve operar com essa potência. Segundo o governo, a potência máxima só pode ser obtida em tempo de cheia. Na seca, a geração pode ficar abaixo de mil MW. Para críticos da obra, o custo-benefício não compensa. O Governo contesta e afirma que a energia a ser gerada é fundamental para o país.
(CM)









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